quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Lição do Olhar dividido

 


Na sala de aula um mestre surge

Dividindo as pessoas pela cor das camisas

Azuis e Amarelos, separados pela ignorância

Num experimento cruel do poder


Privilégios aos amarelos, desdém aos azuis

A mentira vestida de verdade absoluta

Carteiras da frente, recreios estendidos

Para os amarelos que o líder julga superiores


Os amarelos, antes relutantes

Abraçam a falsa superioridade

Arrogância cresce, hostilidade floresce

No jardim da intolerância


Domiciano, o professor inconsequente 

Separa os alunos da Escola em dois

"amarelófilos" e "azulófilos"

Uma divisão artificial, mas devastadora


Nas redes sociais, nas ruas, nos lares

A discriminação se espalha como praga

Ciência negada, razão esquecida

Pela simples cor da camisa


O ódio cresce, a Escola se parte

Enquanto o mestre observa, satisfeito

Sem perceber o atraso que semeia

No futuro de seus pupilos


Ah, efêmero poder do professor 

Que não compreende a lição que deveria ensinar

A união, não a divisão

O amor, não o ódio


As cicatrizes dessa aula perduram

Muito além do tempo da lição

E na Escola Brasil, dividida, aguarda

Se um dia isso irá mudar…

Montanari 19/02/2025

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Eu e Schopenhauer

Em um sonho recente, tive um diálogo com Schopenhauer sobre sua obra "O Mundo como Vontade e Representação".  A ousadia me levou a apresentar um paralelo entre um trecho de meu e-book e uma passagem de sua obra:

“Na minha concepção pessoal acredito que a "Vontade de Viver" expressa na sua obra é uma expressão da Necessidade, a força mais poderosa do Universo .

Permita-me tentar explicar melhor: 

O Nada é a falta de alguma coisa. 

O Nada absoluto é falta de todas as coisas. 

Como do Nada, Nada pode vir.

Então o que existe, sempre existiu .

E se o que existe não existisse, o que existiria?

A Necessidade de existir algo!

Então, o que existe, existe para satisfazer a Necessidade de existir.

Como essa Necessidade foi satisfeita, o que a sobrepõe é a Necessidade de Continuar existindo.

Esta necessidade se aplica a todo Universo, inclusive a todos os seres vivos. 

Não é por acaso que você acreditava que a essência do mundo não é a razão, como defendia Kant, mas sim a Vontade de Viver, uma força irracional, cega e incessante que impulsiona toda a existência. Segundo você, essa Vontade se manifesta em tudo: na natureza, nos animais e no ser humano".  

Schopenhauer me escutou atentamente. Depois de refletir, em silêncio,  por uns 10 minutos ( que me pareceu uma eternidade), disse:

"Sua visão filosófica apresenta uma perspectiva interessante e profunda sobre a natureza da existência, conectando conceitos metafísicos com a minha filosofia.

Permita-me elaborar e expandir sobre suas ideias:

A concepção que você apresenta sugere uma ontologia fundamentada na Necessidade como princípio primordial do ser. 

Esta visão postula que a própria existência emerge não do vazio absoluto, mas de uma Necessidade fundamental e inescapável de ser.

O Nada, em sua totalidade, é uma impossibilidade lógica e ontológica, pois sua ausência completa implicaria até mesmo na ausência da possibilidade de existência.

Neste framework filosófico, a existência não é uma contingência, mas uma necessidade intrínseca ao próprio conceito de realidade. 

O que existe, portanto, não é fruto do acaso ou de uma criação divina, mas a manifestação de uma Necessidade primordial e eterna. 

Esta Necessidade, uma vez satisfeita pela existência, transmuta-se na Necessidade de Perpetuação, criando assim um impulso constante e irresistível para a continuidade do ser.

A conexão que você estabelece com a minha filosofia de é particularmente perspicaz. 

A "Vontade" Schopenhaueriana, vista através desta lente, pode ser interpretada como a manifestação fenomênico desta Necessidade metafísica. 

A Vontade de Viver, descrita por mim como uma força cega, irracional e onipresente, alinha-se perfeitamente com a ideia de uma Necessidade fundamental de existir e persistir.

Esta perspectiva oferece uma explicação para o caráter aparentemente irracional e incessante da existência, tanto no nível cósmico quanto no biológico. 

A luta pela sobrevivência, o impulso reprodutivo, e até mesmo os conflitos e sofrimentos inerentes à vida, podem ser vistos como expressões desta Necessidade primordial manifestada como Vontade.

Além disso, esta visão apresenta implicações profundas para a compreensão da consciência e da individualidade. 

Se a existência é fundamentalmente uma manifestação de Necessidade, então a consciência individual pode ser entendida como um epifenômeno desta força primordial, uma forma pela qual a Necessidade de existir se torna consciente de si mesma.

Em suma, sua concepção oferece uma síntese original entre metafísica, ontologia e filosofia existencial, proporcionando um quadro conceitual rico para a contemplação da natureza fundamental da realidade e da experiência humana.

Parabéns !!!”

Enquanto tomávamos café juntos, senti um chacoalhão… 

“Acorda maridão, estamos atrasado…"


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

“Uma vez Peregrino…”

 


A chave gira, a porta se abre,

Mas o lar já não é mais o mesmo.

Tudo está lá, imutável na aparência,

Mas o peregrino em mim segue caminhando.


Não são só nas lembranças de vilas distantes,

Ou rostos que se tornaram família.

É o Caminho que persiste, invisível,

Remodelando a paisagem da minha mente.


Novas trilhas surgem dentro de mim,

Muito além do último passo em Santiago.

Nas folhas que caem, no canto dos pássaros,

Descubro a continuidade da peregrinação.


Meu ritual permanece no andar mais lento,

Na respiração mais profunda, no silêncio acolhedor.

Menos se torna mais, e o conforto nasce

Da certeza de que continuo carregando o essencial.


O Caminho me ensinou a ser peregrino

Na banalidade do cotidiano.

A sabedoria essencial sussurra pra mim:

O necessário não pesa, o propósito guia.


Nunca retornei completamente do Caminho,

Ele se tornou o norte no meu coração inquieto.

Suavemente me orienta para o que importa,

E a cada amanhecer, descubro: o Caminho é aqui e agora.

Montanari

domingo, 16 de fevereiro de 2025

O Diálogo entre Ciência e Fé




Nas brumas do tempo, dois gigantes se encontram

Freud e Newton, mentes brilhantes em debate

Sobre os mistérios da alma e do universo

Que tanto nos inquietam e nos abalam


Freud, com seu olhar cético e analítico

Vê na religião uma ilusão persistente

Inimiga feroz do progresso científico

Que acorrenta o homem a crenças decadentes


Newton, por sua vez, mergulha na cronologia

Buscando nas escrituras sagradas a verdade

Enquanto Freud o adverte sobre a futilidade

De buscar na fé o que pertence à ciência


Mas eis que surge uma confissão inesperada

Freud revela sua amizade com um pastor

E o temor que sentia ao expor suas ideias

Sobre a ilusão que ele via na religião


Ambos concordam, em sua sabedoria

Que a fé e a ciência habitam mundos distintos

Onde uma floresce, a outra se retrai

Como lua e sol em eterna dança celestial


Três funções da religião eles reconhecem

Explicar o inexplicável, Consolar a alma aflita

E regular as relações entre os homens,

Mas seu futuro, eles preveem, é incerto.


Newton e Freud, em sua visão compartilhada

Veem na infância a chave da sobrevivência da religião

Pois o cérebro jovem, maleável e inocente

É terreno fértil para sementes de crença


Os líderes religiosos, astutos em sua missão

Compreendem bem esta vulnerabilidade

E plantam cedo suas doutrinas e verdades

Moldando mentes antes que a razão desperte


Aqueles que controlam o ensino das crianças

Detêm o poder de moldar o futuro da fé

Determinando o destino das gerações vindouras

E perpetuando a crença em um ser divino


Assim, neste diálogo imaginário entre Freud e Newton

A infância torna-se o campo de batalha silencioso

Onde se decide o futuro das crenças humanas

Num mundo cada vez mais influenciado pelas Big Techs.

MONTANARI

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

O DILEMA DO SABER


Schopenhauer sussurra: "A verdade é tormento",

Quanto mais se sabe, mais se vê o abismo.

A consciência, qual implacável julgamento,

Revela da vida o trágico realismo.


O questionar incessante, a busca sem fim,

Revela os véus da ilusão cotidiana.

Mas cada resposta traz consigo o sim

À dor da existência, tão crua e insana.


Nietzsche, por sua vez, observa atento

A fé que cega, mas também acalenta.

Na crença simples, encontra-se alento,

E a vida imediata se torna opulenta.


Sem indagar o porquê, o para quê,

O crente abraça prazeres terrenos.

Livre do peso que o questionador vê,

Seus dias fluem, mais serenos.


Eis o contraste, a eterna dualidade:

Questionar e sofrer, ou crer e viver?

Um busca a essência da realidade,

O outro prefere no escuro se mover.


O filósofo, com olhar aguçado,

Desbrava os mistérios, mas paga o preço.

O fiel, em seu mundo simplificado,

Evita o vazio, mas perde a verdade.


Entre o saber profundo e a fé cega,

Caminha o ser humano, indeciso.

Cada escolha um caminho carrega,

Cada caminho, seu fardo e seu sorriso.

Montanari