Schopenhauer sussurra: "A verdade é tormento",
Quanto mais se sabe, mais se vê o abismo.
A consciência, qual implacável julgamento,
Revela da vida o trágico realismo.
O questionar incessante, a busca sem fim,
Revela os véus da ilusão cotidiana.
Mas cada resposta traz consigo o sim
À dor da existência, tão crua e insana.
Nietzsche, por sua vez, observa atento
A fé que cega, mas também acalenta.
Na crença simples, encontra-se alento,
E a vida imediata se torna opulenta.
Sem indagar o porquê, o para quê,
O crente abraça prazeres terrenos.
Livre do peso que o questionador vê,
Seus dias fluem, mais serenos.
Eis o contraste, a eterna dualidade:
Questionar e sofrer, ou crer e viver?
Um busca a essência da realidade,
O outro prefere no escuro se mover.
O filósofo, com olhar aguçado,
Desbrava os mistérios, mas paga o preço.
O fiel, em seu mundo simplificado,
Evita o vazio, mas perde a verdade.
Entre o saber profundo e a fé cega,
Caminha o ser humano, indeciso.
Cada escolha um caminho carrega,
Cada caminho, seu fardo e seu sorriso.
Montanari