Quem faz menos do que pode, está roubando?
Walter está de volta aos States. O trio, filhos de Bias e da cerveja, virou novamente uma dupla.
Fernando pega uma faca com a mão direita e ergue seu copo, quase cheio, com a mão esquerda. Se levanta desajeitadamente arrastando a cadeira de madeira da nossa querida e sempre lotada pizzaria. Diz em voz teatral, batendo insistentemente no copo para chamar atenção: “Proponho um brinde”. Silêncio. Alguns risos de espanto e sua voz ecoa alto: Proponho um brinde ao Brasil. Este país de ladrões!”.
Após a eternidade de 2 segundos de paralisia e silêncio, a pizzaria volta ao normal, o movimento, o tintilar de talheres e a sinfonia de vozes e risos...
“Que foi isto?” Pergunto, puxando Fernando de volta ao seu lugar.
“Um brinde. Ficou claro que Gandhi errou. Quem não faz o que deve, é quem rouba. Então este é um país de ladrões. Acabamos de discutir como temos tantos gerentes, diretores, reitores, assessores e principalmente políticos gastam tempo e energia se articulando, se promovendo, fazendo conluio e intrigas, em vez de construir o diálogo, de escutar, de alinhar as pessoas em torno de um objetivo comum. Liderar é servir. Quanta falta de visão... Nossa visão de mundo determina nossas ações no presente e nosso destino no futuro.”
“Coragem. Brindo com você, porque sei e vivo o que fala. Tim-tim”.
“Lembra do último sábado? ‘Carrego comigo todos os meus bens . Nossos bens são nossos pensamentos, nossas emoções e principalmente, nossos valores que, alias ficam cada vez mais valiosos diante de tanta baixaria, vileza, e insignificância metafísica de nossos gestores’ .
Lembrei do meu avô Caetano: “Perdoe e Esqueça. Eles não sabem o que deveriam saber.”
Para meu próprio espanto e vergonha, agora sou eu quem se levanta e grita:
“Um viva pró avô Caetano”. (Quem disse que umas cervejinhas fazem mal...)