Ah, o Paradoxo de Epicuro! Como pesa nos ombros peregrinos
Enquanto caminho por estas terras de Santiago
Um Deus todo-poderoso, todo-sábio, todo-bom
E ainda assim, o mal persiste, implacável
Sinto o peso de cada passo, de cada pedra no caminho
Como sinto o peso desta questão milenar
Se Ele pode, se Ele sabe, se Ele quer eliminar o mal
Por que, por que, ainda sofremos?
Meu amigo Hugo fala de livre-arbítrio
De Deus que nos dá a liberdade de escolher
Mesmo que isso signifique dor e destruição
Um preço alto demais pela nossa autonomia ?
Mas eu olho para o chão sob meus pés
Para as pessoas que cruzam meu caminho
O mal não vem dos céus, grito em silêncio
Nasce da terra, da desigualdade, da própria natureza humana
Ah, como é fácil culpar os deuses!
Como é confortável apontar para o alto
Quando o verdadeiro culpado nos encara no espelho
Quando a resposta está em nossas próprias mãos
Caminho e penso, penso e caminho
O Paradoxo de Epicuro ecoa em cada passo
Não há consenso, não há resposta única
Apenas a certeza de que o debate continua
E eu, peregrino de ideias e de estradas
Sigo em frente, carregando o peso desta questão
O mal existe, sim, mas não nos céus
Está aqui, entre nós, em nós
Que os deuses nos perdoem pela nossa arrogância
De culpá-los por nossas próprias falhas
O verdadeiro enigma não está no divino
Mas no humano, tão humano
E assim, sigo meu Caminho de Santiago
Com o Paradoxo de Epicuro como companheiro silencioso
Buscando não respostas, mas compreensão
Do mal, do bem, e de tudo que há entre eles.
Montanari