domingo, 9 de fevereiro de 2025

CAPÍTULO 9 - PEREGRINAÇAO DE PENSAMENTOS

      9-O julgamento de Deus

SAINT ALBAN SUR LIMAGNOLE A AUMONT ALBRAC

15 de Abril - tempo bom -11 graus - céu azul 


O trecho de 16,6 km entre St Alban a Aumont-Aubrac apresenta paisagens montanhosas e pastagens verdejantes com subidas e descidas consideradas de média dificuldade para a maioria dos caminhantes

Pouco depois da metade do percurso, na Vila de Les Estrets, os peregrinos encontram um ótimo local para almoçar e repousar. Como em todas as paradas, Gabriel parou na capela para agradecer por mais um dia. 



Aumont Aubrac, 1100 habitantes, uma pequena cidade de origem romana, preserva alguns edifícios dos séculos XVI e XVII, mas as principais atrações são igreja Saint-Étienne de 1061 e a estátua La bête du Gévaudan.

Bernardo e Gabriel hospedaram-se no Albergue La Ferme du Barry e foram surpreendidos, no jantar, com o prato típico da região: O Aligot.


 A palavra aligot vem de «aliqu'ot», que a sua vez deriva-se do latim «liquod», que significa «alguma coisa». Trata-se de um purê de batatas mesclado com nata e um tipo de queijo  cremoso chamado Tomme.  


Após o animado jantar que durou quase duas horas, Bernardo e Gabriel se isolaram do grupo para a sessão pingue-pongue.


Pingue-Pongue 15/04 - O Julgamento de Deus 

Bernardo: “Gabriel, na nossa conversa de ontem você tocou num ponto que achei muito importante, principalmente por você ser católico, por você crer em Deus todo poderoso.

Você mencionou que a humanidade (para continuar existindo) necessitaria adotar efetivamente uma abordagem holisticamente equilibrada, que valorize o conhecimento, o desenvolvimento sustentável, promova a igualdade e incentive uma convivência pacífica com o meio ambiente e entre os povos.

O mais importante da sua fala foi que você demonstrou não acreditar que as religiões mudariam para atender esta necessidade.

Eu não concordo com você.

Todos as entidades são compelidas a continuar existindo.

A necessidade de sobrevivência é uma força poderosa. 

O que eu prevejo para um futuro não muito distante: CRISES !

Crise climática cada vez mais grave provando ondas migratórias. Como agravante, aumento do nacionalismo, rejeição ao diferente, conflitos armados, aumento da desigualdade, redução da disponibilidade de alimentos provocado por enchentes em algumas regiões e seca em outras. Um caos social global.

No inicio da crise, um aumento do apego a religiões, uma.busca de apoio na salvação divina, mas com o aumento da gravidade da crise, um abandono das religiões.

Neste momento, iniciará o processo que você disse não acreditar: as religiões, para sobreviver como entidades influenciadoras e controladoras das massas, passarão a adotar novas interpretações, premissas e conceitos para manter fiéis cativos.

As mídias sociais terão um papel relevante de apoio nesse processo. 

O conflito não durará para sempre, um novo rearranjo econômico e político global irá acontecer para sobrevivência da humanidade. 

Mas, isto é outra história, meu ponto é sobre a decadência e a sobrevivência das religiões. Elas mudarão, ao contrário do que você acredita e Deus será julgado ! 

Por falar nisso, você assistiu o filme O Julgamento de Deus baseado na obra de Elie Wiesel ?

Elie Wiesel, premio Nobel da Paz de 1986, um dos mais importantes escritores e pensadores judeus do século XX, dedicou sua vida a dar voz a milhões de vítimas do Holocausto. Em sua obra, "O Julgamento de Deus", Wiesel nos convida a uma profunda reflexão sobre a fé, o sofrimento e a própria existência de Deus diante de tamanha atrocidade. Alguns pontos importantes:

Uma Pergunta Fundamental

A obra de Wiesel, assim como a de muitos sobreviventes dos campos de concentração, gira em torno de uma pergunta que ecoa através dos séculos: Como conciliar a fé em um Deus bondoso e justo com o horror do Holocausto? Diante da morte em massa, da tortura e da desumanização, como manter a crença em um ser superior que tudo vê e tudo pode?

O Julgamento

Em "O Julgamento de Deus", Wiesel não apresenta respostas definitivas, mas sim um convite ao diálogo. Ele nos coloca diante de um tribunal, onde os prisioneiros de um campo de concentração acusam Deus de ter permitido o inimaginável. A obra não é um julgamento no sentido jurídico, mas sim uma profunda indagação sobre a natureza do divino e a relação entre o homem e Deus.

A Fé Fragilizada

Wiesel, através de sua narrativa, explora a fragilização da fé dos sobreviventes. A experiência nos campos de concentração abalou profundamente a crença de parte dos envolvidos na experiência, levando -os a questionar a existência de Deus ou a sua indiferença diante do sofrimento humano. 

Caro Gabriel, como ateu, acredito que tenho um grau de liberdade maior para divagar sobre temas como esse. 

Meu ponto, diante de um cenário de crise de extrema gravidade as entidades religiosas serão compelidas a reagir, redirecionar suas mensagens, e fatalmente irão se adaptar para continuar existindo.

Na jornada pelo Caminho, reside um paradoxo. Para muitos, é uma odisséia que culmina na validação íntima de suas crenças mais arraigadas. O Caminho torna-se, assim, um espelho que reflete aquilo que já se encontra dentro de cada um. 

Contudo, para outros viajantes, esta aventura se revela como um portal para a contemplação profunda, um momento de ruptura que provoca o questionamento das certezas até então inabaláveis. É ali, no silencio da reflexão, germinam novas sementes de pensamento, desafiando a mente a conceber e a estruturar premissas inexploradas sobre a vastidão da existência.


Seja qual for o seu caso. O Caminho sempre ajuda. Vamos dormir”. 

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     Capítulo 9 - do meu ebook PEREGRINAÇÃO DE PENSAMENTOS

                                    

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