terça-feira, 16 de julho de 2024

HOJE, A IGNORÂNCIA NÃO É UMA CASA INABITADA,


"HOJE, A IGNORÂNCIA NÃO É UMA CASA INABITADA, desprovida de ideias, mas uma edificação repleta de baboseiras desarticuladas, uma gosma de densidade pesada que ocupa todos os espaços…

…Os novos ignorantes foram abduzidos por uma argamassa de obscurantismo luminescente que os impede de saber de si, de duvidar do que veem, de repensar o mundo…

…O que temos agora é a ignorância fabricada por algoritmos e por tentáculos de silício. Uma ignorância que ocupa e vicia o hospedeiro…

Ao contrário do pensamento que liberta, a ignorância aprisiona e cega…

…AS NOVAS TECNOLOGIAS ALTERARAM EM DEFINITIVO A TEXTURA DA IGNORÂNCIA. Ela não é mais o que sempre foi, não é mais uma cabeça oca, e já não decorre da escassez de informação e de conhecimento. NA ERA DIGITAL, ELA DECORRE DO INVERSO: 

O EXCESSO DE DESINFORMAÇÃO, DE BUGIGANGAS DO ENTRETENIMENTO, DE QUINQUILHARIAS IMAGINÁRIAS E DE FANATISMOS VIRTUAIS."


Baseado no texto do prof. Eugênio Bucci


quarta-feira, 3 de julho de 2024

SEXALESCÊNCIA, HOMENS E MULHERES NASCIDOS ENTRE 1942 E 1962 - SEM PLANOS DE ENVELHECER.

 SEXALESCÊNCIA,  HOMENS E MULHERES NASCIDOS ENTRE 1942 E 1962 - SEM PLANOS DE ENVELHECER.



Circula nas redes sociais um artigo do DR. MANUEL POSSO ZUMÁRRAGA do qual surge um novo termo, a SEXALESCÊNCIA, para identificar um grupo de adultos com 60 anos ou mais. Descreve homens e mulheres que gerenciam as novas tecnologias, modernos, progressistas, ansiosos por desfrutar da vida, aprender, colaborar com a sociedade, viajar, conhecer novas pessoas e possuir seu destino, abdicando da identificação como idosos.

É UMA GERAÇÃO QUE EXPULSOU DA LÍNGUA AS PALAVRAS "SEXA, HEPTA OU OCTOGENÁRIO", 

PORQUE SIMPLESMENTE NÃO TEM ENTRE OS SEUS PLANOS ATUAIS A POSSIBILIDADE DE ENVELHECER. 

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica semelhante à aparição, na altura, da “adolescência”, que também foi uma nova faixa social que surgiu em meados do século XX.

Este novo grupo humano que hoje ronda os 60, 70 ou 80, levou uma vida razoavelmente satisfatória. São homens e mulheres independentes que trabalham há muito tempo e conseguiram mudar o significado assustador que tanta literatura deu ao conceito de trabalho durante décadas.

LONGE DOS ESCRITÓRIOS E CONSULTÓRIOS DE QUATRO PAREDES, MUITOS DELES PROCURARAM E ENCONTRARAM HÁ MUITO A ATIVIDADE QUE MAIS GOSTAVA e ganham a vida com isso.

Deve ser por isso que eles se sentem plenos; alguns nem sonham em se aposentar. AQUELES QUE JÁ SE APOSENTARAM DESFRUTAM PLENAMENTE DE CADA UM DOS SEUS DIAS SEM MEDO DO LAZER OU DA SOLIDÃO. Aproveitem o lazer, porque depois de anos de trabalho, educação de filhos, carências, revelos e acontecimentos fortuitos, vale bem olhar o mar com a mente vazia.

A mulher sexalescente por exemplo, conseguiu sobreviver ao desejo de poder que lhe deu o feminismo dos anos 60 e pôde parar para refletir o que realmente queria. Algumas foram morar sozinhas, outras estudaram carreiras que sempre foram masculinas, algumas estudaram uma carreira universitária juntamente com a dos filhos, outras escolheram ter filhos cedo, foram jornalistas, atletas ou criaram o seu próprio “eu”.

Mas algumas coisas já podem ser dadas como conhecidas, por exemplo, que não são pessoas detidas no tempo; pessoas de "sessenta, setenta ou oitenta", homens e mulheres, manipulam o computador como se tivessem feito toda a vida. Escrevem-se, e veem-se, com os filhos que estão longe e até esquecem do telefone antigo para contatar os amigos. Geralmente estão satisfeitos com o seu estado civil e se não estiverem, não se preocupam em mudá-lo.

Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e ponderam todos os riscos. Ninguém começa a chorar quando perde: apenas reflete, toma nota, cultivam o seu próprio estilo... Eles não invejam a aparência de jovens astros do esporte, nem elas sonham em ter a figura de uma vedete. Em vez disso, eles sabem da importância de um olhar cúmplice, de uma frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência. Hoje os sexalescentes, como é seu costume, estão estreando uma idade que ainda NÃO TEM NOME, antes os dessa idade eram velhos, hoje estão plenos fisicamente e intelectualmente, lembram-se da juventude, mas com saudade benéfica e eles sabem disso.

Pessoas de 60, 70 e 80 anos hoje celebram o Sol todas as manhãs e sorriem para si mesmas com muita frequência... fazem planos com a própria vida, não com a vida dos outros.


segunda-feira, 17 de junho de 2024

Aborto é Crime !!!

 Palavra dos Patriotas !



quinta-feira, 6 de junho de 2024

A Mutação do Coronavírus - sinal da não existência de Deus"

EBOOK GRATUITO NA AMAZON.COM.BR DE 08/06 A 11/06/2024 

“A Mutação do Coronavírus - sinal da não existência de Deus" não é para todo leitor. 

Este ebook foi concebido para livres pensadores.
“Livres pensadores… estão dispostos a usar suas mentes sem preconceito e sem temer entender coisas que colidem com seus próprios costumes, privilégios ou crenças. Esse estado de espírito não é comum, mas é essencial para o pensamento correto. ”- Leo Tolstoy
Como disse, Gaston Bachelard: "Nada é fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha”.
O texto do ebook é simples e direto. Não tem como objetivo mudar a convicção de ninguém, mas provocar reflexão sobre a nossa existência. 
Já vivi o bastante para saber que Carl Sagan estava certo quando disse: “Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.” 
Em suma, este ebook foi escrito para aqueles que estão dispostos a usar suas mentes sem preconceito e sem o temor de REFLETIR sobre temas que contrariam suas próprias premissas e crenças.
Vale a pena ler.




sexta-feira, 18 de agosto de 2023

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Quadros na Parede

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Entre reis e plebeus,

Entre ditadores e seus admiradores,

Entre pastores e seus seguidores,

Entre eleitos e eleitores,

a desigualdade se alastra.

Poder como motivação, 

Privilégios como recompensa.

Desigualdade, a ferida que não ter cura.


Quadros na parede 

Riqueza ostentada 

Possuída por poucos

Admirada por muitos.

Não somos todos iguais 

Triste verdade.

Aos pobres, resta o reino dos céus.

Aos privilegiados, os prazeres terrenos.

Triste cenário de contrastes e dor.

Tudo noticiado, em cores, na TV…


Alguns acumulam riqueza 

Outros clamam por ajuda do Estado.

Populações são silenciadas por ditadores que perpetuam o mando.

Eleitores ingênuos se deixam enganar por fake news.

Fiéis adquirirem produtos “milagrosos” para a cura de doenças ou para conquistar o reino dos céus.


De qualquer forma os quadros na parede são lindos.

O que representam?

Quadros na parede!

Qualquer interpretação é devaneio…


Local da foto: 

Salão do Cavaleiro no Castelo de Weikersheim, Alemanha

Texto: Montanari, Quadros na parede.

quinta-feira, 16 de março de 2023

A ilusão da realidade; o real pode não ser bem aquilo que você pensa

 Neste artigo, o jornalista Rubens Macouff reflete sobre as certezas que as pessoas possuem e a percepção que elas tem da realidade vivida.


Redação Jornal Cidade Publicado em 16 abr, 2021

Rubens Macouff




Na versão judaico-cristã da história da criação do mundo, Adão e Eva estão em um jardim e uma serpente convence a moça, que em seguida convence seu parceiro a comer do fruto do conhecimento que Deus os havia proibido de provar. Você se lembra qual foi o primeiro sentimento que eles tiveram quando comeram do fruto do conhecimento?


Orgulho, alegria, excitação? Não. Sentiram vergonha. Vergonha da própria nudez. O mundo que vivemos depende da nossa interpretação, do chamado processo de significação, que por sua vez é feito com base no conhecimento que temos. Quanto menos conhecimento se tem, mais fácil é fazer uma interpretação. Sem muitas varáveis, é fácil ter certeza. É preto no branco.

Segundo a história bíblica, Adão e Eva estavam nus antes de comerem do fruto, mas só sentiram constrangimento por isso, após adquirirem um pouco mais de conhecimento. Note que a realidade em si não mudou. O que mudou foi a percepção que eles dois tinham sobre a realidade após adquirirem mais conhecimento. Certezas são mais confortáveis do que incertezas, não há dúvida disso. O problema é que quando adquirimos uma certeza, paramos de fazer perguntas e são justamente as perguntas, e não as respostas, que fazem a nossa sociedade avançar e nos fazem crescer como pessoas.

No fim das contas, as certezas servem como um refúgio.


Foto: A Queda do Homem, Ticiano, 1550. Foto: Portal Rubens Macouff/ Reprodução

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

O Caminho

 


Caminhar sem os pés da imaginação

É estar parado enquanto se anda,

É estar morto enquanto se vive.


Caminhar com os pés da imaginação 


É viver num futuro presente,


É reviver um passado ausente.


Pobres daqueles que não caminham…


Eu caminho para sentir,


Sentir os sons, as cores, os movimentos


Os suores, a beleza da estrada em que vivo.


Montanari - Agosto/2022


terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Valor do amanhã

 Eu fui uma criança frágil.



A lembrança mais recorrente da minha infância é ficar doente, de cama, boa parte de minhas férias escolares.

A imagem mais recorrente da minha infância é eu no quarto, adoentado, olhando meus irmão e amigos pela janela jogando futebol no campinho em frente de casa…

…Pagando o preço por ter ficado mais tempo do que deveria na garoa ou frio ou suando no calor jogando bola ou  brincando ao ar livre.

Aos 10 anos, eu já tinha criado um lema para me guiaria o resto de minha vida: “todo excesso será castigado”.

Se eu abusava do meu limite… cama, febre, injeções…

Aprendi desde cedo que o desejado nem sempre é desejável.

Aprendi desde cedo, a duras penas, que “a conta sempre vem”.

Pela dor e tristeza aprendi muito cedo o alto custo que eu pagava por preferir o imediato, sem pensar no amanhã.

Acho que valeu a pena ter descoberto isto muito antes da minha adolescência…

Fazendo uma retrospectiva vejo o alto preço que meus amigos de infância pagaram por ter desfrutado e consumido o futuro antecipadamente… 

A conta sempre vem, e com juros…

Por que estou escrevendo isto?

Dois motivos: 

1-Acabo de ler a seguinte frase de Epicuro:

“É preferível suportar algumas dores determinadas a fim de gozar de prazeres maiores; convém privar-se de alguns prazeres determinados a fim de não sofrer dores mais penosas”.

2-Pelos noticiários vejo o preço que o Brasil está pagando e pagará por Bolsonaro e equipe  não aceitar o que aprendi muito cedo: “Todo excesso será castigado. A conta sempre vem, e com juros”.


É claro, que com 70 anos, estou numa fase da vida que poupar o presente não garante benefícios utilizáveis no futuro. 

Chega uma fase da nossa vida que começamos a pensar como James Dean: 

“Sonhe como se for viver para sempre; viva como se fosse morrer amanhã”. 

Nesta fase a vida, de um sonhador e deslumbrado como eu, é uma sucessão de dias e momentos isolados que devem ser vividos com a máxima alegria e prazer que as limitações naturais permitem…

…Quero continuar viajando, caminhando e ouvindo minhas música…

Perdi amigos que preencheram o seu tempo na 3a idade (ou vazio interior?) trabalhando… Um em particular, um mês antes de morrer, disse que queria conversar comigo para eu dar algumas dicas sobre uma viagem a Europa que pretendia fazer… não teve tempo para nossa conversa…

Como poderia ter dito Guimarães Rosa: 

Vivemos sem saber o que é realmente importante para nós…


segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Futuro

  O Futuro será bem diferente de hoje, isto é inquestionável.



Me pergunto, como será diferente e como nós podemos influenciá-lo?

Sei que tudo o que acontece hoje está moldando o amanhã, por isso, quando me questiono sobre o Futuro duas palavras me vêm a mente: volátil e preocupante.

Por que?

Porque o Futuro está acontecendo agora, a cada instante, e segundo o "Butterfly Effect" qualquer mudança nas condições iniciais pode criar mudanças dramáticas no futuro.

Os sinais de disruptura são cada vez mais evidentes: 

Bolsonaristas fanáticos rezando em frente aos quartéis, adolescentes desvairados disparando contra alunos nas escolas, crescente número de adoradores do nazismo, fanáticos religiosos feminicidas em pleno século XXI, líderes mundiais ameaçando o planeta com armas nucleares, efeitos das mudanças climáticas sendo ignorados por grande parte da população, a cada 4 segundos uma pessoa morre de fome no mundo, aumento da desigualdade social e distribuição da riqueza, devastação da natureza…

O Futuro está sendo construído hoje!

E daí? (Como alguém desprezível diria).

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

TÁ TODO MUNDO LOUCO?

 TÁ TODO MUNDO LOUCO?

EXCELENTE TEXTO DO PROF. SÉRGIO FREIRE



Sou psicólogo e linguista, com formação em Análise de Discurso. Por essa condição sou constantemente perguntado sobre alguma explicação plausível para o comportamento assustador desses grupos de pessoas que hoje acampam na frente de quartéis, sem aceitar o resultado das eleições, com condutas que, de fora, parecem loucura. Penso que podemos buscar explicações a partir de vários vieses. Mas vamos fazer o recorte a partir desses dois lugares a partir dos quais me sinto confortável para falar: psicologia e linguagem.

Como muita gente já apontou, muitos dos comportamentos de grupo que vemos no pessoal com a camisa do Brasil podem ser explicados a partir do que Freud apresenta em “Psicologia das massas e análise do eu”, de 1921. Nele, Freud afirma que na massa, o indivíduo tem sua afetividade intensificada, sua capacidade intelectual diminuída e suas inibições instintivas próprias suprimidas. O indivíduo se acha ligado ao líder – e aqui a eleição de Bolsonaro ajudou a organizar essa trupe – e aos outros indivíduos por uma energia libidinal. Para se ligar a outros, diz Freud, é preciso se desligar de si.

Na formação da massa, os indivíduos agem como se fossem homogêneos, pois na massa aparecem restrições ao amor-próprio narcisista. Daí a primeira leitura é a de que essa gente parece que saiu de si. “Ele não era assim…”, “Parecem robôs”, “Agem todos da mesma forma!” são constatações comuns.

Se o comportamento do grupo é muito igual, a adesão ao grupo se dá de forma diferente para cada indivíduo que participa do grupo. Sim, há várias motivações para a adesão. Aqui o inconsciente se cruza com a ideologia. Grosso modo, ou a pessoa é motivada por uma falta – a vida sem sentido, por n motivos, encontra um sentido em um grupo que acolhe – ou, também, a adesão é motivada por questões de classe, naquilo que o bom e velho Marx descreveu bem. Ódio inconsciente e às vezes consciente em relação aos pobres. Daí a existência de um bando de gente abastada de verdade (e outros que se acham ricos), bem de vida financeira (uns muitos com o carro financiado em 60 vezes), que são paupérrimos em saúde psíquica. Esse pessoal engrossa o caldo do grupo e financia a sobrevivência da trupe. Há ainda a mistura das duas coisas, sendo, na verdade, um contínuo combinatório. Diga-se que a classificação aqui é meramente didática. Dizendo de novo: se o comportamento do grupo é homogêneo e robotizado, as motivações para aderir fazem parte de um espectro amplo. Mas depois que adere, há uma homogeneidade nos comportamentos. Por que essa homogeneidade? Porque o grupo precisa se perpetuar.

Quando a pessoa acha num grupo a razão de ser, há um grande investimento psíquico para se manter nele. Aí é preciso negociar crenças, valores, ideias. É preciso aceitar e repetir as ideias hegemônicas do grupo sob o risco de ser expelido e ver ruir todo o investimento psíquico inconsciente. Isso acontece com determinadas religiões mais fundamentalistas. Freud também fala disso em “O futuro de uma ilusão”, de 1927, um dos livros sociais de pai da Psicanálise. E o que acontece quando a pessoa entra no grupo e não pensa exatamente como ele? Dá um tilt, mas é preciso se adaptar. Acontece o que Leon Festinger, professor da New School for Social Research de Nova York, chamou de dissonância cognitiva.

A teoria da dissonância cognitiva sustenta que um indivíduo passa por um conflito no seu processo de tomada de decisão quando pelo menos dois elementos cognitivos não são coerentes. Em outras palavras, quando uma pessoa possui uma opinião ou um comportamento que não condiz com o que pensa de si, das suas opiniões ou comportamentos, ocorre uma dissonância. Aí ela tem de decidir e decide pelo grupo, renunciando a si e às suas crenças, pagando esse preço para não ser expulsa do grupo e desabar na perda de seu investimento. As pessoas saem de si, repetem roboticamente as ideias do grupo porque, agora, é isso que ancora sua subjetividade. De novo, é um comportamento de seita, robotizado.

Tudo isso gera um grupo ideológico por identificação, caracterizado por crenças sociais e políticas específicas, ligadas às ideias de direita ou extrema-direita. Esses grupos partem de verdades retóricas parafraseadas do pátria, família, religião. Mas não respeitam a democracia e têm repulsa à diversidade, são ancoradas num moralismo retórico: cobram os outros, mas sempre tem lá no meio o pedófilo, o comerciante sonegador, o homofóbico, o empresário pilantra, a família que escraviza pessoas, o violento misógino, a senhora perfumada racista e por aí vai. Quando esses elementos moralistas de enunciação são descobertos em suas práticas ruins, as redes não perdoam e gritam: “Não falha um!”. E aí vêm os inexoráveis vídeos de desculpa que, quase sempre, são ridículos porque não passam de teatrinho para dar conta de evitar um cancelamento.

É importante notar também que outros discursos que sustentam as mesmas ideias reforçam a noção de pertencimento. Isso se dá por exemplo, com o grupo de pessoas evangélicas, principalmente neopentecostais. Porque as pessoas fazem parte de vários grupos, que podem relativizar ou recrudescer o discurso do grupo dos amarelinhos.

Muitas razões para entrar, uma forte razão para ficar, pagando o alto preço da alienação de si. O comportamento do grupo vai sendo direcionado para sua sobrevivência, praticando atos, criando e disseminando ideias – e as redes digitais, que não existiam nos tempos de Freud, têm um papel importante nessa disseminação – e criando comportamentos de manada que incluem muita violência, física e simbólica. A gente está vendo isso. Há uma irracionalidade que tem como lastro o bando. Horda primeva.

Esse é o esboço de uma explicação. Como qualquer explicação é bastante generalizante. Mas penso que nos ajuda a tentar compreender o que está acontecendo com gente querida e gente nem tão querida assim.

Qual é a saída? Não sei. Só sei que se Freud estiver certo – e costumo apostar nos palpites dele -, quando esses grupos se dissolverem, a quebra vai ser grande, embora tenham ajudado a adensar um discurso ideológico forte. Mas imagine você apostar todas as suas fichas em algo e esse algo que te sustenta desaparecer? Vai haver uma perda de ancoragem subjetiva imensa para muita gente.

Talvez nós, psicólogos, sejamos bastante demandados por essas pessoas. Ou pelos seus queridos que se importam com elas. Porque acho que elas mesmas vão estar bem mal para ter minimamente força para se erguer sozinhas. A ver. 

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Aquecimento Mortal


"Se as coisas não começarem a mudar drasticamente, em breve, corremos o risco de comprometer a continuidade da vida no planeta devido ao aquecimento global…

A humanidade não suportará indefinidamente o desperdício e o uso indiscriminado de recursos naturais e humanos…

A eco-catástrofe, gerada pelas mudanças climáticas, provocará o aumento da desigualdade social e econômica, a extinção de muitas espécies e a redução da população.

O aumento da migração provocará (inicialmente) o aumento do conflito entre nações…

Nossas premissas modelam a nossa realidade. 

Aqueles que não acreditam no aquecimento global, nunca aceitarão que a vida no planeta está em risco.

Não adianta entupi-los de gráficos, números e análises técnicas…"

Montanari - O Despertar de Ludivik

"O caminho para o despertar é VER, SENTIR para MUDAR" (J P Kotter - Harvard-O coração da mudança).


domingo, 21 de agosto de 2022

Caminhar é viver

 


Caminhar sem os pés da imaginação

É estar parado enquanto se anda,

É estar morto enquanto se vive.

Caminhar com os pés da imaginação 

É viver num futuro presente,

É reviver um passado ausente.

Pobres daqueles que não caminham…

Eu caminho para sentir

Sentir os sons, as cores, os movimentos

Os suores,  beleza

da estrada em que vivo.

Montanari - Agosto/2022

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

VAZIO EXISTENCIAL

 VAZIO EXISTENCIAL:

Viver sem projetos, sem orientação para o futuro.


SINTOMAS:

Pessimismo;

Ansiedade;

Insônia;

Insatisfação generalizada

Estafa.


SUPERAÇAO DO VAZIO

Depende de nossa atitude:

-Compreender-se como pessoa

-VIVER POR ALGO OU POR ALGUÉM

-Reconhecer o sentido incondicional da vida

-Conscientizar-se da própria liberdade ou responsa

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Eu e o Mendigo

 


- "Você aceita uma caixa de chocolate BIS"

  • "Com certeza, gente boa".

Esticando o braço entreguei a caixa e ele agradeceu com um “Deus lhe pague”.

  • "De onde você é ?” - perguntei para aquele senhor que aparentava ter uns 60 anos.
  • "Governador Valadares". Respondeu enquanto comia um BIS.
  • "Você tá bem longe de casa!"
  • “Gente boa e eu já  tive mais longe, nos Estados Unidos!."
  • "Uau… o que aconteceu”?. Perguntei sem pensar.
  • "Faiz" muito tempo, uns 30 anos, não deu certo. Voltei e vim tentar a vida em São Paulo.
  • E como acabou morando na rua?
  • Pisei na bola, fiz muitas bobagens e sou “homiless" há mais de 15 anos…

Não perguntei que “bobagens" ele tinha feito, apesar de ter ficado curioso…

  • “Dureza". (Não sabia o que dizer).
  • "Gente boa, pega um" ! E joga um BIS para mim.

Peguei, desembrulhei, levantei a máscara e coloquei na boca e logo em seguida abaixei a máscara. (Mesmo nas minhas caminhadas pelas ruas de Santo André eu ando de máscara).

  • “Colega, obrigado pelo BIS. Tenho que ir. “
  • “Vai com Deus”.

Lá fui eu ouvindo Bach e pensando se eu estivesse no lugar dele… sensação de vazio, de solidão e de incompreensão… provavelmente estaria sentindo o que Fernando Pessoa escreveu em Tabacaria:

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. 

terça-feira, 14 de junho de 2022

Perigo à vista

 


O termo “transbordamento zoonótico” denomina um dos maiores perigos para a humanidade. 

Uma consequência direta da mudança climática.

A palavra zoonose vem do grego para “doença animal” e se aplica a patógenos que podem ser transmitidos entre criaturas e delas para nós. 

O HIV, o vírus que causa a AIDS, passou dos chimpanzés para os humanos, por exemplo. 

O MERS, um vírus respiratório, se espalhou para nós a partir de dromedários.

 O ebola provavelmente veio de macacos, morcegos ou ambos. 

De maneira semelhante, importamos centenas de outras doenças do reino selvagem – não menos importante, o SARS-CoV-2, que também pegamos de morcegos.

Mas o que isso tem a ver com as mudanças climáticas? 

Tudo. 

Quanto mais os animais se misturam – com outra fauna ou conosco – mais oportunidades os patógenos que eles hospedam têm de ser transmitidos, sofrer mutações e se espalhar. 

E o aquecimento global causa exatamente essa mistura.

À medida que as temperaturas médias aumentam, os animais mudam de habitat. 

As áreas úmidas tornam-se áridas; zonas frescas ou exuberantes transformam-se em desertos, e assim por diante. 

Como resultado, os animais migram de seu ambiente familiar e entram em contato com muitas outras espécies, cuja maioria nunca encontraram.

Fonte: Bloomberg 18/05/2022

Complemento com texto

"Felicidade"

Adaptado do texto “ Vittu Sinua” de Ludivik Valittu


Fuck you corruptos de esquerda, direita e centro.

Fuck you amantes do poder pelo poder.

Fuck you negacionistas da ciência.

Fuck you religiosas hipócritas.

Fuck you racistas e homofóbicos.

Fuck you anti-LGBTQIA+

Fuck you apoiadores da liberação da venda armas.

Fuck you destruidores da natureza.

Fuck you terraplanistas.

Fuck you ignorantes, apoiadores de políticos. demagogos e seguidores de religiões caça níqueis. 

Fuck you negacionistas do aquecimento global.

Fuck you negacionistas do transbordamento zoonótico.

Fuck you escoria da humanidade.

Acordem e questionem seus pressupostos.

Chove lá fora

Estou ouvindo o concerto n.2 em E, BWV 1042 de Bach

Sei o que é ser feliz

"Quanto menor o coração, mais ódio ele carrega”.

Não sinto ódio, mas desprezo daqueles que são guiados pelo ódio.

Por isso, Fuck you all.


quarta-feira, 1 de junho de 2022

Visita Inesperada

 Ontem, recebi a visita de meu falecido amigo Fernando.

Fiquei surpreso ao vê-lo à porta do meu apto:

“Cara, você não mudou nada!”.

“E você envelheceu pra caralho…e Marlene está ?”

“Não, ela foi levar os pais dela ao médico”

Sem cerimonia foi entrando: 

“Seu apto é legal… pelo jeito foi a Marlene que desenhou nesta parede…”

Na cozinha, abriu algumas gavetas e portas dos armários. Pensei que estava procurando algo,

“Posso te ajudar? Quer tomar uma cerveja?”

“Não. Estou olhando quanto de sua vida está estocada em copos e objetos de decoração…”

“Ah???!!!” 

Nem consegui reagir, e ele continuou caminhando apartamento adentro. 

Abriu a porta do armário do quarto e começou a contar quantas gravatas e paletós eu tinha…

Confesso que fiquei chateado e perguntei o que ele queria.

“Você tem muito tempo da sua vida estocada em coisas. Para que tudo isso?”

“Fernando, eu não estou entendo o que você está querendo dizer”.

“Meu caro Monta, todo bem físico, coisas fúteis ou necessárias que você possui representam tempo da sua vida. Você trocou seu tempo de conhecer, experimentar, viajar, ver e sentir por coisas que estão estocadas em armários, gavetas, sem falar o que está estacionado na garagem… A posse é uma ilusão. O poder é uma ilusão. Eu só entendi isso depois que morri. Deixei tudo para trás… Muito do meu tempo de vida foi acumulado em redundâncias inúteis… Ah se as pessoas entendessem o que significa a vida…”. 

“Fernando, você esqueceu que meu lema é : “Carrego comigo todos meus bens”? E meus bens são meus pensamentos, sentimentos , experiências e vivências”…

 “Então, troque muito destas “coisas redundantes acumuladas" por "bens" ou doe para que não tem nada…”

Ele não disse mais nada. Foi até o escritório, pegou meu livro “O Eu Profundo e Outros Eus” de Fernando Pessoa.

“Lembro que você ganhou este livro em 1975…" e começou a ler em voz alta o “Guardador de Rebanhos”.

De repente toca o despertador do celular. Abro os olhos. O livro de Fernando Pessoa está caído no chão ao lado da cama.