segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Natal e meu avô Caetano



Tenho excelentes recordações de meu avô.
A mais recorrente é a nossa imagem caminhando num imenso pomar de mexerica polkan...
A mais relevante é a que me ocorre nesta época do ano...
No dia 24 de dezembro, logo cedo, após me levantar, antes do café da manhã, fazíamos um juramento. Mão esquerda no peito, mão direita levantada, como se estivéssemos num tribunal de filme americano, olhar solene como convém a dois sonhadores: “Eu, Luiz Carlos Montanari, juro não usar a palavra “eu” até amanhã na hora do almoço. Se assim o fizer, serei regiamente recompensado. Amém.”
Na verdade, o juramento era mais elaborado. Não podíamos usar o verbo na primeira pessoa. Para falar que estava com fome, eu tinha que dizer: “seu neto Luiz está com fome”.
Meu avô chamava este jogo de “pensar no outro”.
Ele dizia: “hoje é um bom dia pra gente aprender a olhar de fora para dentro”... Na época, eu não entendia o que ele estava dizendo.
     -       “E a recompensa, vô?”
-       “Quando você ganhar o jogo, vai descobrir qual é...” 
Muitos anos se passaram para que eu entendesse que “não somos o centro do Universo”. O Natal do meu avô, ateu, era cheio de simbolismo e culto à vida.
Muito antes das Casas Bahia, ele me ensinou que “Natal é todo dia”.
 Feliz Natal.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Mercadante, não cometa este erro !!!




Colega Mercadante, sei que você está muito bem intencionado. O Brasil realmente precisa investir em tecnologia.
Como você mesmo disse: “Na educação, a inclusão digital começa pelo professor... É evidente que a tecnologia não é um objetivo em si, nada substitui a relação professor-aluno.”
Entretanto, investir na tecnologia errada não ajudará em nada, pelo contrário, afastará ainda mais os professores do seu objetivo.
Adquir tablets de 300 Reais que professores e alunos não podem utilizar para construir conteúdo de nada servirá. Depois de dois anos teremos milhares de tablets encostados e muito pouco para comemorar.
O que os países de primeiro mundo estão fazendo?
Por que inventar a roda novamente?
Veja o que está acontecendo com o advento dos iPads e do iTunes U nas salas de aula deste países!
Se formos para frente com esta idéia de tablets baratos estaremos PERDENDO A OPORTUNIDADE DE MUDAR A MANEIRA DE ENSINAR E APRENDER.
Minha sugestão, sem risco, sem desperdiçar dinheiro público, sem favorecer ninguém, gerando a participação de professores e alunos e principalmente, disseminando e desenvolvendo centros de competência é:
REALIZAR UM TESTE PILOTO EM VÁRIOS MUNICÍPIOS DO PAÍS USANDO A TECNOLOGIA IDEAL.
Melhor ainda, por que não fazermos um teste comparativo para não investirmos na tecnologia errada? Assim poderíamos avaliar o desempenho dos alunos, o envolvimento dos professores e o ganho para a comunidade.
Minha proposta é muito simples:
Algumas Universidades (Públicas)  e Fundações, que possuam cursos de Pedagogia e Licenciatura, seriam eleitas para gerenciar um projeto de avaliação nas respectivas cidades.
Professores e alunos destas Universidades, em conjunto com professores da rede,  elaborariam o material didático. Isto só é viável na plataforma Apple. O iBooks Author e o iTunes U Course Manager são gratuitos e não é necessário ser um especialista em TI para produzir material didático de excepcional qualidade. Com a plataforma Apple não dependeríamos de empresas especialistas em programação. Dependeríamos de especialistas em Educação!
Centenas de escolas públicas e as melhores universidades americanas, como também, escolas de vários países europeus e asiáticos  realizaram projetos-piloto e optaram pelo iPad e o iTunes U.  A opção não foi pela tecnologia. A opção foi pela facilidade de produção de conteúdo, disponibilidade e intercambio de material didático. A opção foi, principalmente, pelo envolvimento dos alunos e professores.
Nós realizamos um piloto em 2 escolas públicas aqui de Santo André. O resultado foi fantástico. Quem viveu a experiência sabe que, desta forma, podemos efetivamente acelerar o passo da melhoria da Educação no Brasil.
Vamos parar de investir em tablets e tecnologias inadequadas. Se queremos ser um país desenvolvido precisamos aprender com eles.
Não estou sozinho nesta jornada. Professores doutores de escolas renomadas, com os quais discuti este assunto, pensam da mesma forma.
A opção pelos tablets baratos não vai mudar nada: continuaremos a ter um dos piores desempenho escolar do mundo!
Palavra de professor...