domingo, 24 de abril de 2011

A Eutanásia e a Dignidade Humana


Ontem, na Kalunga, depois de muitos anos encontrei Lucia, uma velha amiga, enfermeira aposentada, cristã com C maiúsculo. Depois de um longo abraço digno da família Silva e das falas óbvias de anos sem contato, ela solta: “Ainda é tarado por um chopp escuro?”. Acenei positivamente com a cabeça, supresso com a pergunta fora do contexto. Sem pestanejar, ela me puxa pelo braço, deixo as compras na gondola e lá vamos nós, brindar o acaso...

Lucia é uma pessoa simpática, divertida, de bem com a vida, uma Polyanna dos tempos modernos... Atualmente está servindo de cuidadora (trabalho voluntário) de um idoso com câncer que teve AVC e está há mais 6 meses de cama. Fiquei chocado com as coisas que me contou. Dar banho, limpar, trocar a fralda, passar pomada nas feridas, conversar e tentar animar quem já desistiu de viver... “Como você consegue manter este astral tão prá cima?”

Eu e Lucia temos crenças radicalmente diferentes. Sou Ateu e ela Cristã, ambos de fé inquestionável em suas crenças, mas, sempre respeitamos este abismo entre nossa forma de entender a vida. A química que nos faz sentir tão bem um com o outro está, quem sabe, por sentirmos lá no fundo que somos pessoas “humanas” e “dignas”...

Eu admiro o que ela faz. Eu não conseguiria fazê-lo... Não julgo porque o faz!

Muito tempo será necessário ainda para que a lei permita que as pessoas tenham o direito de escolher como e quando terminar com seu sofrimento. Valores, sempre soube, são determinantes e o grande direcionador das ações humanas!

Depois de compartilhar 3 chopps, muita história do passado e sonhos para o futuro, nos despedimos com a emoção de quem não mais verá o outro por mais um longo tempo.

Volto para comprar o papel A4 e os cartuchos para a impressora e na fila do caixa escuto uma voz conhecida: “Monta, você por aqui! Ah, quanto tempo, heim? E a vida?...”

Era o Marcio, um velho amigo dos tempos da Philips!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O dilema existencial e o futuro


“Se queremos viver na plena consciência da existência, então a nossa maior necessidade e a nossa mais difícil realização é encontrarmos um sentido para a vida”.

Bettellheim, 1991.

Muita gente perde o entusiasmo e a vontade de “crescer como ser humano” cedo demais... Não encontraram sentido para suas vidas. Transformam-se numa massa amorfa que consome e se reproduz banalizando a existência com sua ignorância de significado...

A compreensão do sentido da vida não se adquire de repente ou com a idade. Esta conquista é o resultado de uma longa evolução que começa na infância. É resultado das inúmeras jornadas interiores nas diversas fases da vida.

É verdade, “O Brasil vem avançando tijolo por tijolo nas últimas décadas”. Mas, será que a velocidade é adequada?

O “choque de realidade” precisa ocorrer, não só na política, mas na sociedade brasileira como um todo. Nossos valores precisam ser revistos. Nossa população cresceu demais, em número, sem rumo e propósito. Tornou-se objeto de fácil manipulação. Líderes e ídolos surgem e desaparecem rapidamente por falta de consistência. Não temos padrões dignos de referência... Neste contexto, a futilidade do BBB espelha a vida fora da telinha...

Estamos perdendo a luta para a mediocridade...


domingo, 3 de abril de 2011

A Necessidade é a Força Motriz do Universo


Energia nuclear não é uma alternativa aceitável.

Ponto final.

Se esta fosse a visão dos governantes, a tecnologia para geração de energia solar e eólica estariam mais desenvolvidas.

A própria sociedade continua aceitando passivamente o uso da energia nuclear.

Os acidentes de Tcheliabínsk, Chernobyl, Three Mile Island e Angra 1 não serviram de lição. O terremoto seguido do tsunami que afetou a usina nuclear de Fukushima no Japão também não. Qual o tamanho da catástrofe que fará a sociedade acordar e assumir que existem riscos que não podemos correr? Não são “somente” centenas de milhares de vida em jogo. É a existência da humanidade que está em jogo!!!

A Natureza já não deu sinais suficientes de que precisamos repensar nossos pressupostos?

A Necessidade é a Força Motriz.

Precisamos de energia. Energia é uma necessidade para a manutenção da qualidade de vida. Se a nuclear não for considerada uma opção, investimento e tempo serão gastos em alternativas menos danosas. Precisamos que a sociedade se manifeste para boicotar a criação de novas usinas nucleares e lutar para o fechamento das mais de 400 usinas espalhadas pelo mundo!

Não às usinas nucleares!

“All truth goes through three stages. First it is ridiculed. Then it is violently opposed. Finally it is accepted as self-evident.” Schopenhauer