sábado, 29 de novembro de 2008

Aquecimento global? O que eu tenho com isto? Não posso fazer nada!

Saber que vou perder uma das mãos amanhã, me causa mais stress do saber que vou perder um dos braços daqui há 1 ano.

É da natureza humana o foco no presente.

O prazer do hábito de fumar tem mais peso do que a probabilidade de sofrer, num futuro distante, as consequências de um câncer.

Nosso modelo,  baseado no consumo excessivo e supérfluo, na destruição dos recursos naturais,  é muito mais relevante, aos nossos olhos, do que um provável caos no clima daqui há 50 anos.

Se posso ter um veículo SUV que faz 6 Km/l por que trocar por um carro pequeno, sem status, que faz 15Km/l?

Se posso ir de carro até a padaria, por que iria a pé?

Se posso trocar “de graça” meu celular a cada 9 meses, por que não fazê-lo?

Por que consertar a sola do sapato, se posso comprar outro par?

Por que tenho que sacrificar meus “direitos”, se daqui há 50 anos, muito provavelmente, não estarei vivo (para sentir as consequências negativas de meu estilo de vida)?

Infelizmente, muitos de nós, ainda está num estágio muito primário de desenvolvimento ,  por falta de capacidade intelectual ou por problemas culturais. Não temos consciência de que a Vida Inteligente é uma ocorrência extremamente rara e frágil no universo... Não é um evento trivial e permanente, como acreditamos.

É um privilégio estar aqui, ver, sentir e poder refletir. É um privilégio tão magnífico, que o respeito às condições pró-vida deveria a ser prioridade número 1 de todos nós.

“Agir hoje de forma coletiva, pensando no amanhã” será o próximo estágio da evolução humana.  Neste estágio veremos mudanças no atual comportamento individualista, mudanças no atual estilo de vida consumista e mudanças nos pressupostos religiosos.

Não dá para sustentar as condições para nossa existência fazendo as mesmas coisas que estamos fazendo.

Meu caro Fernando, pensei sobre o que você disse ontem:  O que eu tenho com isto? Não posso fazer nada”.  Tomei a liberdade de deixar resgistrado aqui alguns trechos de nossa conversa, para você refletir melhor. Quem sabe, um dia a ficha cai, espero...

Veja esta apresentação (não interprete ao pé da letra, pense na mensagem) : http://br.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E


quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Ajudar faz bem!

Em 1992, um grupo de alunos do curso de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Chicago, fundou o que chamaram “Giving Something Back”, uma entidade preocupada em engajar alunos, deste curso, em atividades de serviço comunitário e voluntariado. A proposta era “doar algo para a comunidade como forma de retribuição pelo privilégio de estudarem nesta Universidade”.

Esta entidade tem hoje mais de 20 projetos e 200 membros ativos.

Os projetos vão desde, arrecadar fundos para financiar bolsas de estudo, ajudar na construção de casas para trabalhadores de baixa renda, preparar jantares para famílias pobres com pessoas internadas em hospitais, visitar e doar brinquedos para crianças carentes hospitalizadas, dar palestras para alunos de escolas de comunidades pobres entre outros.

O trabalho está muito bem estruturado e acontece ao longo do ano todo.  Sou testemunha que funciona e muito bem: Um colega de classe, em 1996 deu uma palestra interessante numa escola pública da periferia pobre de Chicago. Ele contou a história da sua vida. Como conseguiu, trabalhando "part-time" num cassino, se formar e concluir o mestrado. A intenção era mostrar para aqueles alunos que, apesar do ambiente que viviam, era possível ficar livre das drogas, se graduar e conquistar um excelente emprego.

Nossos alunos, principalmente os das Universidades Públicas, deveriam seguir este exemplo.

Num país como o nosso é um privilégio estudar numa escola pública (sustentada pela comunidade). Principalmente, porque, na maioria das vezes, os alunos destas universidades têm um padrão social e econômico acima da média nacional.

Infelizmente, nem tragédias como a de Santa Catarina despertam a consciência de muitos brasileiros para a necessidade de agir, prestar serviço comunitário, ser voluntário... 

Assistir pela TV e chorar com as imagens da tragédia não é o suficiente. Estas lágrimas não tornam ninguém mais humano!

Ajudar faz bem e é necessário para se construir um País desenvolvido.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Sistema de cotas e a incompetência política

Neste final de semana, 450 mil jovens prestaram o vestibular da FUVEST.

Bom momento para refletirmos sobre a incompetência de nossos políticos que permitiram que nossa educação chegasse nesta situação lastimável em que se encontra.

A avaliação de nossos jovens do ensino médio, em testes de Matemática e Ciências, comparada com jovens de outros países é simplesmente uma vergonha.

Como vamos garantir o futuro do país sem mão de obra qualificada?

A Intel deixou de implantar uma fábrica de "chip" de computador no Brasil, porque não dispúnhamos de mão de obra qualificada. Quantas oportunidades vamos perder no futuro, em função da qualidade do estudante que estamos formando hoje?

Qual a porcentagem de alunos da escola pública que consegue entrar numa universidade de 1ª linha? Para resolver este problema, a proposta de nossos políticos é instituir um sistema de cotas!

A causa raiz do problema das minorias não terem acesso a escolas de 1ª linha está na péssima qualidade do ensino público fundamental e básico. Os investimentos em educação deveriam ser focados na melhoria do ensino, na qualificação e melhor remuneração dos professores, na disponibilidade de tecnologias para tornar as aulas mais atraentes.

Que preocupação temos com o futuro deste país aceitando a situação atual de nossas escolas?

Como podemos aceitar que alunos sejam promovidos sem ao menos saber ler e escrever?

Não podemos ficar passivos com o fato de que a cada ano menos jovens se interessam pela carreira do magistério.  Seja porque é mal remunerada ou porque não a consideram uma atividade nobre.

O sistema de cotas é uma distorção, uma aberração, um “quebra-galho eleitoreiro” para desviar nossa atenção da causa raiz do problema: gestão irresponsável da educação. Não dá para continuarmos aceitando medidas paliativas.

A área educacional precisa de uma reforma urgente. Precisamos partir da visão correta de que a riqueza deste país dependerá, no futuro, do conhecimento e da tecnologia. Precisamos entender que a formação adequada dos jovens trabalhadores do amanhã leva décadas para ser consolidada. Precisamos eleger a educação como nossa prioridade número um, porque o crescimento e a qualidade de vida neste país dependem disto. Mães e pais deveriam participar mais ativamente da vida escolar de seus filhos e lutar por melhorias.

Professores e educadores deveriam trabalhar intensamente para que toda a sociedade aceite como meta estarmos entre os 10 primeiros colocados no ranking internacional de desempenho em Matemática, Ciências e Leitura dos alunos do ensino médio. Tendo uma meta clara e aceita por todos e enxergando nossa vergonhosa classificação, quem sabe políticos, educadores e pais se mobilizassem para mudar a situação atual.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Dia do Perdão?

Hoje fiz  compras numa grande loja de materiais de construção. Na hora de pagar, uma atendente simpática me perguntou se eu poderia assinar a “petição” para criação do Dia do Perdão.

Li e vi que a proposta era da família Ota que teve seu filho, Ives Ota, de 8 anos assassinado pelos sequestradores, ex-seguranças do pai...

Recordei na hora que o pai havia perdoado os sequestradores e inclusive havia visitado um deles na prisão.

NÃO ASSINEI.

Respeito a atitide e as convicções religiosas do sr. Ota.  Eu jamais perdoria um assassino.

Existem pessoas que estão num nível tão primitivo que não merecem ser considerados seres humanos. Eles não têm respeito algum pela vida. Não conseguem entender que a vida é uma coisa tão preciosa, tão rara, que deveria ser adorada.

São tão primitivos e nocivos à sociedade que não merecem perdão. Não podemos tratar os desiguais como iguais.

Se queremos que valores ligados a vida e ao respeito pelo próximo façam parte da nossa cultura, desvios não podem ser tolerados ou perdoados, pelo contrário, devem ser punidos consistentemente.

Um dos grandes problemas da nossa cultura é o “jeitinho”, a tolerância, a excessiva complacência com desvios. Tolerância zero ao crime, seja ele praticado por um viciado em craque, um banqueiro milionário ou político carismático. As regras do jogo são clara e para todos. A punição, infelizmente, não. Porque perdoamos

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Banheiro público: indicador para avaliar desenvolvimento


Tive a oportunidade de visitar muitas empresas.
Para validar minhas conclusões sobre a Qualidade da Gestão, desenvolvi o que considerava na época, 2 excelentes indicadores : o "Banheiro" e o "Restaurante".
Reconheço que há 20 ou mesmo 10 anos atrás, estes indicadores eram muito mais relevantes para refletir a "Mentalidade Gerencial". 
Boas empresas ofereciam banheiros e restaurantes dignos para os funcionários da base da pirâmide ("peãozada"). 
Felizmente, evoluímos muito.
Já não encontramos, com tanta frequência, contrastes gritantes entre banheiros (e restaurantes) do "staff" e da "operação".
Se eu fosse criar um indicador hoje para avaliar a Qualidade da Gestão, eu usaria o "sorriso". Sim, o "sorriso". Nas empresas "bem" administradas, os colaboradores são mais felizes, sorriem mais... Bem, este é tema para outra reflexão...
Estou pensando agora como os banheiros públicos refletem o estágio de desenvolvimento de um povo. 
Em Julho,  estive em Jasper, o maior Parque Nacional do Canadá e constatei a preocupação dos usuários do banheiro público, que fica na principal avenida da cidade, em deixá-lo nas mesmas boas condições que o encontraram. Vi usuários secando a pia, depois de lavar o rosto e as mãos (como normalmente fazemos nos banheiros dos aviões). 
Essa atitude me fez refletir como precisamos evoluir no trato do coletivo.
Depredamos escolas, orelhões, elevadores, pontos de ônibus, bancos de praça entre tantas outras coisas de uso comum... jogamos lixo nas ruas pelas janelas dos carros com tanta naturalidade... 
Não aprendemos a enxergar outros. 
Estamos ainda na primeira infância do crescimento social...
Será que daqui há 20 anos estarei comentando como o respeito e a gestão do coletivo tiveram um evolução impressionante?
 



segunda-feira, 17 de novembro de 2008

País de cabra macho e morte nas Casas Bahia


As notícias de violência me chocam cada vez mais.
Sinal do envelhecimento ou do despertar?
Fiquei horrorizado com o crime que aconteceu dentro de uma das lojas das Casas Bahia na zona sul de São Paulo.
Quanta estupidez, quanta falta de sensibilidade para o valor da vida humana.
Preconceito, falta de preparo, ignorância, valorização do machismo na nossa cultura...
Subdesenvolvimento... triste retrato de nosso País.
Este crime aconteceu dentro das Casas Bahia, mas poderia ter acontecido em qualquer outro estabelecimento sob "a guarda" de vigilantes armados. 
Ou alguém tem a ilusão de achar que isto foi um acontecimento isolado?
Enquanto no Japão ocorre um crime, por arma de fogo, a cada semana. No Brasil, ocorre um a cada 20 minutos !!!
Nosso subdesenvolvimento não é econômico, mas cultural. 
Nossos valores estão completamente distorcidos.
Na Política, nas Instituições Públicas e Religiosas  faltam líderes íntegros, confiáveis que tenham moral para indicar um caminho, servir de guia, servir de inspiração... 
Vivemos num País onde levar vantagem em tudo é uma qualidade. "Cada um para si e Deus para todos" é um lema tão aceito quanto "rouba, mas faz"...  
Um país que perdeu a oportunidade de banir, via plebiscito, a posse de armas, por pura ignorância.
Um País, onde você pode votar para presidente aos 16 anos, mas se comete dezenas de crimes bárbaros, não pode ser julgado como adulto, pois é menor...
Quando será que a minoria consciente vai começar a se manifestar e fazer pressão para que este estado de coisas mude?


sábado, 15 de novembro de 2008

Meu avô Caetano e a crise mundial


Meu avô Caetano morreu de câncer quando eu tinha 15 anos. Fumava muito...
Era pedreiro. "Sem ambições", dizia meu pai.
"O velho poderia ter muita coisa, ganhar muito mais, ser outra coisa,  mas não tem ambição... vê se não me sai igual  a ele..."
Na época eu não entendia meu avô, mas gostava muito dele. 
Lembro de uma ocasião que estávamos passeando por um laranjal numa fazenda de Americana e eu tive a coragem de perguntar porque meu pai falava tanto que ele se contentava com pouco, que não tinha ambição, que era um péssimo exemplo para os netos. Meu avô, sorriu pra mim, me deu umas polkans que acabara de colher e falou: "Vou te contar um segredo: A gente tem muito mais do que precisa".  Imediatamente concluí  que meu avô era rico e não queria que ninguém soubesse para evitar brigas dos parentes por causa de dinheiro. Achei ( erroneamente ) que as coisas faziam sentido. Como podia, meu avô tão inteligente ser um pedreiro? Falar com todo mundo, sobre tudo com tanta tranquilidade, se não soubesse alguma coisa que ninguém sabia? Ai perguntei onde guardava a riqueza dele, pois, ninguém desconfiava de nada. A resposta só fui entender muitos anos depois de sua morte: "Carrego comigo todos os meus bens".  
Interessante que ouvindo um repórter da CNN falar que a crise atual se deve a redução do consumo nos Estados Unidos e China, imediatamente lembrei do meu avô: "Temos demais, consumimos demais." 
Será que o velho enxergava tão a frente e via  que caminhávamos para um sistema que não conseguiria se sustentar indefinidamente? 
Será que iniciamos a fase inicial de mudança do modelo baseado no consumo como sustentáculo do "way of life"? 
Será que estamos começando a enxergar que o modelo baseado no consumo desenfreado de recursos naturais, matéria-primas e energias não-renováveis é o grande responsável por toda a crise econômica atual? (e quem sabe, pela condição miserável que vive grande parte da humanidade?).
Não.
Acho que não.
Mais provável que meu avô vá continuar sendo considerado um homem sem ambições, que sua frase predileta: "Carrego comigo todos os meus bens", significa somente que é um pobretão.
E a Bolsa vai continuar oscilando até que alguém descubra um jeito do consumo voltar a crescer.



quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Líderes, Obama e o Brasil


Tem muita gente que, pela posição hierárquica em sua organização, se considera um líder.
Mas, na verdade não o é.
Para ser considerado Líder, precisa obrigatoriamente de uma coisa: ter seguidores voluntários.
Estamos cansados de ver políticos, gestores e diretores arrogantes (e "humildes" também) que se enganam pois,  acreditam piamente serem líderes. 
Pobres coitados. 
Assim que perderem a autoridade formal, perdem o status de "líder" (que nunca tiveram).
Aqueles que acompanharam a eleição americana, os discursos de OBAMA, suas idéias e propostas consegue reconhecer um verdadeiro líder.
Nosso país é a m.... que é, pois falta liderança.
Faltam políticos, de princípios,  que acreditem piamente na sua visão e consigam mobilizar as pessoas para a situação sonhada.
Líderar é alinhar as pessoas, é motivar, é inspirar rumo ao novo.
Você pode me perguntar, o que pode uma única pessoa fazer por uma sociedade gigante?
A resposta é simples: "Criar uma idéia mobilizadora".
Obama conseguiu isto no seu discurso que virou uma música lindíssima e tema de sua campanha: "Yes, we can".

"...Sim, nós podemos ter justiça e igualdade.
Sim, nós podemos ter oportunidade e prosperidade.
Sim, nós podemos cicatrizar esta nação.
Sim, nós podemos reparar este mundo.
Sim, nós podemos..."

Quando, neste nosso País, teremos a oportunidade de encontrar um político que conseguirá mobilizar milhões de pessoas em torno de uma visão que norteará todas as suas ações?

Universidade de Chicago e as Doações


Chicago e Doações:

Gostaria de compartilhar com vocês um questão:
"Quando teremos, neste nosso Brasil, Universidade realmente de Primeiro Mundo?" 
Eu tive a honra de concluir meu mestrado na Universidade de Chicago.
Realmente uma honra poder estudar numa Instituição por onde passaram mais de 84 prêmios Nobel e onde ainda trabalham 6 ...
Um Instituição, onde somente a Escola de Pós Graduação em Negócio arrecadou em doações, de ex-alunos, mais de 300 milhões de dólares para financiar bolsas de estudo, pesquisa e melhoria nas condições de ensino.
Você doaria dinheiro para sua Universidade aqui no Brasil?