quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Vandalismo nas escolas públicas e a liberdade

Assistindo ontem uma reportagem sobre vandalismo em uma escola pública de São Paulo lembrei-me de um livro que li quando estava no colégio: “Summerhill - Liberdade sem medo”.

Summerhill é um internato na Inglaterra para crianças dos 5 aos 16 anos. Normalmente, frequentado por crianças com problemas de comportamento, com dificuldades para se ajustarem às escolas tradicionais.

A crença fundamental desta escola é que liberdade funciona e que, para as pessoas serem felizes elas precisam ser livres para escolherem o próprio caminho.

Por consequência, o sistema de gestão desta escola é bem diferente das usuais. As regras do jogo são definidas pela comunidade. Professores, alunos e funcionários votam, com pesos iguais, nas assembléias semanais para resolver todos os tipos de problemas.

Os alunos têm liberdade de escolher se assistem às aulas ou não. Têm liberdade de escolher o que comer (se quiserem comer só doces nas refeições, tudo bem!).

Eles têm tem liberdade, mas não licença para fazer o que quiserem!

Liberdade e licença são coisas muito diferentes.

Liberdade não significa que não há regras, responsabilidades ou punições.

Por exemplo, o grupo pode punir, até com a expulsão, um aluno que atrapalha o andamento da classe... Liberdade sim, licença para interferir no direito de outro, não!

Esta escola funciona desde 1921. Seu objetivo é formar pessoas felizes, não engenheiros ou médicos ou mecânicos frustrados!

Quando me lembro da imagem de destruição da escola paulista vejo que nós, educadores, perdemos o foco principal. Deveríamos trabalhar para formar pessoas felizes, cidadãos conscientes e, principalmente não sobrecarregar os alunos com conteúdos direcionados para o vestibular...

Deveríamos focar nosso esforço em cidadania, ecologia, esportes, artes, gestão participativa...

Não damos aos alunos opção de escolha, pois o sistema não nos dá opção de escolha!

Fiquei revoltado, comigo mesmo, com a conclusão que tirei assim que vi, pela primeira vez, a imagem de destruição provocada por estas crianças:

Muitos pais não deveriam ter o direito de ter filhos. Não têm responsabilidade nem competência para criá-los”.

Muitos pais só conhecem o caminho do castigo para obter “obediência” (que chamam “educação”).

Seus filhos nunca aprenderão a ser proativos. São condicionados a reagir.

A grande maioria de crianças criadas nestes lares reproduzirá, na vida adulta, um comportamento destrutivo ou fará parte de uma massa amorfa, sem vontade, sem brilho que passa pela vida sem acrescentar nada à sociedade.

As crianças deveriam aprender, desde pequenos, que a conta de suas escolhas sempre virá com juros (a receber ou a pagar). Infelizmente, a grande maioria não tem a oportunidade de ter opções.

O meio em que vivem os induzem às escolhas...

Desde episódio, agora mais calmo, tiro a conclusão que o Brasil convive com 2 problemas sociais muito graves, e juntos se tornaram uma verdadeira bomba relógio:

1-Muitos professores desmotivados por causa dos baixos salários, das péssimas condições de trabalho e da falta de reconhecimento

2-Muitos pais perdidos, sem valores morais para deixar um legado para seus filhos.

Consequências se a bomba não for desarmada:

O Brasil continuará sendo o país do futuro, o país que acredita e espera o salvador da pátria, o país dos Sarneys, dos Malufs, da lei de Gerson, dos espertos, dos flanelinhas, das propinas, dos motoristas alcoolizados, dos analfabetos funcionais...

sábado, 21 de novembro de 2009

Obina, o pai que se jogou com o filho do 18º andar e a Inteligência Emocional


O episódio que evolveu a saída de Obina do Palmeiras e o do pai que se jogou com o filho do 18º andar diz muito sobre a Inteligência Emocional.

Segundo Goleman, a inteligência emocional evolve 4 dimensões:

1- Perceber-se emocionalmente

2- Controlar as próprias emoções

3- Perceber os outros

4- Administrar relacionamentos

Harvard tem um estudo que concluiu que os melhores alunos não são os melhores executivos.

O QE, coeficiente de inteligência emocional, é mais importante que o QI, coeficiente de inteligência.

Existem centenas de pesquisas científicas mostrando a importância da inteligência emocional para a performance financeira das empresas, para o bom relacionamento no trabalho e no casamento.

A emoção tem primazia sobre a razão...

No caso de Obina, a falta de controle de suas emoções e a falha em perceber como suas emoções afetam o seu próprio desempenho prejudicaram não só o seu time, mas a sua própria chance de ter sucesso. Para atingir seu potencial e ter sucesso não basta ser bom no que faz.

Obina pode ser o melhor jogador do mundo. Se não conseguir se conhecer emocionalmente e se manter sob controle, nunca passará de mais um potencial desperdiçado...

Infelizmente, existem muitos Obinas por ai...

As dezenas de casos de violência, por motivos fúteis, que vemos diariamente na TV são causadas principalmente pela “ignorância emocional”. Problemas causados por pessoas primitivas, subdesenvolvidas emocionalmente.

Pessoas que não evoluíram apresentam comportamento pré-histórico... Podem ter curso superior, dinheiro e status, mas reagem como nossos ancestrais, mais animais do que humanos...

O verdadeiro desenvolvimento social só acontecerá quando as pessoas crescerem emocionalmente. Este crescimento depende de muitos fatores. Felizmentente, todos dependem da vontade e disposição pessoal.

Ao contrário do QI, que é nato, o QE é desenvolvido. E o processo de desenvolvimento começa com uma jornada interior:

· Como você vê sua vida?

· Quais os valores são realmente importantes para você?

· Como devo atuar frente ao meio em que vivo?

· Com quais princípios éticos devo construir minha vida?

· Quais pressupostos devo ter, desenvolver ou abandonar?

· Quais habilidades devo desenvolver?

Infelizmente, tem muita gente com um QI tão baixo que não consegue refletir.

Ai não tem jeito...

domingo, 15 de novembro de 2009

A era da irresponsabilidade e a convergência mundial


O escândalo do anúncio dos bônus milionários para os CEO´s de empresas americanas quando estas anunciavam prejuízos bilionários foi o prenúncio do fim da era da irresponsabilidade.

Uma era onde diretores administravam suas organizações em função dos seus polpudos bônus.

Pelo bônus vale a pena correr todos os riscos. Afinal, o dinheiro é dos acionistas.

Acertando, bônus. Errando? Pensão milionária...

À medida que estes benefícios desproporcionais tornarem-se público, à medida que a população deixar de ser platéia e passar a participar, as desigualdades diminuirão.

Não dá para poucos continuarem ganhando em detrimento de muitos. O sistema não se sustenta com tanto desequilíbrio.

A convergência para um mundo mais justo, mais digno, mais ético é uma questão de sobrevivência.

Basta olhar para a história da humanidade... O progresso é inevitável.

Aqueles que se beneficiam do “status quo” fazem de tudo para atrasar o progresso.

A idéia é “se servir’ das organizações (sejam elas públicas ou privadas) o máximo que podem.

Que responsabilidade têm estes “afortunados” para com a coletividade?

Que penalidade sofrem por não cumprirem seu papel?

Até quando acharemos aceitável um diretor irresponsável afundar uma empresa e receber uma pensão de milhões de dólares?

Liderar é servir!

Max de Pree disse que um bom líder deixa 2 coisas por onde passa:

1º Herança.

2º Ativos

Por Herança, ele quer dizer seus valores que norteiam a organização.

Por ativos, ele quer dizer resultados positivos, processos melhores, uma empresa saudável.

O fim da era da irresponsabilidade começou com a queda do muro de Berlin, tornou-se pública com o escândalo dos bônus de Wall Street e culminará com o degelo total do Pólo Norte.

Infelizmente, o preço a pagar pelo amadurecimento será muito alto...

O auto-engano, a religião e a convergência mundial

A religião do futuro será a ecologia.

Igrejas caça-níqueis ficarão vazias.

Deuses serão abandonados.

Falsos profetas, vendedores de curas milagrosas, cairão no ostracismo.

A era do auto-engano chegará ao fim.

O estrago provocado pela reação da natureza despertará a humanidade. Abrirá os olhos dos crentes tapados. Proverá significado para os perdidos. Ampliará a visão limitada dos segregacionistas.

A percepção da irreversibilidade das catástrofes naturais, das secas, das chuvas, do degelo dos pólos, do aumento do nível dos oceanos será a prova inquestionável do primitivismo e a pequenez da mentalidade humana.

A certeza da iminência do fim despertará a consciência para a vida.

A reação da natureza ao excesso de consumo humano será o estopim para o realinhamento dos nossos valores.

Infelizmente, o preço do amadurecimento será muito alto.

Apesar de antever as consequências da irresponsabilidade, promessas vazias de redução dos níveis de emissão de CO2 continuarão a ser feitas por muitos anos mais.

O consumo continuará sendo o estilo de vida dominante.

A mudança do comportamento não interessa a ninguém.

O futuro, mesmo que provável, não tem a força e o encanto do presente imediato.

Mas, este futuro chegará...

domingo, 1 de novembro de 2009

O preconceito e o desenvolvimento


Não se iluda. O futuro será bem diferente.

Daqui a 50 anos, cenas atuais da violência urbana do Rio serão vistas com a mesma rupgnância que sentimos hoje quando vemos cenas passadas dos campos de concentração.

A consciência humana evolui exponencialmente.

Cinquenta anos atrás, o negro americano era totalmente discriminado, não frequentava a mesma escola do branco, nem poderia compartilhar com um branco do mesmo banco num ônibus.

Hoje, o presidente americano é negro.

A falta de ética, a corrupção na política, o comportamento vergonhoso de nossos senadores, a alienação da população com relação ao meio ambiente e a falta de cidadania serão vistas, no futuro, como vemos hoje, o primitivismo que imperava no velho oeste americano.

A cena da universitária que saiu da sala de aula da Uniban de São Bernardo do Campo, escoltada por policiais e hostilizada por centenas de alunos, é a manifestação deste subdesenvolvimento que ainda reina em nosso país.

Este comportamento primário, machista, esta falta de respeito ao “diferente” retrata bem a nossa consciência coletiva subdesenvolvida...

Infelizmente, estes universitários não se manifestam, com a mesma paixão, contra a corrupção, contra a pobreza, contra a mediocridade...

Mas, tudo isto vai passar.

A adolescência da consciência coletiva não vai durar para sempre. Mesmo no Brasil da lei de Gerson, no Brasil do jeitinho, no Brasil do “isto não é problema meu”...

Vamos amadurecer como sociedade!

Nossa cultura é o maior obstáculo a aceleração do crescimento.

Infelizmente, nossas universidades continuam dando provas que não entenderam que seu papel mais importante é o de desenvolver líderes capazes de inspirar jovens na construção de uma sociedade mais justa, mais humana e mais digna.

Por isto, outros caminham. Nós engatinhamos...