A viagem de Kajaani até Ruka foi interessante.
A alternância entre trechos com chuva e sem chuva (algumas vezes até dava pra ver céu azul) foi muito grande. Só o frio e o vento foram constantes.
Parei num posto de uma cidadezinha para abastecer e com a intenção de colocar mais uma camisa por baixo da jaqueta (já estava com duas - sendo uma a segunda pele).
Assim que parei chega um "senhorzinho" de bicicleta, pergunta sobre o triciclo, deita no chão para ver o motor, para onde vou, etc.
Olho para a loja de conveniência do posto e vejo 5 “senhorzinhos" olhando para o triciclo.
Daria uma fotografia excelente. Nunca vou me esquecer desta cena.
A loja tem uma frente de vidro. O balcão que eles estavam é daqueles compridos e estreitos que ficam encostados no vidro e você senta olhando para fora.
Eles estavam sentados um ao lado do outro e olhando atentamente para o triciclo.
Não tive coragem de tirar a jaqueta e colocar mais uma camisa…
Neste posto estava o helicóptero do "Santa Claus"…
Depois de uns 30 minutos de estrada, praticamente deserta, vejo uma placa CAFÉ e mais a frente umas casinhas de madeira.
“É ali mesmo que vou parar, tomar um café e colocar outra camisa”.
Foi uma excelente decisão.
O espaço era de um casal de artistas alternativos.
Ela estava fazendo panqueca num fogão a lenha adaptado.
Café e panqueca = 4 euros . (Os 8 euros melhor gastos na viagem).
A panqueca foi servida numa lasca de árvore, o garfo e a faca eram 2 pedaços de galho de árvore (tipo Hashi), o porta copo era um toco de madeira furado.
Ao lado da mesa coletiva ficava o ateliê com desenhos e artesanatos.
Lá fora, o trabalho mais interessante: “Pessoas sem voz”.
Havia pelo menos 200 “pessoas”.
Voltei a estrada agora melhor agasalhado para enfrentar a alternância entre trechos com chuva e sem chuva.
A uns 20Km de Ruka, dá um "tilt" no GPS que fica preto, sem imagens. Paro na estrada, tiro o GPS do suporte e a imagem volta. Coloco no suporte e a imagem desaparece.
Chi… pensei: “ Tó ferrado. Acho que a chuva deu algum curto no cabo de alimentação do GPS. Pior que não tenho acesso…”.
Tirei o GPS do suporte. Coloquei no bolso e parti para RUKA.
Ainda bem que a cidade é pequena. 232 habitantes. Poucos erros e chego ao hotel.
Estava fechado. Olhei no relógio, 13:50.
Na porta, uma mensagem dizia que o restaurante, que também é recepção do hotel, abre as 14hs. Legal. Vou esperar pouco tempo.
Menos de 30 segundos depois, para um taxi e desce um jovem (como eu) vestindo uma jaqueta de couro Alpinesters. (pensei: é motoqueiro).
Dito e feito.
Único detalhe. Estava meio bêbado… A voz pastosa e a fala meio desconexa…
"Ontem a noite teve a festa do Midsummer…”.
Ele me disse que só bebe no verão e mostrou no bolso interno da jaqueta uma garrafinha de whisky.
Finalmente o restaurante abriu.
Fui fazer o check in, mas meu quarto só ficaria pronto as 16hs.
Vou almoçar aqui mesmo e esperar. Pedi uma cerveja e sentei num canto com vista para o lago.
“Meu amigo” chega, pega meu copo e fala: “vamos sentar ali, você não é um "lonely rider", é? "
Logo aparece um outro jovem (como eu e motoqueiro como ele) com uma sanfona na mão…
Começa a tocar e a cantar.
Meu amigo fala que sou do Brasil e pede para o Kawasaki tocar um samba para mim.
A essa altura já havia várias pessoas no restaurante…
Viva o Brasil!
Depois de um tempo, meu amigo diz: "se precisar de alguma coisa fala comigo. Preciso falar com os outros. Tudo bem?”.
Mais tarde sai para fotografar o lago e a pista de esqui.
As fotos do lago ficaram do jeito que eu queria, da pista de esqui não.
Da pista de esqui, não retratam o que eu vi.
Vou tentar tirar outras fotos, por hora um link sobre Ruka:
E chove, e o sol aparece, e chove e o sol aparece, e chove…
Coragem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário