sábado, 31 de dezembro de 2011

Quando o fim está próximo...


“E ai como vai Monta?”.

“Fernando? Quando tempo cara... o que aconteceu que não mandou mais notícias? Tudo bem por ai? Continua no Maranhão?”

“Não quis te ligar antes de me recuperar do trauma... Há 3 meses fui atropelado por um motorista bêbado... Aqui em São João do Carú também acontece isto! Fiquei internado por quase um mês... quebrei a bacia, duas costelas e tive várias fraturas no braço esquerdo... Estou muito melhor agora, mas praticamente perdi os movimentos do braço e da mão esquerda... Pensei que fosse morrer...”.

“Puxa vida, por que não me ligou? Eu iria te visitar e te ajudar de alguma forma...”.

“Monta, quando o fim está próximo, ou você acredita que está próximo, seu mundo muda... Seus valores ficam estremecidos... O que é importante pra você, deixa de ser importante. O que te motiva a fazer e a acontecer, perde toda a força... De repente, você se torna o Guardador de Rebanhos do Fernando Pessoa... Você sente na pele o significado do que é existir... Todo o resto é pequeno, não tem valor...

Eu comecei a questionar o que fazia aqui, neste fim de mundo, sozinho, tentando ajudar estranhos que nem sabem que precisam de ajuda... Eu é quem precisava de ajuda e não tinha ninguém...

Nessa hora você sente que seus sonhos, adiados pela pressão do dia-a-dia, nunca se realizarão... É uma sensação de frustração indescritível...

Aquele filho da puta bêbado não tinha o direito de mudar o meu mundo!

Eu queria continuar vivendo na ilusão... Eu preferia não saber que o único significado das coisas é que não existe significado algum... É muito melhor acreditar que existe um propósito...

Monta, tô te ligando hoje, neste último dia do ano para te dizer 2 coisas:

1o Quando seu avô dizia ‘carrego comigo todos os meus bens’ ele sabia o que estava falando... eu senti exatamente isto quando estava no hospital... Vou repensar o que fazer com o tempo que me resta...

2o Vou voltar para Itu. Deixei meu trabalho! Na segunda semana de janeiro te ligo pra tomarmos um chopp na pizzaria ao lado da sua casa. Tudo bem?

...Ah, nada mais uma coisa. Hoje vou beber bastante. A meia noite, vou ouvir, no último volume, a abertura de Strauss, Also Sprach Zarathustra. Meu ritual de passagem a la Stanley Kubrick...”.

"FELIZ ANO NOVO!"

sábado, 3 de dezembro de 2011

42º Aniversário do Dia Mundial da Terra







22 de Abril de 2012

Neste Dia da Terra precisamos mobilizar o planeta para simplesmente dizer uma coisa:

A Terra não pode esperar!

Questões ambientais têm sido postas em segundo plano por estarmos no meio de uma recessão global.

No entanto, os problemas que a Terra enfrenta não diminuirão simplesmente porque optamos por ignorá-los. Continuamos injetando toneladas de CO2 na atmosfera. Nossos rios, córregos, lagos e oceanos permanecem poluídos, juntamente com o nosso ar. Virou rotina vazamentos de óleo, rompimentos de óleo duto e notícias sobre novas minas de carvão em operação.

Até quando os políticos vão ignorar a realidade?

Está na hora de nossos líderes nos colocar no caminho da sustentabilidade e gerenciar a economia levando o meio ambiente a sério.

Os associados do Dia da Terra continuarão trabalhando para atingir sua meta de 1 bilhão de ações verdes antes do encontro RIO +20, aqui no Brasil, em Junho de 2012.

Precisamos mobilizar indivíduos e grupos para tornar o Dia da Terra o maior movimento ambiental de todos os tempos. Milhões de pessoas em todo mundo está participando e tomando iniciativas verdes.

Para reflexão:

Estou realmente fazendo tudo o que posso?

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Meu Presente de 16 anos e a Mediocridade

Semana passada decidi rever o conteúdo do meu arquivo “Pastas Pessoais” que estava mofando no escritório. Encontrei muitas preciosidades, entre elas, o presente que meu avô me entregou em 1968, no dia do meu aniversário: Uma mensagem escrita por ele, a lápis, em folha de caderno escolar e colocada num simples envelope branco, onde se lê: “Para meu querido neto”.

Me recordo que aquele dia foi a última vez que vi meu avô vivo. Faleceu algumas semanas depois sem ter conseguido passar a mesma mensagem para seus outros 4 netos mais novos...

Para ele, o aniversário de 16 anos é o mais importante da vida de uma pessoa. Representa o momento de escolher entre trilhar o caminho da mediocridade ou o da sabedoria. Para ele nossas chances de enxergar o mundo e não se tornar “mais um medíocre a andar sem rumo pela vida” depende muito da “qualidade do berço” que herdamos de nossos pais. Filhos de uma “família pobre” (de valores) tem muito menos chances do que os filhos nascidos numa “família rica”. A qualidade do berço nos dá uma vantagem inicial, uma possibilidade maior de realização pessoal, não uma garantia.

“Luiz, aos 16 anos inicia-se a nossa segunda chance. O momento de marcar nossas escolhas! O que você quer? Ser medíocre, ter uma vida medíocre e sem perspectivas? Ser dependente dos outros? Ser dependente do prazer imediato? Ficar preso no eterno esperar: Esperar por dias melhores? Esperar pelo final de semana com sol? Esperar pelo amor de sua vida? Esperar pelo salário do final do mês?... O que você quer?”

“Se somente depois que a barriga crescer e o cabelo ficar grisalho você perceber que não fez tudo o que poderia ter feito e que está infeliz com sua vida... mau sinal... sinal de escolha errada, lá trás! Tarde demais para reclamar! Não culpe este seu velho avô. Você estará colhendo o que plantou... por outro lado, se você olhar para trás e sentir orgulho da sua vida e a vontade de viajar, de aprender, de acontecer continuarem latentes, parabéns! Você, provavelmente, acertou...”

“... medíocres escolhem sempre o caminho mais fácil e imediato... no futuro tornam-se pessoas amargas e infelizes... percebem que o tempo passou e eles não fizeram o que deveriam...culpam outras pessoas ou situações das quais não eles têm controle...”

“...Veja o meu caso... Sou feliz! Se pudesse começar de novo, faria as mesmas escolhas... Como você, eu também recebi esta mensagem aos 16 anos!...”

“Luiz, ser medíocre não vale a pena! A opção do caminho fácil e do prazer imediato tem um preço alto. A conta vem com juros... Coragem!”

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Vergonha Nacional (Americana...)


Como pode a pré-candidata ao cargo de Presidente do país mais rico do mundo sugerir que o Furacão Irene era simplesmente uma maneira que Deus encontrou para chamar atenção do Congresso Americano?

Mais um “suposto líder americano” a defender que os desastres naturais são castigos de Deus... Já não bastou o pastor texano John Hagee afirmar que o Katrina foi enviado a New Orleans para protestar contra a parada gay ou o famoso tele evangelista Pat Robertson que associou o Katrina às discussões sobre o aborto?

Como pode uma sociedade tão rica ter pessoas tão ignorantes em posições tão estratégicas?

Michelle Bachmann, você é o mais novo símbolo do lado mais obscuro e retrógrado do partido Republicano. Uma vergonha nacional!

Tenho certeza que você não passará pelas primárias e não representará nem os republicanos. Ou será que existem tantos ignorantes assim num país que gerou Martin Luther King, Obama, Steve Jobs, Bill Gates e a Universidade de Stanford?

Os líderes de um país refletem o seu povo e os seus sonhos, as suas necessidades, suas intenções...

Quando olhamos para o Brasil não vemos (ainda) essa ignorância religiosa e medieval no poder.

Vemos líderes sem valores morais, corruptos, manipuladores que querem tirar vantagem de tudo e dão um jeitinho para tudo.

A voz dos líderes é a voz do povo!

A voz do povo é a voz de Deus!

A ignorância sempre foi útil e santificada, já muito antes das cruzadas...

Tudo isto acabará um dia ou esta ignorância acabará com a humanidade...

Parafraseando Fernando: “No futuro, a humanidade será constituídas por ateus, pessoas éticas e ecológicas, na sua maioria...”

segunda-feira, 30 de maio de 2011

NÓS VALEMOS PELO QUE POSSUÍMOS


Minha empregada tem o cartão de crédito uma grande loja de roupas.

Seu cartão foi clonado. Fizeram 2 compras em 2 lojas de games no Morumbi num total de 1.500 reais. Fizeram 3 refeições, no mesmo dia, no mesmo local, no valor de 350 reais.

Com a fatura em mãos ela vai até o banco para explicar que ela não fez estas compras e recebe a informação que tem que pagar a fatura se não seu nome vai ao SERASA, “...pois, o banco não vai ficar no prejuízo”. Ela solicita os boletos com as assinaturas. Jura que não fez as compras. O atendente se recusa a mostrar e afirma que ela não tem o direito de vê-los, mas oferece um empréstimo para ela pagar as despesas (que não fez) em 12 vezes...

Se ela não fosse uma pessoa tão humilde seria tratada com tanto desrespeito?

Que treinamento esse banco dá para seus funcionários?

Sinto-me envergonhado, pois tenho conta neste banco.

Num país sem valores, num país que políticos ficam milionários em um mandato, onde a educação, a criminalidade, a burocracia e a corrupção se nivelam aos piores países do mundo, o que se pode esperar?

NÓS VALEMOS PELO QUE POSSUÍMOS. O tratamento que recebemos depende do nosso saldo bancário, da nossa aparência e do nosso círculo de relacionamentos. Esse é o Brasil de todos...

“Boas instituições são criações de seus participantes”. Então, como se avalia um banco que tem funcionários que trata seus clientes desta forma?

Infelizmente, esse banco é o reflexo da cultura que ainda domina neste país...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Nota zero para os governantes!

Cada senador custa ao Brasil 33 milhões de reais por ano, segundo o estudo da Transparência Brasil.


A professora Amanda Gurgel, do Rio Grande do Norte, aquela que deu “Nota zero para os governantes!” recebe de salário R$ 930,00...

Nosso Palocci compra um apto de 6,6 milhões, um escritório de 883 mil, aumenta o valor de seus bens em 20 vezes e o líder do PT no senado, o ilustre Humberto Costa acha que "As explicações dadas pelo ministro são perfeitamente aceitáveis para o governo e para a sociedade”...

Como disse Amanda:
“Eu falaria aos governantes para deixarem de usar essa máscara de pessoas sérias, honestas, e que tratassem os educadores como eles merecem.”




quarta-feira, 18 de maio de 2011

sábado, 7 de maio de 2011

A tecnologia vai revolucionar a educação


A nova era dos livros digitais está chegando.
"Our Choice" de Al Gore poderá ver "lido" no Ipad e no Iphone.
E tem gente que acredita que o livro em papel não vai acabar!!!

Vale a pena conferir.

domingo, 24 de abril de 2011

A Eutanásia e a Dignidade Humana


Ontem, na Kalunga, depois de muitos anos encontrei Lucia, uma velha amiga, enfermeira aposentada, cristã com C maiúsculo. Depois de um longo abraço digno da família Silva e das falas óbvias de anos sem contato, ela solta: “Ainda é tarado por um chopp escuro?”. Acenei positivamente com a cabeça, supresso com a pergunta fora do contexto. Sem pestanejar, ela me puxa pelo braço, deixo as compras na gondola e lá vamos nós, brindar o acaso...

Lucia é uma pessoa simpática, divertida, de bem com a vida, uma Polyanna dos tempos modernos... Atualmente está servindo de cuidadora (trabalho voluntário) de um idoso com câncer que teve AVC e está há mais 6 meses de cama. Fiquei chocado com as coisas que me contou. Dar banho, limpar, trocar a fralda, passar pomada nas feridas, conversar e tentar animar quem já desistiu de viver... “Como você consegue manter este astral tão prá cima?”

Eu e Lucia temos crenças radicalmente diferentes. Sou Ateu e ela Cristã, ambos de fé inquestionável em suas crenças, mas, sempre respeitamos este abismo entre nossa forma de entender a vida. A química que nos faz sentir tão bem um com o outro está, quem sabe, por sentirmos lá no fundo que somos pessoas “humanas” e “dignas”...

Eu admiro o que ela faz. Eu não conseguiria fazê-lo... Não julgo porque o faz!

Muito tempo será necessário ainda para que a lei permita que as pessoas tenham o direito de escolher como e quando terminar com seu sofrimento. Valores, sempre soube, são determinantes e o grande direcionador das ações humanas!

Depois de compartilhar 3 chopps, muita história do passado e sonhos para o futuro, nos despedimos com a emoção de quem não mais verá o outro por mais um longo tempo.

Volto para comprar o papel A4 e os cartuchos para a impressora e na fila do caixa escuto uma voz conhecida: “Monta, você por aqui! Ah, quanto tempo, heim? E a vida?...”

Era o Marcio, um velho amigo dos tempos da Philips!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O dilema existencial e o futuro


“Se queremos viver na plena consciência da existência, então a nossa maior necessidade e a nossa mais difícil realização é encontrarmos um sentido para a vida”.

Bettellheim, 1991.

Muita gente perde o entusiasmo e a vontade de “crescer como ser humano” cedo demais... Não encontraram sentido para suas vidas. Transformam-se numa massa amorfa que consome e se reproduz banalizando a existência com sua ignorância de significado...

A compreensão do sentido da vida não se adquire de repente ou com a idade. Esta conquista é o resultado de uma longa evolução que começa na infância. É resultado das inúmeras jornadas interiores nas diversas fases da vida.

É verdade, “O Brasil vem avançando tijolo por tijolo nas últimas décadas”. Mas, será que a velocidade é adequada?

O “choque de realidade” precisa ocorrer, não só na política, mas na sociedade brasileira como um todo. Nossos valores precisam ser revistos. Nossa população cresceu demais, em número, sem rumo e propósito. Tornou-se objeto de fácil manipulação. Líderes e ídolos surgem e desaparecem rapidamente por falta de consistência. Não temos padrões dignos de referência... Neste contexto, a futilidade do BBB espelha a vida fora da telinha...

Estamos perdendo a luta para a mediocridade...


domingo, 3 de abril de 2011

A Necessidade é a Força Motriz do Universo


Energia nuclear não é uma alternativa aceitável.

Ponto final.

Se esta fosse a visão dos governantes, a tecnologia para geração de energia solar e eólica estariam mais desenvolvidas.

A própria sociedade continua aceitando passivamente o uso da energia nuclear.

Os acidentes de Tcheliabínsk, Chernobyl, Three Mile Island e Angra 1 não serviram de lição. O terremoto seguido do tsunami que afetou a usina nuclear de Fukushima no Japão também não. Qual o tamanho da catástrofe que fará a sociedade acordar e assumir que existem riscos que não podemos correr? Não são “somente” centenas de milhares de vida em jogo. É a existência da humanidade que está em jogo!!!

A Natureza já não deu sinais suficientes de que precisamos repensar nossos pressupostos?

A Necessidade é a Força Motriz.

Precisamos de energia. Energia é uma necessidade para a manutenção da qualidade de vida. Se a nuclear não for considerada uma opção, investimento e tempo serão gastos em alternativas menos danosas. Precisamos que a sociedade se manifeste para boicotar a criação de novas usinas nucleares e lutar para o fechamento das mais de 400 usinas espalhadas pelo mundo!

Não às usinas nucleares!

“All truth goes through three stages. First it is ridiculed. Then it is violently opposed. Finally it is accepted as self-evident.” Schopenhauer

terça-feira, 29 de março de 2011

A morte alimenta a vida


Adeus, meu querido lutador.
Com você aprendi que a presença da morte alimenta nossa vontade de viver e muda o foco dos nossos desejos...
As intrigas do ambiente corporativo, a inveja, as ambições fúteis e as comparações sociais impostas pela cultura do consumo perdem o significado frente a consciência da proximidade do fim...
Você me falou que a sua luta se justificava por ter conseguido SENTIR o significado da vida.
Obrigado por tudo.


quinta-feira, 3 de março de 2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Meu avô, o empreiteiro e os catadores de laranja


Só tenho boas recordações de meu avô Caetano...

Na adolescência, eu costumava passar as férias em Americana. Me lembro bem da sua casa branca caiada de telhado vermelho, da varanda enorme que circundava a casa toda, do terreno cheio de flores e dos canteiros de couve, de alface e cenoura, do pequeno galinheiro e a em grande destaque, o poço com sarilho de madeira. Como eu gostava de tirar água do poço só para sentir aquele momento mágico de jogar o balde no vazio e, segundos depois escutá-lo tocar no fundo escuro. E, depois fazer um esforço enorme para rodar a manivela daquela velha roldana com catraca...

Meu avô era um daqueles autodidatas, que lia almanaques de farmácia, Seleções e tudo que caia em suas mãos sem nunca ter estudado além do primário. Gostava de Mozart num ambiente onde só se ouvia música sertaneja... Preparava seu cigarro de palha como se fosse um ritual religioso, mas dizia que era para eu ficar longe deste vício “maldito”...

Ontem me lembrei dele.

Contratamos um empreiteiro para reformar nosso apto. Ele tem várias frentes de trabalho. Um grupo que quebra parede e piso, depois tira o entulho e sai de cena. Ai entram os que cuidam da hidráulica e da elétrica. Na sequencia entram outros, do acabamento das paredes (com gesso) e da colocação do piso. Cada grupo recebe em função de um indicador de atividade, metros lineares de rodapés tirados, área de piso removida, sacos de entulho colocados na caçamba e assim por diante. Os vários grupos não formam uma equipe. Existem vários grupos que executam a mesma atividade. Nem sempre um grupo conhece o grupo que virá depois dele. Mas, todos trabalham em função do seu indicador de desempenho e remunerados por ele.

Consequências deste modelo: “Faço minha parte e vou embora”. Sem boa coordenação dificilmente surge a preocupação com o processo todo ou com o cliente interno.

Acontece algo semelhante ao que meu avô me contou quando trabalhou como catador de laranjas. O fazendeiro pagava por caixa de laranja colhida. Todo mundo queria pegar as que estavam mais em baixo. Aqueles que tinham que pegar as laranjas mais altas eram prejudicados. No caso do empreiteiro algo semelhante ocorre. O grupo anterior, visando maximizar sua performance, acaba deixando “rebarbas” para o grupo seguinte. “Retirei 100 metros de rodapés. Recebi por 100 metros. Se a parede ficou irregular, o colocador de rodapés resolve depois...”.

Maximizar as partes, não significa maximizar o todo.

O todo é maior do que a soma das partes. As interações são importantes!

Meu avô descobriu isto catando laranjas... O empreiteiro ainda não...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

GANHEI UM KIMONO


A campainha tocou. Para minha surpresa vejo Fernando com um pacote de presentes na mão. Ele não dava sinal de vida há mais de 8 meses...

“Trouxe um quimono de presente pra você!”

Depois de um grande abraço:

“A última vez que tive notícias suas, você estava no Maranhão prestando trabalho voluntário em São João do Carú. Por onde andou?”

“Viajei por ai e, depois fiz a Peregrinação dos 88 Templos Sagrados de Shikoku. Foram 60 dias, 1.300 Km rodeando a ilha de Sikoku no sul do Japão...”

“O que?”

“No passado do Japão Feudal, a ilha de Shikoku era dividida em 4 regiões: por isto o nome SHI (quatro) e KOKU ( regiões). Apesar da ilha estar próxima de Osaka e Kyoto, a ilha é um lugar ainda “remoto” e pouco conhecido pelos turistas... Por mais de 1.000 anos, os “o-henro” (peregrinos) seguem os passos do grande budista Kobo-Daishi que morreu no ano 835..."

“Mais do que ninguem você sabe que:

Caminhar é viver. Cada caminhada é uma vida... "

"Diferente de você, eu não tiro fotos das minhas caminhadas... Não guardo recordações em papel... Carrego comigo todos os meus bens que são minhas emoções, minhas lembranças, minhas experiências..."

"Esta trilha é interessante, você deveria fazê-la, apesar de ter muito asfalto pro nosso gosto... Dormi em shukubu (acomodações oferecidos nos templos), em minshuku (casa de familia), em camping, albergue da juventude e até debaixo de ponte... Não sou budista, não tenho religião, mas esta jornada faz a gente pensar... você se livra de tanto lixo... mas, eu passei aqui hoje pra te entregar este quimono, não para filosofar. Um dia destes eu te ligo e a gente se fala...”

Tão inesperadamente quanto chegou, partiu.