quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Ecos de uma Amizade

 


Eu e Motta, ainda jovens fizemos um pacto,

Tão simples quanto o correr do sangue.

Não precisávamos de palavras grandiosas,

Apenas da verdade de estarmos juntos.


Bebíamos cerveja e falávamos de coisas,

Como quem olha o céu e vê nuvens passar.

A música nos embalava, natural como o vento,

Sem precisarmos entender, só sentir.


Pensávamos na velhice como quem pensa no amanhã,

Sem pressa, sem medo, apenas existindo.

A despedida veio como vem a noite,

Inesperada, mas parte do que é real.


Escolhemos músicas para o fim,

Como quem escolhe flores num campo.

Mas a morte não segue nossas listas,

Ela vem como vem a chuva ou o sol.


Meu amigo partiu antes da música tocar,

Como uma folha que cai antes do outono.

Sigo, pois seguir é o que fazemos,

Como o rio que corre sem questionar.


Vivo cada dia como se fosse único,

Não por medo, mas por ser verdade.

A música da vida toca sempre,

Basta estar atento para ouvi-la.


Montanari

Lembrando do nosso acordo de quem adoecesse gravemente primeiro deveria fazer o outro ouvir sua 'música escolhida' para aquele momento final…

Mesmo que estivesse com  Alzheimer ou em coma” e nada lembrasse. 

Ele havia escolhido “Gloria" de Vivaldi e eu  Réquiem de Mozart.  Infelizmente, sua morte repentina não permitiu cumprir minha parte do trato…

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