terça-feira, 10 de maio de 2022

SOL DA MEIA NOITE

 


Viajar só é preciso. 

O destino? 

Qualquer que seja este destino, esta jornada será sempre um encontro consigo mesmo. 

Foi o que aconteceu comigo quando, sentado lá em Nordkapp, no chão,  ouvindo as músicas que amo e vendo o sol da meia noite! 

Tive a oportunidade de refletir como foi importante para mim aquela viagem solitária de triciclo. 

Como me sentiria se nunca conseguisse realizá-la? 

Depois dos 65, a consciência da morte me afetou de forma muito profunda. Senti a necessidade de me libertar da rotina e dedicar o maior tempo possível para realizar aqueles sonhos sufocados pelos compromissos cotidianos: 

-Uma longa viagem solitária; 

-Percorrer o Caminho de Santiago novamente; 

-Ver a Aurora Boreal; 

-Visitar a Universidade de Uppsala na Suécia para apaziguar a mágoa de não ter utilizado a bolsa de estudos que ganhei após a conclusão do curso de graduação; 

-Escrever outro livro; 

-Brincar com meus netos. 

Quantas pendências ainda preciso eliminar para partir com serenidade?

Para um ateu, como eu, que reconhece o imenso valor de estar vivo, de possuir a capacidade de poder pensar, sentir e se emocionar, a responsabilidade de querer deixar de existir é enorme. 

Quando minha lista de sonhos a realizar for a zero, qual a razão para eu continuar vivendo? 

Reconheço que não vivo para servir outros. Sou escravo de mim mesmo. Sou prisioneiro de minhas necessidades e sonhos, mas de forma alguma, ficaria ou seria feliz causando sofrimento ou prejudicando outros. Meus valores morais guiam minhas ações. 

Minha vida só tem sentido se estiver enriquecendo meus sentimentos e experiências alinhada com minha visão de mundo. 

Olhando aquele espetáculo da natureza, senti que tenho, ainda, muito que crescer, aprender e viajar... 


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