Não sei bem o que estava sentindo. Talvez o caminhar solitário, a melancolia por estar concluindo o Caminho, não sei… Pensar no fim é triste… Pensar que um ciclo estava acabando…
Um poema de Mario Quintana me veio a mente:
"Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente…"
Talvez, por ciúmes por não ter sido citado, meu amigo Fernando Pessoa me alerta:
Não digas nada!
Não, nem a verdade!
Há tanta suavidade
Em nada se dizer
E tudo se entender —
De sentir e de ver...
Não digas nada!
E o velho poeta português volta a sussurrar baixinho na minha cabeça:
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Entendi a mensagem…
Coloquei meus fones de ouvido e comecei a ouvir o trecho "Wir Setzen Uns Mit Tränen Nieder" do Evangelho segundo São Mateus de Bach… Adoro caminhar ouvindo música…
Em Melide, 7.000 habitantes, há a o encontro de dois dos Caminhos: o Francês com o Primitivo. A história desta cidade sempre foi ligada à peregrinação e esta é uma das razões pelas quais ela existe.
Apesar de ser pequena a cidade oferece mais de 30 opções de alojamento, desde albergues, pensões, casas rurais e hotéis e dezenas de restaurantes. Foi uma boa decisão parar aqui.
Capítulo 44 do meu ebook: Encantos e Encontros no Caminho de Santiago
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