quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Seremos todos Ateus!



Segundo o “Advanced Theological Studies Group of Chicago”, do qual Walter faz parte, em no máximo 200 anos, a grande maioria da humanidade não mais acreditará num deus individual.

Seremos todos ateus...

Segundo eles, as religiões podem ser classificadas em 3 grandes grupos.

As tradicionais (Cristianismo, Judaísmo, Islamismo etc.), as modernas (Bahái, Espiritismo etc.) e as caça níqueis (comuns no Brasil. e as primeiras que desaparecerão).

A porcentagem de ateus na população varia de país para país. O quadro abaixo representa a situação atual, segundo os dados que Walter me passou.

País

% de Ateus Agnósticos

Suécia

46%

Dinamarca

43%

Noruega

31%

Holanda

30%

Finlândia

30%

Alemanha

28%

Estônia

27%

Estados Unidos

9%

Muitas pessoas nos Estados Unidos não se declaram ateus por conveniência, conservadorismo e receio da reação da comunidade.

“Existe ainda, muita hipocrisia sobre este assunto”

O grupo, segundo Walter, prevê que este comportamento irá mudar.

“Pelas nossas projeções os próximos 50 anos serão de grandes mudanças para os americanos. As pessoas começam a sair do armário! Por enquanto, nada significativo. Mas, os números, em pouco tempo, começarão a gerar discussão na mídia... Ateus não são articulados como os criacionistas ou judeus, mas isto também irá mudar...”

Como disse o poeta (e ateu) John Hantington:

“A Terra é somente um grão de areia na praia do Universo...

Só que é um grão especial, muito especial, onde a vida floresce e se pode ouvir Beethoven...

O paraíso é aqui!

A religião do futuro será o culto à ecologia, ao verde, à natureza.

O homem passará a entender sua condição privilegiada no Universo.

As sangrentas e estúpidas guerras religiosas do passado e as que ainda hoje vivenciamos, desaparecerão!

“A religião foi sempre a grande vilã responsável pelo atraso do desenvolvimento da humanidade...”

Eu e Fernando discutimos muito sobre estas projeções. Difícil acreditar como podem fazer projeções para 200 anos...

Mas, achamos que a tendência é inevitável.

Um dia, a humanidade será mais Humana e deixará de matar em nome de deus.

Até lá, continuaremos a assistir “milagres” na televisão, jogadores famosos, ignorantes, e ingênuos sendo manipulados, fanáticos explodindo bombas e hipócritas defendendo a isenção de impostos de atividades religiosas, tudo para o bem do povo...

Amém!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A importância de trocar as meias e o trabalho em equipe




Tivemos sorte, chegamos numa semana ensolarada do início do verão, ideal para caminhadas.

Não fazia frio e o céu azul intenso deixava o pico branco das montanhas ainda mais convidativo.

Eu e a Marlene sempre gostamos de caminhar sozinhos. Só nós dois. Já tínhamos tido experiências negativas caminhando em grupo, mas, nossos colegas insistiram tanto que fomos num grupo de 12 pessoas pro Canadá com o objetivo fazer a trilha do “Kananaskis Alpine Traverse”.

Culpa nossa. Já havíamos feito esta trilha 3 anos atrás. Compartilhamos com eles nossas “histórias” tão empolgadamente que ficaram com vontade de fazê-la também. Sem falar com a gente, Fernando juntou o grupo, organizou a aquisição das passagens, vistos, lista das roupas e itens da mochila. Depois de tudo pronto, fomos intimados a servir de “guias”...

Eu e Marlene ficamos muito chateados. Nem todos tinham experiência em caminhadas longas. Dois casais nunca tinham acampado. Fernando estava levando a irmã e o namorado, Valdir, que nem conhecíamos.

Antes de sair do Brasil, reunimos todos eles, falamos da importância de não carregar absolutamente nada a mais na mochila. Da importância de cuidar bem dos pés. Inspecionamos as meias e botas que estariam usando. Uma bota inadequada ou não amaciada anteciparia o final da jornada. Praticamos pequenas trilhas com as mochilas carregadas, fizemos o pessoal montar e desmontar as barracas e, até cozinhar... Assinamos um código de conduta. Ficou claro (pelo menos, eu acreditava que sim) que era necessário respeitar os limites de cada um e as diretrizes dos guias (eu e Marlene).

Neste tipo de jornada nós confiamos nossa segurança nas forças e fraquezas dos outros. Trabalho em equipe é essencial.

Parecia tudo bem. Saímos do Brasil num alto astral. Todo mundo animado.

Passamos 3 dias em Vancouver para fazer um pouco de turismo e aquecimento... De lá um vôo até Calgary e de Calgary, de ônibus para Canmore, nosso ponto de partida.

O primeiro dia de trilha, paisagens lindíssimas ao redor do Upper Lake, passamos por Hidden Lake e acampamos perto Aster Lake.

Nenhum incidente de destaque, exceto o aborrecimento de conter o ímpeto do Valdir e da namorada, que aceleravam o passo e passavam a nossa frente. Por duas ou 3 vezes, tivemos que lembrá-los do nosso acordo.

Nesta região o resgate é bastante complicado. Todo cuidado é pouco.

No segundo dia, a meta era chegar a Northover ridge. Uma caminhada de pouco mais de 10 km, porém subiríamos cerca de 1.000 metros. Bastante cansativa e mais perigosa. Desta vez, Valdir tornou-se um problema. Por ser mais jovem e possuir melhor preparo física que os outros, achou que podia desrespeitar nossas limitações e sentir-se livre do grupo. Ele e a namorada queriam tirar o máximo do passeio, explorar a região e tirar fotografias em pontos fora da trilha. Se afastar do grupo, em trilhas como essa, é um grande risco.

Apesar do verão e céu azul, durante o dia a temperatura média é de uns 12 graus, a água dos rios gelada e o tempo pode piorar rapidamente nesta região. Para a altitude que estávamos nos dirigindo encontra-se neve congelada. Manter os pés secos e aquecidos é absolutamente necessário.

Por causa do esforço, nossas camisetas e meias ficam úmidas de suor, mas não sentimos frio durante a caminhada.

Quando paramos para montar o acampamento, as coisas mudam. O vento frio passa a incomodar. A primeira coisa que temos que fazer é trocar a roupa que está em contato com o corpo, principalmente meias.

No final da tarde, quando paramos para armar as barracas, Valdir, sentindo-se bem, só colocou um agasalho mais quente, apesar de nossa insistência da necessidade de trocar as meias e a roupa de baixo imediatamente. Depois de arrumar suas coisas e ficar conversando e revendo as fotos, comeu bem pouco e foi dormir.

No meio da noite, sua namorada entra na nossa barraca assustada. Valdir estava tremendo muito, cheio de calafrios. Não estava nada bem.

À noite a temperatura cai bastante. A camiseta e principalmente as meias “úmidas” roubam o calor do corpo de forma impressionante.

Por não nos ouvir, por não assumir a responsabilidade por si mesmo, Valdir colocou todos nós e nosso projeto em risco.

Quando um projeto depende do trabalho de equipe, não pode haver estrelismos.

Precisamos entender que outros dependem de nós e nós dependemos de outras pessoas.

Não dá para querer ser o herói ou resolver tudo sozinho. Não tem essa de querer chegar primeiro. Se houver competição entre os membros do grupo, não haverá vencedores. Todos perderão.

A experiência acumulada e a cultura do grupo precisam ser respeitadas. Pequenos detalhes, para os recém-chegados, como trocar as meias e a camiseta suada, não podem ser desprezados ou ignorados sem antes entender o porquê. Comunicação, transparência e confiança mútua são os ingredientes básicos de uma boa relação na equipe.

Quanto maior o risco do empreendimento, mais espírito de “equipe” o grupo precisa ter.

Valdir aprendeu a lição. O grupo todo teve que voltar para Canmore. Perdemos 6 dias de nossas férias. Fernando e a namorada ficaram com ele. E nós, o resto do grupo, sem nenhum sentimento de culpa reiniciamos a trilha do marco zero.

Cansados, mas felizes, numa noite escura de poucas estrelas, cantamos “La Montanara” pela vitória de ter concluído o “Kananaskis Alpine Traverse” chegando ao pico do Sir Douglas.

Para Valdir nunca mais se esquecer do significado de equipe tiramos uma foto do grupo, no topo da montanha, com nossa bandeira improvisada: uma meia pendurada na ponta de nosso bastão de trekking...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mercadante e a falta de Líderes



O renomado Instituto Suíço IMD acaba de publicar o ranking da competitividade das nações de 2009.

Aluísio Mercadante afirmou no seu twiter que iria pedir demissão da liderança do partido, no Senado, em caráter irrevogável, mas volta atrás no dia seguinte.

Segundo o relatório do IMD daqui a mais ou menos 25 anos o Brasil passará a ser reconhecido como um centro de desenvolvimento de tecnologia. Segundo eles, vamos crescer e tornarmos muito mais competitivos...

Apesar de toda a incompetência de nossos políticos? Será que o IMD não subestimou o poder que esta massa amorfa, corrupta e que trabalha somente em prol de si mesma tem de atravancar o crescimento do Brasil?

Este mesmo relatório prevê que o Brasil, por volta de 2020, criará excelentes oportunidades de emprego para Gerentes. Competências nas áreas de marketing, finanças e estratégia serão muito valorizadas pelo mercado.

O IMD está superestimando o crescimento brasileiro ou subestimando a capacidade de nossas escolas de administração de formar rapidamente gerentes e líderes competentes? Escolas de administração não faltam neste pais... Boas escolas?

O IMD é um instituto sério e respeitado. Esta análise levou em conta 329 variáveis. Dados reais e históricos foram levados em consideração nas projeções. De fato, nosso país tem potencial. Infelizmente, desconhecido pela maioria dos brasileiros.

A incompetência de Mercadante em lidar com a situação que tinha nas mãos tem um significado muito maior do que aparenta. Demonstra a falta de liderança desta geração que se submete aos Paulo Duques, aos Sarneys e aos velhos políticos não alinhados com o futuro e com a ética. Jovens promissores, como Aluísio Mercadante, não têm o direito de fracassar com o dever de cumprir o papel de líder. Jovens promissores não têm o direito de se omitir na concretização do nosso crescimento.

Mercadante, você foi uma decepção.

Pelo menos, você servirá como um estudo de caso acadêmico sobre liderança.

Sua hora de agir era aquela e você fraquejou. Aprendemos com exemplos!

LIDERAR É SERVIR.

LIDERAR É FAZER ACONTECER.

Liderar é ajudar seus liderados a crescer e atingir seu potencial. Sua decisão, sua omissão, injustificável, demonstrou que faltam a você os atributos necessários a jovens líderes que o Brasil tanto precisa. Você perdeu o trem da mudança!

Sinceramente, espero que o IMD esteja certo.

Espero que toda esta velha geração de duques e sarneys inúteis e esta nova geração de mercadantes hesitantes, em breve, sejam coisas do passado para que este pais possa se tornar um país de primeiro mundo, em 30 anos...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Políticos, Eleitores e o Erro Fundamental de Atribuição



Walter perdeu seu pai aos 6 anos. Sua mãe, uma dona da casa determinada deu um duro danado para criá-lo.

Pelo que sei, Walter sempre estudou a noite. Começou trabalhar cedo. Aos 12 já lavava peças numa oficina de autos no Bom Pastor.

Seu sonho era ser engenheiro. Com sacrifício conseguiu entrar na FEI.

Trabalhou por 6 anos, em Ribeirão Pires na Fábrica Constanta Eletrotécnica, no 3º turno, enquanto cursava a faculdade.

Sua vida era uma loucura. Os colegas o ajudaram muito. Desdobravam-se para fazer o seu serviço, enquanto tirava um cochilo prolongado no vestiário na hora da janta. Ele literalmente foi adotado pelos colegas. Se cotizaram e cada dia um trazia de casa a “marmita para Waltinho”. Ajudavam em tudo que podiam. Queriam vê-lo engenheiro e longe do chão de fábrica. E conseguiram...

A Constanta fechou as portas.

Walter está há muitos anos nos Estados Unidos.

O caso dele me faz acreditar que não é tão difícil assim fazer a diferença para alguém. Basta querer e estar no ambiente adequado.

A situação que vivemos é determinante para a formação do nosso caráter. Walter é a prova viva disto. Seus colegas e seu ambiente de trabalho foram mais importantes que sua própria mãe para a formação de sua personalidade.

Quando vejo nossos senadores na tribuna, complacentes, displicentes, arrogantes, discursando e defendendo o indefensável, penso que a falta de caráter destes políticos tem mais haver com o ambiente e a situação que vivem do que com a formação que receberam.

Um amigo psicólogo me disse: “Caráter é mais um pacote de hábitos, tendências e interesses dependentes das circunstâncias e do contexto, do que traço fundamental das pessoas”.

HONESTIDADE DEPENDE MUITO DA SITUAÇÃO E DO CONTEXTO!

A única saída para este país é mudar o “contexto” de Brasília. Precisamos criar o clima, o estado de espírito sonhador, o contexto que viviam aqueles trabalhadores que tinham como meta ver um deles se tornar engenheiro...

RENOVAÇÃO É O QUE PRECISAMOS.

Sem massa crítica, sem muitos políticos novos não vamos mudar esta pouca vergonha que virou o PT, o PMDB e o nosso SENADO. O "Contexto" vai continuar a ditar o padrão de comportamento e o caráter de quem pisar lá.

NÃO REELEJA NINGUÉM!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A crença precede a prática


As crenças, os valores norteiam a vida das pessoas e das Instituições.

A prática, as atitudes refletem de maneira inegável os verdadeiros valores e crenças.

As palavras servem como referência para análise dos valores que estas pessoas e Instituições querem exteriorizar.

Como confiar ou mesmo tolerar um político, um gestor, ou uma Instituição cuja pregação, as palavras não refletem as atitudes do seu dia-a-dia?

Somos o que praticamos, não o que dizemos que acreditamos.

Quais os verdadeiros valores e crenças dos líderes da Igreja Renascer, pegos e presos por entrar nos Estados Unidos com mais de 50mil dólares não declarados, escondidos numa bíblia?

Quais os verdadeiros valores de Maluf que diz teatralmente que não tem dinheiro no exterior?

O que pensar de Sarney, Paulo Duque, Calheiros, Collor e tantos outros senadores?

Edir Macedo e a Igreja Universal foram complacentes com desvio de dinheiro de doações? Dá para acreditar na declaração dos valores desta Instituição?

E agora paira dúvidas sobre Dilma. Dilma mentiu no caso do dossiê dos cartões? Dilma pediu ou não agilização nas investigações contra empresas da família Sarney? Mentiu no currículo Lattes sobre seu mestrado e doutorado? Fez parte do curso, não concluiu. Então não tem o título de Mestre. Sabia do erro? Se ela foi complacente com este “pequeno” engano, que outros desvios foram ou serão tolerados?

Pessoas públicas e Instituições não podem ser COMPLACENTES com desvios.

Nós podemos tolerar divergências entre palavras e atitudes de Instituições e figuras públicas. TOLERÂNCIA ZERO À COMPLACÊNCIA.

Não existe outra maneira da humanidade se desenvolver com dignidade.

“Os fins justificam os meios” é uma prática inaceitável, pois esconde os verdadeiros valores de quem a pratica.

domingo, 9 de agosto de 2009

Nós também podemos?

Adaptação do discurso de Obama de 05/11/2008 para nossa situação

“O que os cínicos não entendem é que o chão IRÁ SE MOVER SOB sob eles...

... As discussões políticas mofadas que nos consumiram por tanto tempo não servem mais.

PRECISAMOS proclamar o fim dos sentimentos mesquinhos e das falsas promessas, das recriminações e dos dogmas desgastados que por tanto tempo estrangularam nossa política...

... Ainda somos uma nação jovem...

... Nossa jornada de tomar atalhos ou de nos conformar com menos PRECISA ACABAR...

... Chegou o tempo de reafirmar nosso espírito resistente; de escolher nossa melhor história; de levar adiante ESTE SONHO, essa ideia nobre DE JUSTIÇA, DE ÉTICA E COMPETÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA...

Nossos trabalhadores não são menos produtivos do que NENHUM OUTRO.

Nossas mentes não são menos criativas, nossos produtos e serviços não menos necessários do que foram na semana passada, no mês passado ou no ano passado.

Nossa capacidade É MUITO MAIOR DO QUE A MAIORIA DOS BRASILEIROS IMAGINA.

Mas nosso tempo de repudiar mudanças, de proteger interesses limitados e de protelar decisões desagradáveis -- esse tempo certamente já passou.

... PRECISANOS nos ERGUER, sacudir a poeira e começar o trabalho de refazer O BRASIL....

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A mulher, o gay e o negro


Eu disse que não iria, mas a Marlene insistiu tanto que fomos pra Boituva.

O preço: distensão no pé esquerdo e 2 dias de molho sem poder andar...

Mesmo assim valeu a pena. O salto foi muito legal.

Também foi muito legal receber Fernando em casa com uma garrafa do Almaviva e 3 filmes em DVD.

“A idéia é discutirmos enquanto bebemos. Já que você não pode fazer nada mesmo...”.

Nem terminei de contar como havia sido o acidente e Fernando me interrompe:

“Tá na hora. Vou nos conectar com o Walter via Skype e ligar o DVD...”

A tecnologia (e o pé enfaixado) permitiu que, nós aqui e Walter lá em Chicago, conversássemos e assistíssemos simultaneamente os mesmos filmes:

A Troca com Angelina Jolie, Milk com Sean Penn e Quase Deuses com Mos Def.

A intenção foi a de usar os filmes para alavancar uma discussão sobre a evolução do comportamento social e imaginar o que será o mundo daqui a 50 anos...

“A humanidade ainda está na sua adolescência. O entendimento é pequeno, mas a arrogância e o poder de destruição são grandes... Todo este preconceito, esta ignorância, essa mediocridade, essa visão de mundo atrelada ao próprio umbigo vão passar. Nossos valores e comportamento coletivo irão mudar...“

O problema é que nosso dia-a-dia nos consome, nos sufoca e não nos deixa enxergar para frente... Por isto, precisamos, de tempos em tempos, olhar para trás e refletir. Estamos caminhando.

“Devagar e nem todos no mesmo ritmo, mas, os blogs, a tecnologia de comunicação, os pés quebrados vão dar uma forcinha...” satirizou Walter.

PS.: Assistam os filmes e pensem a respeito.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Cerebro estressado, triciclo e o desenvolvimento pessoal


A gripe suína nos afastou da Patagônia.

Achamos mais prudente adiar o passeio, não pelo medo de ficar doente, mas pelo risco de afetar nossos familiares.

Foi até melhor, pois Fernando nos convidou para passar uma semana em seu sítio de Campos. Estranhamos, pois pouquíssimas pessoas tiveram o privilégio de visitar seu refúgio (“meu santuário” como diz ele).

E o mais espetacular é que lá, pude dar uma volta no seu triciclo: um Carver!!! O sonho dos sonhos dos amantes de triciclos. ( http://www.carver-engineering.com/ )

Como não poderia deixar de ser, tivemos uma longa e interessante discussão, via Skype, com Walter (que está novamente em Chicago).

"Se você quer que seu filho vá bem na escola", nos disse Walter, relatando uma das mensagens do novo livro do professor Medina, "ame sua esposa, pois não existe melhor previsor de boa performance acadêmica do que um lar harmônico".

"O cara tá certo", pondera Fernando. "Cérebros estressados na infância, não só não atingem seu potencial, mas também carregam marcas para sempre. Veja o meu caso. Fiz 60 anos dia 13 de junho, mas todos os pesadelos que tenho, mesmo sonhando coisas atuais, acontecem na casa ou no bairro que eu morava quanto tinha uns 7 anos. Com certeza, meus pais, sem saber, afetaram e continuam afetando minha vida... (positiva e negativamente)”.

Nossa conclusão:

Quem tem dependente é dependente e não tem a liberdade que, infelizmente, acredita que tenha (por falta de maturidade). Responsabilidade pela qualidade de vida de outra pessoa cresce com o desenvolvimento pessoal.

sábado, 25 de julho de 2009

Fome, Filiação e Desenvolvimento


O sol do Maranhão afetou a visão de mundo do Fernando.

Neste final de semana, depois de longa ausência, nos encontramos no nosso bar preferido. O telão estava ligado, o bar cheio de torcedores entusiasmados com o desempenho do Ronaldão, que acabara de fazer seu segundo gol na partida... No meio da gritaria de comemoração, Fernando berra:

"Isto é subdesenvolvimento"!

Ainda bem que ninguém prestou atenção.

"Que é isto Fernando?", pergunto assustado com a eventual reação que poderia ter sido provocada pela mistura 'cerveja e multidão empolgada'.

"Andei pensando e cheguei a conclusão que filiação é o maior indicador do subdesenvolvimento da humanidade".

Olhe para trás: tribos, clãs, feudos... Quantos crimes foram e ainda continuam sendo cometidos por causa da visão limitada por dogmas religiosos e políticos?"

Após uma pausa para esvaziar seu copo, ele continua no mesmo tom:

"Imagine-se daqui a 1.000 anos. Você realmente acredita que encontrará esse fanatismo irracional de seguidores religiosos, políticos e até de torcedores?"

Esse provincianismo, esse bairrismo existe porque o homem ainda não entendeu sua condição privilegiada no universo. Ele não enxerga além do seu cotidiano. Seu mundo mais se parece com uma novela de intrigas da rede Globo...

"O sentimento da necessidade do fim da filiação será o primeiro passo para o desenvolvimento da humanidade".

“Até que isto aconteça muito gol será comemorado com fervor, muita gente irá morrer em nome de sua pátria ou de seu deus”.

"Um brinde ao futuro e ao desenvolvimento dos “afiliados” ao respeito à natureza e amor à vida"

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ghandi, “Pizzaiolos” e Palhaços


A frase de Ghandi diz tudo: “Devemos nos transformar na mudança que queremos ver”.

Nosso esperto presidente e nossos dignos e confiáveis senadores dão a demonstração clara da mudança que querem ver neste país: “Nenhuma”. Afinal de contas quem se lixa para a opinião pública? São tão “volúveis”! Como disse o extremamente crível e imparcial presidente do conselho de ética, senador Paulo Duque.

Cada vez mais me convenço que esta geração, que está no poder, não tem a mínima condição de entender o significado e a extensão da mensagem de Gandhi.

E, pelo jeito que agem, demonstram que a manutenção do “status quo” é o que interessa a eles.

Valores como honestidade, respeito pela vida e pelo direito dos demais se constrói (na família, na Nação, ou em qualquer Instituição) com o exemplo efetivamente praticado pela Liderança (pais, políticos e gestores), a todo instante, haja o que houver!

Como podemos esperar que um filho seja integro se vê diariamente, mesmo em pequenos gestos, o pai não agindo de acordo com sua pregação? Como respeitar um gestor casado que “sai” com sua funcionária? (Se ele trai a esposa e mãe de seus filhos, que garantias temos que não vai trair os funcionários e a empresa?). Como respeitar e aceitar um político que se “lixa” para a opinião pública? Que diz que não tem dinheiro no exterior e o próprio banco diz o contrário? Ou cujo patrimônio cresce assustadoramente, em poucos anos de mandato? Ou aquele que abraça e elogia publicamente o antigo adversário, antes inimigo mortal por ser corrupto?

Fora Sarney e todos os que o apóiam.

Sim! Essa geração de políticos está perdida. Infelizmente, eles são o exemplo da dignidade existente neste país. E nós, o povo, os eleitores, os cidadãos deste Brasil somos apenas “palhaços volúveis” (copiando o linguajar enfático do presidente) que não sabem o que querem e nem sabem demonstrá-lo...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Irresponsabilidade e Fantasia

Fernando me ligou a cobrar de São João do Carú. Estava indignado. Seu celular e sua carteira “sumiram” no segundo dia de jornada. Havia partido de Zé Doca e passaria por Santa Inês, Monção, Penalva e retornaria a Zé Doca. Seriam 16 dias de caminhada pelo Maranhão.

“... O grande culpado é o Sarney. Este homem é o símbolo do político que deve ser banido do Brasil. Um irresponsável, um...” (e outra dezena de adjetivos impublicáveis).

“E nossa carga tributária é praticamente a mesma da Holanda. Muito maior do que a dos Estados Unidos, Bélgica e Suíça... como pode? Estes políticos são incompetentes, safados, ...” e mais 2 minutos de atributos. Afinal, era eu quem estava pagando a conta... (Ligação internacional, via Embratel...)

“Venha caminhar por estas bandas pra você entender o que estou falando. Entender não, “sentir” é a palavra correta”.

Ele tinha razão.

Eu havia escolhido outra jornada. Pieterpad, 237 km de outro mundo, outra realidade. Estava a 3 dias do meu destino, quando ele me ligou para “trocar umas palavras”.

Diferentemente de Fernando, estou cansado da nossa realidade. Cansado da nossa pequenez mental, do nosso subdesenvolvimento, da vileza e incompetência de nossos gestores públicos (e Sarney é a bola da vez). Não quero mais enxergar nada disto. Já vi o bastante, já senti o bastante. Quero agora viver o sonho do que poderíamos ter sido (ou quem sabe seremos um dia, num futuro tão distante que não estarei vivo para ver).

Por isto escolhi caminhar na Holanda de van Gogh, em vez do Maranhão de Sarney.

Partimos de Peterburen com destino a Vorden. Uma trilha bem sinalizada e documentada. Você compra o livro-guia (somente em Holandês) que dá todo o trajeto, as opções de parada, o histórico de cada local, o endereço e telefone das famílias que hospedam os caminhantes em seus lares. Normalmente, casais de idosos, cujos filhos casaram e se mudaram, e seus quartos, agora vazios, se tornam fonte de renda adicional. Tudo legalizado, registrado e tornado público unicamente no livro guia desta trilha. Não se trata de Hostel ou B&D. São casas destinados exclusivamente às pessoas que fazem a Pieterpad.

Fantasia? Para nossa realidade e mentalidade, sim.

Numa cidadezinha chamada Ommen, eu e Marlene ficamos hospedados na residência de um casal super simpático. Nos entregou a chave para abrir (se necessário) a porta da sala que era trancada às 10 horas da noite (quando iam dormir). Antes disto, a porta ficava sempre aberta...

Numa outra casa, o proprietário era um motoqueiro “aposentado”. Sintonia total. Ligou para o filho, que morava a poucos quilometros dali, para trazer sua Harley modificada para eu dar uma volta...

Numa outra casa, ficamos no andar superior, onde havia 2 quartos, um banheiro, e no hall uma geladeira pequena com cerveja, vinho e refrigerante. Ao lado, uma mesinha bem arrumadinha, com vaso de flores, copos, talheres, muffins e chocolates, uma lista de preços e uma caixinha de moedas. Você pegava o que queria, pagava e, se precisasse havia moedas para o troco.

Que jornada! Que trilha maravilhosa! Que exemplo de organização e beleza, mantida pelo cidadão para o bem estar da coletividade.

O verdadeiro desenvolvimento social não é percebido pelo PIB, taxa de desemprego ou escolaridade. Segundo Fernando, o melhor é uma caminhada...

Será que um dia teremos a coragem de entregar as chaves de nossas casas para mochileiros desconhecidos?



sexta-feira, 3 de julho de 2009

Eleições, Vida e Morte


A perspectiva da morte torna insignificante as disputas cotidianas.

A vida, de repente, tem outra dimensão, a escala de valores se altera a tal ponto que conseguimos enxergar nossos problemas com isenção e sentir que, não eram problemas de verdade ou não eram, de forma alguma, graves.

A perspectiva da morte dá a verdadeira noção do significado da vida.

Qualquer candidato a qualquer cargo eletivo, deveria ter a personalidade de um “twice born” de William James, descrita no seu livro “The Varieties of Religious Experience”.

As pessoas “nascidas duas vezes” não tiveram uma vida fácil ou linear. Suas vidas foram marcadas por uma contínua luta para obtenção de um senso de ordem e identidade. Suas visões de mundo são bem diferentes das pessoas “nascidas uma vez”.

Para os “nascidos duas vezes” o senso do eu deriva de um sentimento de profunda separação.

O sentimento de “pertencer” é uma característica das pessoas nascidas uma vez. “Se alguém se sente como membro de instituições, contribuindo para o seu desenvolvimento, então esta pessoa preenche uma missão na vida e sente recompensada por ter um ideal. Esta recompensa transcende ganhos materiais e responde ao mais fundamental desejo de integridade pessoal que é obtido pela identificação com a instituição existente.

Líderes tendem a ser do tipo com personalidade ´nascido duas vezes´, pessoas que se sentem separadas de seus ambientes, incluindo outras pessoas. Eles podem trabalhar em organizações, mas nunca pertencem a ela.

O senso do que eles são não depende de “ser membro, afiliado”, regras de trabalho, ou outro indicador de identidade social.

O que parece surgir desta idéia de separação é alguma base para explicar porque certos indivíduos procuram oportunidades para mudança. A mudança pode ser em qualquer área, mas o objeto é o mesmo: alterar profundamente as relações humanas, econômicas, e políticas.

Líderes adotam uma atitude pessoal e ativa com relação às metas. Eles são ativos em vez de reativos, eles formulam ou moldam idéias em vez de responder a elas. A influência que os líderes exercem na alteração do estado de espírito, evocando imagens e expectativas, e estabelecendo desejos e objetivos específicos determinam a direção que o negócio toma. O resultado desta influência é mudar o modo das pessoas pensarem sobre o que é desejável, possível e necessário”.

Políticos e Reitores não podem ser simples “gestores nascidos uma vez”. Atributos como honestidade e integridade são tão básicos como saber ler e escrever e não os qualificam a se candidatarem a tal posto.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ghandi estava errado?


Quem faz menos do que pode, está roubando?

Walter está de volta aos States. O trio, filhos de Bias e da cerveja, virou novamente uma dupla.

Fernando pega uma faca com a mão direita e ergue seu copo, quase cheio, com a mão esquerda. Se levanta desajeitadamente arrastando a cadeira de madeira da nossa querida e sempre lotada pizzaria. Diz em voz teatral, batendo insistentemente no copo para chamar atenção: “Proponho um brinde”. Silêncio. Alguns risos de espanto e sua voz ecoa alto: Proponho um brinde ao Brasil. Este país de ladrões!”.

Após a eternidade de 2 segundos de paralisia e silêncio, a pizzaria volta ao normal, o movimento, o tintilar de talheres e a sinfonia de vozes e risos...

“Que foi isto?” Pergunto, puxando Fernando de volta ao seu lugar.

“Um brinde. Ficou claro que Gandhi errou. Quem não faz o que deve, é quem rouba. Então este é um país de ladrões. Acabamos de discutir como temos tantos gerentes, diretores, reitores, assessores e principalmente políticos gastam tempo e energia se articulando, se promovendo, fazendo conluio e intrigas, em vez de construir o diálogo, de escutar, de alinhar as pessoas em torno de um objetivo comum. Liderar é servir. Quanta falta de visão... Nossa visão de mundo determina nossas ações no presente e nosso destino no futuro.”

“Coragem. Brindo com você, porque sei e vivo o que fala. Tim-tim”.

“Lembra do último sábado? ‘Carrego comigo todos os meus bens . Nossos bens são nossos pensamentos, nossas emoções e principalmente, nossos valores que, alias ficam cada vez mais valiosos diante de tanta baixaria, vileza, e insignificância metafísica de nossos gestores’ .

Lembrei do meu avô Caetano: “Perdoe e Esqueça. Eles não sabem o que deveriam saber.”

Para meu próprio espanto e vergonha, agora sou eu quem se levanta e grita:

“Um viva pró avô Caetano”. (Quem disse que umas cervejinhas fazem mal...)