domingo, 15 de novembro de 2009

A era da irresponsabilidade e a convergência mundial


O escândalo do anúncio dos bônus milionários para os CEO´s de empresas americanas quando estas anunciavam prejuízos bilionários foi o prenúncio do fim da era da irresponsabilidade.

Uma era onde diretores administravam suas organizações em função dos seus polpudos bônus.

Pelo bônus vale a pena correr todos os riscos. Afinal, o dinheiro é dos acionistas.

Acertando, bônus. Errando? Pensão milionária...

À medida que estes benefícios desproporcionais tornarem-se público, à medida que a população deixar de ser platéia e passar a participar, as desigualdades diminuirão.

Não dá para poucos continuarem ganhando em detrimento de muitos. O sistema não se sustenta com tanto desequilíbrio.

A convergência para um mundo mais justo, mais digno, mais ético é uma questão de sobrevivência.

Basta olhar para a história da humanidade... O progresso é inevitável.

Aqueles que se beneficiam do “status quo” fazem de tudo para atrasar o progresso.

A idéia é “se servir’ das organizações (sejam elas públicas ou privadas) o máximo que podem.

Que responsabilidade têm estes “afortunados” para com a coletividade?

Que penalidade sofrem por não cumprirem seu papel?

Até quando acharemos aceitável um diretor irresponsável afundar uma empresa e receber uma pensão de milhões de dólares?

Liderar é servir!

Max de Pree disse que um bom líder deixa 2 coisas por onde passa:

1º Herança.

2º Ativos

Por Herança, ele quer dizer seus valores que norteiam a organização.

Por ativos, ele quer dizer resultados positivos, processos melhores, uma empresa saudável.

O fim da era da irresponsabilidade começou com a queda do muro de Berlin, tornou-se pública com o escândalo dos bônus de Wall Street e culminará com o degelo total do Pólo Norte.

Infelizmente, o preço a pagar pelo amadurecimento será muito alto...

O auto-engano, a religião e a convergência mundial

A religião do futuro será a ecologia.

Igrejas caça-níqueis ficarão vazias.

Deuses serão abandonados.

Falsos profetas, vendedores de curas milagrosas, cairão no ostracismo.

A era do auto-engano chegará ao fim.

O estrago provocado pela reação da natureza despertará a humanidade. Abrirá os olhos dos crentes tapados. Proverá significado para os perdidos. Ampliará a visão limitada dos segregacionistas.

A percepção da irreversibilidade das catástrofes naturais, das secas, das chuvas, do degelo dos pólos, do aumento do nível dos oceanos será a prova inquestionável do primitivismo e a pequenez da mentalidade humana.

A certeza da iminência do fim despertará a consciência para a vida.

A reação da natureza ao excesso de consumo humano será o estopim para o realinhamento dos nossos valores.

Infelizmente, o preço do amadurecimento será muito alto.

Apesar de antever as consequências da irresponsabilidade, promessas vazias de redução dos níveis de emissão de CO2 continuarão a ser feitas por muitos anos mais.

O consumo continuará sendo o estilo de vida dominante.

A mudança do comportamento não interessa a ninguém.

O futuro, mesmo que provável, não tem a força e o encanto do presente imediato.

Mas, este futuro chegará...

domingo, 1 de novembro de 2009

O preconceito e o desenvolvimento


Não se iluda. O futuro será bem diferente.

Daqui a 50 anos, cenas atuais da violência urbana do Rio serão vistas com a mesma rupgnância que sentimos hoje quando vemos cenas passadas dos campos de concentração.

A consciência humana evolui exponencialmente.

Cinquenta anos atrás, o negro americano era totalmente discriminado, não frequentava a mesma escola do branco, nem poderia compartilhar com um branco do mesmo banco num ônibus.

Hoje, o presidente americano é negro.

A falta de ética, a corrupção na política, o comportamento vergonhoso de nossos senadores, a alienação da população com relação ao meio ambiente e a falta de cidadania serão vistas, no futuro, como vemos hoje, o primitivismo que imperava no velho oeste americano.

A cena da universitária que saiu da sala de aula da Uniban de São Bernardo do Campo, escoltada por policiais e hostilizada por centenas de alunos, é a manifestação deste subdesenvolvimento que ainda reina em nosso país.

Este comportamento primário, machista, esta falta de respeito ao “diferente” retrata bem a nossa consciência coletiva subdesenvolvida...

Infelizmente, estes universitários não se manifestam, com a mesma paixão, contra a corrupção, contra a pobreza, contra a mediocridade...

Mas, tudo isto vai passar.

A adolescência da consciência coletiva não vai durar para sempre. Mesmo no Brasil da lei de Gerson, no Brasil do jeitinho, no Brasil do “isto não é problema meu”...

Vamos amadurecer como sociedade!

Nossa cultura é o maior obstáculo a aceleração do crescimento.

Infelizmente, nossas universidades continuam dando provas que não entenderam que seu papel mais importante é o de desenvolver líderes capazes de inspirar jovens na construção de uma sociedade mais justa, mais humana e mais digna.

Por isto, outros caminham. Nós engatinhamos...

domingo, 25 de outubro de 2009

O usuário é culpado

Nunca vi o Walter tão exaltado.

Neste sábado falei com ele no Skype.

Me disse que, lá em Chicago, os últimos acontecimentos no Rio foram muito comentados. A derrubada do helicóptero pelos traficantes e as 40 mortes da semana reforçaram o sentimento da publicidade enganosa apresentada em Copenhague (que culminou com a escolha do Brasil como sede dos jogos Olímpicos de 2016).

“A realidade é bem diferente...”

“A propaganda está muito mais próxima do sonho do presidente Lula do que da realidade...”

“O Rio merecia ganhar? A situação em 2016 será diferente?”

Walter acredita que há muita hipocrisia na mídia por mostrar somente um lado do problema. “O usuário não tem responsabilidade alguma?”

Artistas, cantores, usuários da zona sul são apresentados em programas de televisão com muita complacência, como vítimas ou como heróis que enfrentaram o problema após anos de dependência...

“Se você comprar material roubado você é considerado receptador, criminoso. Se você comprar drogas de um traficante assassino, você é classificado “doente”, “dependente”. Faz sentido?”.

Se a justiça não permite punir o usuário, a mídia poderia ser menos tolerante.

Walter é radical neste tema.

“Se você tem um amigo usuário (mesmo eventual) você tem um amigo igualmente criminoso, que tem sangue nas mãos, que ajuda o traficante a apertar o gatilho.

Seu amigo alimenta a violência irresponsavelmente.

Se afaste dele...”

Grande Walter, você tem razão.

Somos muito tolerantes com desvios de conduta. Somos muito tolerantes com a incompetência de nossos dirigentes. Somos muito tolerantes com a mediocridade, somos muito tolerantes com a baixa performance.

Por isto elegemos e reelegemos corruptos, admiramos demagogos e achamos que tudo vai bem...

Afinal de contas, Deus é brasileiro, no final tudo dá certo...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Lula, o Brasil não precisa de que um ”Gerente Competente”. Precisa de um Líder de Verdade


Um líder que articule uma visão, que aponte uma direção e defina a realidade.

Uma dos atributos da liderança é a AUTENTICIDADE.

Um líder de verdade é a personificação da mudança que quer ver. Mais do que ninguém, ele sabe que os fins nunca justificam os meios.

Gandhi disse a seus seguidores que pela causa (da liberdade) estaria disposto a morrer e que não existe causa que estaria disposto a matar.

Como líder mostrou coerência com seus princípios, em todos os seus atos.

Um líder cria ressonância positiva, inspira as pessoas e motiva-as a trabalharem para um futuro melhor.

Stacy Allison, a primeira mulher americana a subir o monte Everest disse que “o líder serve as pessoas criando um propósito, tendo uma direção e um foco claro”.

Max de Pree disse que um líder precisa deixar uma “herança” por onde passa. E por herança, ele se refere aos valores e princípios do líder.

Um verdadeiro líder não troca seus princípios por votos ou apoio.

Dá para confiar em Dilma?

Dilma cria esta ressonância positiva? Consegue mobilizar o País?

Sua vida serve de modelo e inspiração para nossa juventude?

Consegue demonstrar que tem um propósito nobre?

Dilma deixou alguma “herança”? É diferente de outros políticos?

Alguém, com um mínimo de discernimento acredita que o mensalão não existiu?

Infelizmente, Dilma, você pode ser uma excelente gerente, mas, está longe de ser o presidente que o Brasil precisa.

Não perdi as esperanças. Um dia teremos um presidente (mesmo não ganhando prêmio Nobel) considerado um líder integro, competente, admirável que mobilizará as pessoas rumo à mudança que este país tanto precisa.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O dia das crianças, o sonho dos pais e a Curva do Berço


“O sonho de qualquer pai assalariado é que seu filho trabalhe na Google. O do meu pai era que eu trabalhasse na GM ou na Ford”, comenta Fernando.

“Outros tempos, outros valores. Ainda bem que eu não segui o conselho dele...”

Falamos muito sobre crianças neste 12 de outubro. Eu, me recuperando da gripe (suína?) e ele da perda de seu pai.

“Pais acham que sabem o que é melhor para seus filhos, mas se esquecem que suas referências foram construídas com histórias de sucesso e fracasso do passado...

A velocidade das mudanças está cada vez mais rápida... O ideal não é mais dizer que caminho seguir, mas as premissas para o sucesso ou fracasso! E, também o que significa sucesso ou fracasso...

Nesse ponto, lembramos da Curva do Berço, criada por Fernando há muitos anos atrás.

“Quem a conhece?”

A Curva do Berço nos mostra que a futura renda familiar média está intimamente ligada a “qualidade” do berço desta pessoa ao nascer.

Este gráfico é uma curva média. Importante lembrar que existem casos acima e abaixo da média. E que o perfil da curva também está mudando.

Mais importante ainda, é saber quais fatores levam uma pessoa a estar acima ou abaixo da média. Infelizmente, nem todos os fatores são controláveis. Fatores externos como oportunidade e sorte não podem ser desprezados. Mas, o mais importante são os fatores internos, que dependem da pessoa.

Neste ponto, os pais podem contribuir, e muito, com a futura renda familiar de seus filhos. “Não fazendo como meu pai fazia comigo, martelando a velho chavão: Estude se quiser ser alguém na vida!”

Por alguém, a geração dele queria dizer, ser médico, ser engenheiro ou mesmo ter um bom emprego numa empresa de renome.

Os pais da atualidade têm uma missão mais complexa. Precisam trabalhar com as crianças os fatores críticos para se obter ganhos acima da média. Precisam criar condições para que seus filhos sejam pessoas emocionalmente ajustadas, com valores bem definidos, pessoas determinadas, focadas e resilientes...

“Esta minha curva reforça como os pais, sem saberem, condenam seus filhos a um futuro medíocre...”

“Se soubessem, ou tivessem consciência, não teriam filhos”!

Coragem!

“Feliz dia das crianças!”







terça-feira, 6 de outubro de 2009

Compartilhar, este é o segredo!




Semana passada tive a oportunidade de assistir o filme “Na Natureza Selvagem”, dirigido por Sean Penn. Muito interessante.

Vale a pena assistir, não só pela música e pela fotografia, mas principalmente, pelas mensagens. A minha predileta: “A felicidade existe só se for compartilhada”.

Acredito piamente que a “Necessidade” é a “Força Motriz” do Universo.

É a “falta” que nos move, o “vazio”, a “carência”.

Precisamos nos “completar” para continuar existindo (este impulso está acima da nossa vontade).

Por isto, a “procura” incessante.

Alguns tentarão se “completar” com o “poder”, outros com o “status”, outros com a “religião” ou com a busca do “prazer” ou “bens materiais”. Existem muitas alternativas valorizadas ou rejeitadas socialmente.

O problema é que muitos não têm a oportunidade de refletir e entender a extensão do significado desta força que nos move.

A compulsão pela ação os cegam. São direcionados e controlados pela tremenda “carência”. Carência que faz com que “aconteçam”, “realizem”, “produzam”...

Poucos conseguem enxergar e sentir que a vida oferece mais do que “satisfazer” esta “necessidade” transcendental.

Somos privilegiados por temos lampejos de entendimento da nossa existência.

Infelizmente, para Hirsch (interpretando um caso real), só aconteceu com sua morte.

Vale a pena assistir e conferir.

domingo, 4 de outubro de 2009

A Transição e o Futuro









O pai do Fernando faleceu ontem de madrugada aos 82 anos.

Seu último dia foi como sempre viveu, “curtindo” cada momento da sua existência. Seu último pedido antes de perder a consciência: “meu mp3 a todo volume tocando Réquiem de Mozart”...

Nestes 2 últimos dias ficamos com ele quase todo o tempo.

Apesar da dificuldade para falar, não perdeu a oportunidade para ensinar mais uma lição. Nos falou da Transição.

“Transição faz parte da existência... Transições significativas nunca são fáceis... não existe certeza. Existe risco e dúvidas. Precisamos estar preparados para conseguir tirar proveito de cada nova fase”.

...Vemos transição em todo lugar, na política, na educação, na economia e na nossa vida pessoal...

A transição nem sempre é para melhor...

Nestes últimos tempos, a educação tem me preocupado muito (ele era professor)... Vejo tantos jovens perdidos, desperdiçando suas vidas...

Vejo cada crime na TV, quanta barbaridade!

Muitas pessoas não “estão” humanas. Fizeram a transição ao contrário... Não têm a capacidade para entender o significado do estar aqui, do privilégio de poder ver, sentir... Ouvir uma música... A música, a mais nobre criação do homem...

Quanta insanidade... Pessoas fazendo a mesma coisa, dia após dia, e esperando um resultado diferente! Estas pessoas precisam acordar... e, nascer para a vida...

...Eu? Fui feliz. As transições nunca me assustaram...

Agora, só quero ouvir música...”

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Os pássaros, a Liderança e a Evolução Institucional


Fernando voltou. Ficou 42 dias acampado em Jordão na Amazônia. Segundo ele, o objetivo “desta extravagância” foi o de vivenciar as convicções sobre o aprendizado do zoólogo Allan Wilson.

Para ser sincero, acredito que inventou uma boa desculpa para ficar tanto tempo pescando... De qualquer forma, a experiência que compartilhou conosco foi excepcional.

Apesar de tanta gente ainda acreditar na teoria criacionista (mas isto é outra história, veja “Deus, um delírio”, de Richard Dawkins), os seres vivos evoluem.

Tudo se passa como se possuíssem uma espécie de “relógio genético” inserido nos seus genes. Claro que nós, humanos, somos a espécie do “relógio” mais rápido.

Sabe qual é a segunda espécie mais evoluída?

A dos pássaros canoros!

Sim, esta espécie de pássaro teve uma evolução muito mais rápida do que prega a teoria tradicional: “as mudanças só ocorrem entre gerações, na medida em que as espécies bem-sucedidas se reproduzem com mais freqüência e a nova geração leva a frente os novos genes mais bem-sucedidos”.

Allan Wilson demonstrou que o comportamento daquela espécie, e não as mudanças ambientais, era a principal força propulsora da evolução !!!

Fernando, pescando e meditando ou meditando e pescando, fez uma associação muito interessante entre “ecologia” e “a liderança nas instituições”.

Se o objetivo é evoluir e crescer, as instituições precisam adotar um “comportamento” adequado!

O relógio da evolução depende mais do “comportamento institucional interno” do que do “meio ambiente”. Sem liderança visionária nenhuma instituição (empresa, universidade ou mesmo uma cidade) evolui.

Segundo, Fernando (plagiando Wilson), as instituições com relógio acelerado possuem 3 características:

1) Inovação: a capacidade ou potencial de inventar novos comportamentos, de desenvolver novas habilidades que lhes permitam explorar melhor o ambiente que vivem.

2) Propagação social: Toda instituição tem inovadores. A liderança precisa criar condições propicias para que haja uma comunicação, transmissão efetiva para toda a comunidade.

3) Mobilidade: A liderança precisa criar condições para que os indivíduos tenham a capacidade de se movimentar e fazer uso das novas habilidades. A forma mais efetiva disto ocorrer é o desenvolvimento do trabalho em equipes. O pensamento e o comportamento territorial é o maior símbolo do primitivismo institucional. É a opção pelo relógio que leva a extinção.

QUEM DISSE QUE PESCAR NÃO AJUDA A CLAREAR AS IDÉIAS?

domingo, 13 de setembro de 2009

Tem muito ladrão no Brasil !

Este país precisa mudar.

Alguém acredita que nosso sistema educacional esteja adequado para as demandas da Era do Conhecimento?

Alguém duvida que o Brasil não seja um País com enorme potencial de crescimento?


Alguém duvida que existam políticos corruptos ou coniventes com a corrupção?

Alguém duvida que o hábito enraizado de querer levar vantagem em tudo, que a falta de envolvimento e comprometimento com a comunidade e que o desrespeito as regras básicas de cidadania fazem parte do pernicioso “jeitinho brasileiro”?

Gandhi disse algo parecido com: “Quem não dá o melhor de si, rouba!”

Tem muito ladrão no Brasil!

Não dá para justificar a omissão com “tô fazendo minha parte, o resto que se dane” ou “eu já falei, e falei muito, cansei!”

Em todo lugar deste país se faz piada de políticos. Mais de 70% da população desconfia dos nossos dirigentes.

Da empregada doméstica ao executivo de multinacional, quem pode, não deixa seus filhos numa escola pública e não quer ser atendido pelo sistema público de saúde.

Sabemos dos problemas, mas parece que nos acomodamos.

“O Brasil é assim mesmo...”.

Precisamos mudar, mas, ainda não há o senso de urgência na população.

Por isto, continuamos a eleger Malufs, Collors e Sarneys.

Por isto, continuamos a jogar bitucas de cigarro pela janela do carro.

Por isto, continuamos a tomar “umas cervejinhas” e dirigir.

Por isto, vejo meu vizinho, na garagem do prédio, chamar os 2 elevadores de uma vez (Ele mora no 15º andar e só precisa de um elevador para chegar lá...).

Sabemos qual a atitude ideal e cidadã. Não falta informação. Falta comprometimento com o coletivo.

Psicólogos afirmam que o ambiente é o grande determinante do nosso comportamento. Talvez, o maior dos nossos problemas seja nosso ambiente, nossa cultura tolerante com a mediocridade, tolerante com a impunidade e tolerante com o “depois eu resolvo”...

Como mudar isto?

Segundo J.P. Kotter, a mudança nunca ocorrerá se for somente apoiada na razão.

A mudança só ocorrerá quando SENTIRMOS que precisamos mudar. A emoção enfraquece as barreiras e as resistências à mudança. A fórmula é: Ver e Sentir para Mudar!

A mídia tem um papel muito importante no processo de mudança cultural.

Mais do que ninguém a TV pode tocar as pessoas com imagens e mensagens dramáticas e, se transformar num instrumento efetivo de apoio a mudança do comportamento egocêntrico, individualista e conformista. Entretanto, a opção escolhida foi a de ser um instrumento de alienação e manipulação.

O que podemos fazer como indivíduos conscientes para contribuir com a mudança cultural do conformismo e da tolerância?

1- Ser e representar a mudança que queremos ver, a cada instante, em todo lugar.

2- Usar a internet com o objetivo de criar massa crítica sem heróis e anonimamente. Com um grande número de pessoas alinhadas se manifestando, é possível acelerar o processo de mudança. A grande mídia se sentirá então obrigada, a esta altura, a cumprir o seu papel social de contribuir com a formação de cidadãos conscientes e não só de consumidores impulsivos, telespectadores alienados ou contribuintes bitolados de dízimo.

Chega de ladrão!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Seremos todos Ateus!



Segundo o “Advanced Theological Studies Group of Chicago”, do qual Walter faz parte, em no máximo 200 anos, a grande maioria da humanidade não mais acreditará num deus individual.

Seremos todos ateus...

Segundo eles, as religiões podem ser classificadas em 3 grandes grupos.

As tradicionais (Cristianismo, Judaísmo, Islamismo etc.), as modernas (Bahái, Espiritismo etc.) e as caça níqueis (comuns no Brasil. e as primeiras que desaparecerão).

A porcentagem de ateus na população varia de país para país. O quadro abaixo representa a situação atual, segundo os dados que Walter me passou.

País

% de Ateus Agnósticos

Suécia

46%

Dinamarca

43%

Noruega

31%

Holanda

30%

Finlândia

30%

Alemanha

28%

Estônia

27%

Estados Unidos

9%

Muitas pessoas nos Estados Unidos não se declaram ateus por conveniência, conservadorismo e receio da reação da comunidade.

“Existe ainda, muita hipocrisia sobre este assunto”

O grupo, segundo Walter, prevê que este comportamento irá mudar.

“Pelas nossas projeções os próximos 50 anos serão de grandes mudanças para os americanos. As pessoas começam a sair do armário! Por enquanto, nada significativo. Mas, os números, em pouco tempo, começarão a gerar discussão na mídia... Ateus não são articulados como os criacionistas ou judeus, mas isto também irá mudar...”

Como disse o poeta (e ateu) John Hantington:

“A Terra é somente um grão de areia na praia do Universo...

Só que é um grão especial, muito especial, onde a vida floresce e se pode ouvir Beethoven...

O paraíso é aqui!

A religião do futuro será o culto à ecologia, ao verde, à natureza.

O homem passará a entender sua condição privilegiada no Universo.

As sangrentas e estúpidas guerras religiosas do passado e as que ainda hoje vivenciamos, desaparecerão!

“A religião foi sempre a grande vilã responsável pelo atraso do desenvolvimento da humanidade...”

Eu e Fernando discutimos muito sobre estas projeções. Difícil acreditar como podem fazer projeções para 200 anos...

Mas, achamos que a tendência é inevitável.

Um dia, a humanidade será mais Humana e deixará de matar em nome de deus.

Até lá, continuaremos a assistir “milagres” na televisão, jogadores famosos, ignorantes, e ingênuos sendo manipulados, fanáticos explodindo bombas e hipócritas defendendo a isenção de impostos de atividades religiosas, tudo para o bem do povo...

Amém!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A importância de trocar as meias e o trabalho em equipe




Tivemos sorte, chegamos numa semana ensolarada do início do verão, ideal para caminhadas.

Não fazia frio e o céu azul intenso deixava o pico branco das montanhas ainda mais convidativo.

Eu e a Marlene sempre gostamos de caminhar sozinhos. Só nós dois. Já tínhamos tido experiências negativas caminhando em grupo, mas, nossos colegas insistiram tanto que fomos num grupo de 12 pessoas pro Canadá com o objetivo fazer a trilha do “Kananaskis Alpine Traverse”.

Culpa nossa. Já havíamos feito esta trilha 3 anos atrás. Compartilhamos com eles nossas “histórias” tão empolgadamente que ficaram com vontade de fazê-la também. Sem falar com a gente, Fernando juntou o grupo, organizou a aquisição das passagens, vistos, lista das roupas e itens da mochila. Depois de tudo pronto, fomos intimados a servir de “guias”...

Eu e Marlene ficamos muito chateados. Nem todos tinham experiência em caminhadas longas. Dois casais nunca tinham acampado. Fernando estava levando a irmã e o namorado, Valdir, que nem conhecíamos.

Antes de sair do Brasil, reunimos todos eles, falamos da importância de não carregar absolutamente nada a mais na mochila. Da importância de cuidar bem dos pés. Inspecionamos as meias e botas que estariam usando. Uma bota inadequada ou não amaciada anteciparia o final da jornada. Praticamos pequenas trilhas com as mochilas carregadas, fizemos o pessoal montar e desmontar as barracas e, até cozinhar... Assinamos um código de conduta. Ficou claro (pelo menos, eu acreditava que sim) que era necessário respeitar os limites de cada um e as diretrizes dos guias (eu e Marlene).

Neste tipo de jornada nós confiamos nossa segurança nas forças e fraquezas dos outros. Trabalho em equipe é essencial.

Parecia tudo bem. Saímos do Brasil num alto astral. Todo mundo animado.

Passamos 3 dias em Vancouver para fazer um pouco de turismo e aquecimento... De lá um vôo até Calgary e de Calgary, de ônibus para Canmore, nosso ponto de partida.

O primeiro dia de trilha, paisagens lindíssimas ao redor do Upper Lake, passamos por Hidden Lake e acampamos perto Aster Lake.

Nenhum incidente de destaque, exceto o aborrecimento de conter o ímpeto do Valdir e da namorada, que aceleravam o passo e passavam a nossa frente. Por duas ou 3 vezes, tivemos que lembrá-los do nosso acordo.

Nesta região o resgate é bastante complicado. Todo cuidado é pouco.

No segundo dia, a meta era chegar a Northover ridge. Uma caminhada de pouco mais de 10 km, porém subiríamos cerca de 1.000 metros. Bastante cansativa e mais perigosa. Desta vez, Valdir tornou-se um problema. Por ser mais jovem e possuir melhor preparo física que os outros, achou que podia desrespeitar nossas limitações e sentir-se livre do grupo. Ele e a namorada queriam tirar o máximo do passeio, explorar a região e tirar fotografias em pontos fora da trilha. Se afastar do grupo, em trilhas como essa, é um grande risco.

Apesar do verão e céu azul, durante o dia a temperatura média é de uns 12 graus, a água dos rios gelada e o tempo pode piorar rapidamente nesta região. Para a altitude que estávamos nos dirigindo encontra-se neve congelada. Manter os pés secos e aquecidos é absolutamente necessário.

Por causa do esforço, nossas camisetas e meias ficam úmidas de suor, mas não sentimos frio durante a caminhada.

Quando paramos para montar o acampamento, as coisas mudam. O vento frio passa a incomodar. A primeira coisa que temos que fazer é trocar a roupa que está em contato com o corpo, principalmente meias.

No final da tarde, quando paramos para armar as barracas, Valdir, sentindo-se bem, só colocou um agasalho mais quente, apesar de nossa insistência da necessidade de trocar as meias e a roupa de baixo imediatamente. Depois de arrumar suas coisas e ficar conversando e revendo as fotos, comeu bem pouco e foi dormir.

No meio da noite, sua namorada entra na nossa barraca assustada. Valdir estava tremendo muito, cheio de calafrios. Não estava nada bem.

À noite a temperatura cai bastante. A camiseta e principalmente as meias “úmidas” roubam o calor do corpo de forma impressionante.

Por não nos ouvir, por não assumir a responsabilidade por si mesmo, Valdir colocou todos nós e nosso projeto em risco.

Quando um projeto depende do trabalho de equipe, não pode haver estrelismos.

Precisamos entender que outros dependem de nós e nós dependemos de outras pessoas.

Não dá para querer ser o herói ou resolver tudo sozinho. Não tem essa de querer chegar primeiro. Se houver competição entre os membros do grupo, não haverá vencedores. Todos perderão.

A experiência acumulada e a cultura do grupo precisam ser respeitadas. Pequenos detalhes, para os recém-chegados, como trocar as meias e a camiseta suada, não podem ser desprezados ou ignorados sem antes entender o porquê. Comunicação, transparência e confiança mútua são os ingredientes básicos de uma boa relação na equipe.

Quanto maior o risco do empreendimento, mais espírito de “equipe” o grupo precisa ter.

Valdir aprendeu a lição. O grupo todo teve que voltar para Canmore. Perdemos 6 dias de nossas férias. Fernando e a namorada ficaram com ele. E nós, o resto do grupo, sem nenhum sentimento de culpa reiniciamos a trilha do marco zero.

Cansados, mas felizes, numa noite escura de poucas estrelas, cantamos “La Montanara” pela vitória de ter concluído o “Kananaskis Alpine Traverse” chegando ao pico do Sir Douglas.

Para Valdir nunca mais se esquecer do significado de equipe tiramos uma foto do grupo, no topo da montanha, com nossa bandeira improvisada: uma meia pendurada na ponta de nosso bastão de trekking...