sexta-feira, 19 de junho de 2009

Líderes mediocres e a chuva

Chove, lá fora (como diria Fernando Pessoa)...

“Ótimo momento para reflexão”, digo a Walter e Fernando (o outro) ao pedir mais uma rodada de cerveja.

“É verdade”, suspira Walter, recém chegado dos States. “Estou de chefe novo. O cara é um texano boa gente, bonachão, gosta de olhar para a b... da mulherada, até parece brasileiro, mas como líder é mediocre. Prega gestão participativa, mas não tem noção do que fala. Não está percebendo o dano que vem causando no moral dos funcionários. Tentei conversar com ele o que eu entendia por gestão participativa. Indiquei a leitura de “A Stake in the Outcome”, “Leadership is an Art”, “Content Cow Gives Better Milk”. Vocês sabem, nosso be-a-bá… “

Após uma pequena pausa para molhar a garganta, continua o desabafo: “Falei sobre a importancia de todos os funcionários conhecerem os resultados financeiros da empresa, do “Glass Wall Management”, da implantação do “Business Balanced Scorecard”, cheguei a sugerir uma visita a Google e a Harley que fica a menos de 100Km de nossa empresa... Sabe o que ele fez? Me interrompeu dizendo que iria pensar no assunto e eu deveria sair, pois ele tinha uma reunião em 5 minutos.

No dia seguinte fui chamado no RH para falar com o gerente, um advogado que entende tudo de leis, mas nada de gestão. Ele LEU para mim, repito LEU 3 folhas de recomendações e disse que estava preocupado com ‘minha segurança’ “.

“O que você respondeu?”, fui logo perguntando, pois sabia do estilo pavio curto do meu amigo.

“Eu pensei na sua famosa frase: ‘Coragem, colega’ e escutei cabisbaixo, como se tivessem me intimidado. Eles gostam disto, de sentirem-se superiores... Vi que não valia a pena qualquer resposta, eles não tinham condições de entender... Quero continuar em Chicago. Esta gestão não vai durar muito... Vou ficar na minha... Antecipei minhas férias e, cá estou!”

Rimos e brindamos a isto como 3 adolecentes despreocupados e admiradores que somos de Bias, o filósofo: “Carrego comigo todos os meus bens!”

“Abaixo a mediocridade, com chuva ou sem chuva!”.

“Garçon, por favor, mais rodada...”

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Números não refletem a realidade


...228 mortos no acidente do vôo AF 447...

...confrontos entre indígenas e o Exército no Peru podem ter deixado mais de 50 mortos...

...44 crianças mortas, todas com menos de quatro anos, no incêndio da creche na cidade de Hermosillo, México...

Os números estão nos tornando cada vez mais insensíveis.

228, 50, 44... O que representam?

Quando vemos a foto e conhecemos a história e os sonhos de uma única pessoa destas listas, percebemos como as estatísticas da violência urbana, das guerras e das catástrofes nos passam despercebidas.

Estes números viraram tão rotineiros que perderam o significado.

“A expectativa é que 500 mil pessoas deixem o Vale do Swat em decorrência dos conflitos entre o exército paquistanês e talibãs...”.

500.000 pessoas, 500.000 sorrisos...

Nada disso importa.

“O universo gira em torno de mim. Eu sou minha prioridade. Eu sou o centro de minhas preocupações. Se eu não sentir, não é importante...”

Autoconsciência? Consciência social? Vontade independente?

Que importa?

Somos todos "humanos com o lóbulo frontal desenvolvido" e filhos de deus... 
Será?