domingo, 22 de fevereiro de 2009

Muitas, algumas ou nenhuma lágrima: uma questão de escolha!


Max de Pree disse que devemos deixar “uma herança” por onde passamos.

Por herança, ele se referia a nossa marca pessoal, nossos valores, nossas ações e atitudes que influenciam outros de maneira positiva (tanto na vida pessoal como profissional).

A morte de alguém sempre me fez refletir sobre este “dever” de tentar deixar “uma herança” para não sermos esquecidos.

Três casos recentes. Três situações diferentes. O mesmo questionamento: Se eu pudesse voltar no tempo, tentaria ser uma pessoa diferente?

Acácia, Margarida e Hortência se foram.

Acácia, amada e popular, viveu e morreu cercada por muitas pessoas. Seus 42 pares de sapatos e as dezenas de bolsas foram doados. Sensação estranha esta de sentir como vivemos acreditando que precisamos de tantas coisas... Carrego comigo todos os meus bens?

Margarida, respeitada e tolerada, viveu e morreu cercada por algumas poucas pessoas da família. Trabalhava para se manter ocupada. Não tinha tempo para olhar, ver e sentir o céu estrelado ou a beleza de uma tarde chuvosa. Inutilidades?

Hortência, incompreendida e impopular, viveu e morreu sozinha. Seu corpo foi descoberto uma semana após sua morte. Amigos? Se estou feliz e alinhado com meus valores, o que importa o resto do mundo?

Não dá para avaliar a grandiosidade de uma vida pela morte.

Cada um é único e fruto de suas possibilidades e, principalmente escolhas.

Não vai fazer a menor diferença para mim, quando eu me for, muitas ou nenhuma lágrima... mas, neste momento, enquanto vivo, os sorrisos e abraços são importantes !

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Eutanásia, Aborto e o Futuro


Liberdade é um conceito moderno e incompreendido por muitos.

Num futuro, não muito distante (estarei vivo para presenciar?), todas as atuais amarras religiosas, políticas e sociais que nos impedem de viver livremente, na sua plenitude, cairão por terra.

A sociedade será menos hipócrita e ignorante.

As religiões não mais serão necessárias e desaparecerão.

O bairrismo, o territorialismo e o conceito primitivo de nação serão sobrepujados pelo conceito mais amplo de “Ser Humano”.

Deixaremos de adorar símbolos, que tentam representar a grandiosidade que é viver, para simplesmente vivermos e sentirmos, livremente, como uma parte privilegiada deste universo (que somos) que tem consciência de sua existência fugaz.

Esta ânsia primitiva de querer marcar território, de possuir, de consumir deixará de ser a força motriz que move a sociedade, deixará de ser a expressão motivadora da existência humana.

O ser (o sentir, o viver, o ver, o entender) prevalecerá ao ter.

Discussões sobre a eutanásia, como no recente caso da italiana Eluana, que foi obrigada a ficar 17 anos vivendo em estado vegetativo, contra sua vontade, não mais existirão.

Casos como da americana, Terri Schiavo, 15 anos presa a equipamentos, enquanto recursos judiciais iam e vinham, e um grupo de pessoas se achava com autoridade moral para decidir se ela teria ou não o direito de uma “boa morte, morte doce, morte sem dor nem sofrimento” (eutanásia) serão lembrados como exemplo da ignorância e hipocrisia de uma época.

Todas as pessoas terão o direito de decidir sobre suas vidas e como desejam morrer. O sistema funcionará para assegurar as liberdades de escolhas.

O aborto será legalizado e embora raro, será aceito sem ressalvas.

Como temos muito a caminhar e aprender!

Como sociedade ainda não aprendemos a respeitar a vida e não entendemos o significado da sua grandiosidade.  

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Comportamento de viciado?


Muitas Instituições se comportam como um viciado.

O mecanismo básico de defesa (a qualquer vício) é a negação.

“Renunciar por quê?”... “Não tenho nada a esconder”... “Não tenho dinheiro no exterior”...

“Minha fortuna foi construída honestamente”... “Fazemos jus ao nosso salário”...

Quantas vezes ouvimos isto de nossos políticos?

A hipocrisia, o isolamento, a falta de percepção da realidade são maneiras comuns de viciados responderem a crise.

Mentem para si mesmos, pois não querem admitir seus desvios.

A hipocrisia toma conta do ambiente, pois ninguém expõe, com franqueza, o que pensa.

A busca frenética por mais “poder”, mais “dinheiro”, mais “tempo” (a satisfação está lá fora) é mecanismo de fuga de um viciado.

Não admitindo seus problemas, nunca conseguirão resolvê-los.

A ilusão de que tudo está sob controle acaba deteriorando a ética.

Eventos grotescos, altamente repugnantes não são Institucionalmente tratados de forma adequada.

Pelo fato de, neste País, termos ignorantes demais, esta falta de consciência, de valores e de ética na política é aceita como “normal”.

E o problema se arrasta...

A única saída para recuperar uma Instituição com comportamento de viciado é a avaliação externa.

Por esta razão, a imprensa e a população consciente precisam explicitar “o vício”: Comunicação é essencial!

Água mole em pedra dura...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Quantos planetas Terra são necessários para sustentar nosso estilo de vida?


Ontem estive em São Paulo num shopping center classe A.

Almocei comida mexicana, tomei um expresso numa livraria enquanto folheava 3 livros que havia separado para comprar. Felizmente,  só comprei 1 (pouco antes de chegar ao caixa, devolvi os outros 2). Por muito pouco, não troquei meu celular, que funciona muito bem e tem só 1 ano e alguns meses de uso. Uma de minhas lojas prediletas  anunciava descontos de até 70%. Entrei, e com muito pesar, me contive. “Só” levei 2 garrafas de um cabernet sauvignon chileno e 1 malbec argentino...  Antes de voltar para casa, de carro é claro, passei numa badalada cafeteria para tomar um frapuccino (venti!). Sem falar que durante a perigrinação entrei duas vezes numa loja de informática para namorar um laptop em carcaça de alumínio, bateria retangular (o supra-sumo da tecnologia), que num futuro próximo, desejo que substitua meu core2duo comprado há menos de 1 ano...

Como o consumo exerce um fascínio descabido nas pessoas...

Sempre que saio para fazer compras, procuro lembrar da minha “pegada ecológica” (ecological footprint). Esta medição me alerta “quantos planetas Terra seriam necessários, se todos os habitantes da Terra tivessem o mesmo padrão de vida que eu levo”.

Todos deveriam calcular sua “pegada ecológica”. Para os interessados:

http://www.footprintnetwork.org/en/index.php/GFN/page/calculators/

Apesar de toda a miséria dos países africanos e do baixo consumo dos países em desenvolvimento, nós , em 1 ano, consumimos recursos (e geramos resíduos) que a Terra leva 1,3 anos para produzir (e absorver).

Se todos os habitantes do planeta adotassem o estilo de vida americano,  seriam necessários quase 5 planetas Terra...

A veneração do consumo está muito errada, mas não temos consciência disto!

Não é a tôa que todos os filmes que retratam o futuro mostram o caos, a devastação, a decadência da humanidade: Nossas expectativas se realizam antés em nossas mentes...

Como não estarei aqui daqui a 50 anos, devo me preocupar?