domingo, 24 de janeiro de 2010

Olhos azuis, Corrupção e o Poder do Contexto


Em 1968, após a morte de Martin Luther King, a professora Jane Elliot de Riceville (uma cidadezinha do interior de Iowa, cuja população na sua maioria era branca e cristã) realizou um experimento interessante com seus alunos da 3a série.

Ela afirmou para a classe que os alunos de olhos azuis eram superiores, mais inteligentes e melhores que os de olhos castanhos. Estabeleceu privilégios para as crianças de olhos azuis, como por exemplo ficar mais tempo no recreio e ter exclusividade no uso dos brinquedos do playground, ao mesmo tempo passou a ser mais rigorosa com as crianças de olhos castanhos. Identificou as de olhos castanhos com um grande colar de tecido colorido para serem vistos de longe. Determinou que estas crianças não poderiam mais brincar com as de olhos azuis.

Na sala de aula usou todas as oportunidades para reforçar que as crianças de olhos azuis eram melhores, mais inteligentes e mais comportadas.

O que aconteceu?

As crianças de olhos azuis passaram a se sentir superiores e começaram a menosprezar as crianças de olhos castanhos. Uma das meninas, que usava óculos, no dia seguinte foi à escola sem eles para realçar seus olhos azuis...

A visão estereotipada da realidade é extremamente danosa à sociedade.

Durante o nazismo um ministro luterano disse: “Quando eles se voltaram contra os judeus, eu não era judeu e não fiz nada. Quando se voltaram contra os homossexuais, eu não era homossexual e não fiz nada. Quando se voltaram contra os ciganos, eu não era cigano e não fiz nada. Quando se voltaram contra mim, não havia ninguém para me defender...”.

Interessante que este comportamento de “a injustiça não está acontecendo contra mim, vou ficar na minha” foi observada no experimento.

As pessoas normalmente escolhem as situações que aceitarão ou rejeitarão. Elas podem mudar a situação por suas ações, influenciar outros na sua esfera social, e transformar o ambiente de muitas maneiras.

Somos agentes ativos com certa capacidade de influenciar o curso dos eventos que afetarão nossas vidas e moldar nossos destinos. Nosso comportamento e o da própria sociedade são afetados por fatores biológicos, mas principalmente por práticas e valores culturais. O ímpeto de adotar certo tipo de comportamento não vem de certo tipo e indivíduo, e sim de uma característica do ambiente.

O Poder do Contexto afirma que o comportamento é uma função do contexto social.

Atualmente, sabe-se que as situações sociais (regras, cargos, pressão do grupo, identidade grupal, presença de autoridade, símbolos de poder, pressão de tempo, estereótipos, semântica) exercem muito mais poder sobre as ações humanas do que tem sido reconhecido pelo público em geral.

Hartshorne e May constataram que a honestidade não é um traço fundamental de caráter. Honestidade sofre uma considerável influência da situação.

Sob a ótica desta teoria não devemos olhar o indivíduo como aquele que detém o controle exclusivo de seu comportamento, que age com vontade própria e, portanto é o único responsável por toda e qualquer ação sua. A realidade é menos romântica do que gostaríamos!

Fazendo um paralelo, posso inferir que o comportamento de nossos políticos de Brasília se parece com o das crianças de olhos azuis, durante o experimento!

O ambiente externo, “a sala de aula Brasília” está tão impregnada de práticas e valores que estimula nossos políticos a acreditarem que são “superiores, diferentes e especiais”.

Não vêem nada de errado em colocar dinheiro na meia ou na cueca. Acreditam que vamos engolir mentiras deslavadas como “compra de panetones” ou “não ter dinheiro no exterior” ou que seus bens patrimoniais cresceram enormemente por serem “bons empreendedores”...

Quem tem o direito de julgá-los? A final são políticos e “têm olhos azuis”.

Precisam de foro privilegiado!

E a população? Vai continuar tendo o mesmo comportamento complacente e alienado do ministro luterano?

A própria teoria do Contexto dá a solução:

PARA SE CRIAR UM MOVIMENTO CONTAGIANTE (e mudar esta situação) É PRECISO CRIAR VÁRIOS PEQUENOS MOVIMENTOS.

A internet é o mecanismo para o alastramento de novas idéias e informações, de uma pessoa ou pequenos grupos, para toda a sociedade. Só assim atingiremos massa crítica suficiente para abolir o preconceito, a corrupção, eliminar estereótipos e pressionar entidades a adotarem práticas éticas em seus ambientes.

O Brasil tem salvação!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Boas organizações são criações de seus participantes

Foram 13 dias caminhando.

Partimos de Pieterburen até chegarmos a Vorden. Fizemos 232 Km da trilha “Pieterpad”, que cruza a Holanda de Norte a Sul.

Todos as noites dormíamos em casas de famílias que destinam um ou dois quartos para quem faz esta trilha (tipo Bread & Breakfast para caminhantes). São acomodações cadastradas que você encontra no Guia de 163 páginas publicado pela Nivon. (infelizmente disponível somente em Holandês).

Na Holanda existem 40 Trilhas oficiais de Longa Distância (Lange Afstande Wandelpad, abreviação: LAW), sinalizadas, com guias ilustrados onde você encontra mapa por trecho, informações de cada região, endereço de acomodação etc.

Uma das maravilhas do primeiro mundo...

Caminhar na Holanda é uma maravilha: O país é plano, praticamente 30% fica abaixo do nível do mar. As trilhas são bem sinalizadas, mas você pode se perder se não ficar atento, principalmente nos pontos onde diferentes trilhas se cruzam. É muito seguro, as pessoas são atenciosas, a paisagem é linda, mesmo quando você cruza cidades. O ponto alto é a acomodação. Você dormirá, na maioria das vezes, em casas de aposentados cujos filhos se casaram e um ou dois quartos ficaram disponíveis. Eles adaptam a casa para receber “peregrinos”. O café da manhã é sempre muito bom e mais uma oportunidade de interação.

Em Hellendorn ficamos hospedados na casa de um casal supersimpático. Ele, nos “velhos” tempos era motoqueiro e adorava viajar. Eu disse que tinha um triciclo. Foi o começo de um longo papo que resultou num telefonema para o filho, que morava numa cidade vizinha, trazer sua moto para eu dar uma volta...

Em Schoonloo, quando cruzávamos uma fazenda, vi um avião da segunda guerra estacionado em frente de um casarão. Parei para conversar com o dono. Além de café com bolo, ganhei o direito de entrar no cockpit do avião tirar uma foto...

Numa outra cidade, fomos convidados a subir no telhado da casa para apreciar a vista da cidade...

Renda per capita, por si só, não é um bom indicador da qualidade de vida. Desenvolvimento de um povo e qualidade de vida de sua população incluem valores não mensuráveis como respeito e confiança no ser humano, cultura, amor ao trabalho, dignidade nas relações.

Em uma das casas que ficamos hospedados, ouvi um ditado que teve um impacto muito grande na minha maneira de ver as Instituições:

“Deus criou o mundo, nós, os Holandeses, criamos a Holanda”.

Ele tem toda razão.

Boas empresas (como ‘bons’ países) não acontecem por acaso.

São criações de seus participantes.

Parabéns a todas instituições cujos participantes, intencionalmente, trabalham para criar um ambiente melhor. Este é o caminho.

Participar. Sentir-se responsável.

Algumas fotos da nossa jornada: http://www.youtube.com/watch?v=ZIuSggOWnMg

domingo, 10 de janeiro de 2010

Falta Político com “P” maiúsculo no Brasil ou Arrudas e Andorinhas


Nunca vi tamanha cara de Pau... Como esse Arruda consegue?

Pedir perdão para ser “perdoado”?

Por que seus colegas não fazem a mesma coisa que a maçonaria de Brasília fez?

Não dá para perdoar. FORA!

Um cara de pau destes não pode ser membro de nenhuma instituição que se diga digna de respeito.

Como consegue ter amigos e apoiadores?

Infelizmente, nossas instituições têm muitos arrudas, dirceus, sarneys, malufs, anões, mensaleiros e complacentes com a mediocridade, com a incompetência e com a corrupção...

O ambiente é o fator determinante do nosso comportamento. (O Poder do Contexto - George P. Fletcher)

O ambiente de Brasília está tão contaminado que nossos políticos perderam completamente o senso de realidade.

Precisamos de gente nova no poder, sangue novo, pessoas sem ligações com os partidos atuais. Precisamos de pessoas bem intencionadas, pragmáticas, coerentes, com visão sistêmica e moderna, pessoas não vinculadas a dogmas de esquerda ou de direita, sem vínculos com seitas religiosas ou “nacionalismos idiotas”...

Pessoas evoluídas que sabem que não dá para se ganhar em detrimento de outros. O mundo é sistêmico. Recursos são limitados. Para continuarmos desfrutando o privilégio de estar aqui precisamos de uma nova mentalidade no poder.

Esta mudança acontecerá!

É inevitável.

O mundo converge para uma sociedade mais justa, mais digna, menos corrupta e menos desigual (apesar dos ‘ups and downs’ e da apatia de muitos).

A tecnologia está ajudando.

Cada vez mais, a informação de qualidade estará disponível e sem censura (apesar dos políticos retrógados, corruptos e manipuladores).

Vamos melhorar e os arrudas se tornarão políticos em extinção.

Todo processo de mudança começa com uma crença.

Segundo meu avô Caetano, uma andorinha só faz verão!

O que pode uma só pessoa fazer por uma sociedade gigante?

Segundo Ortega e Gasset “Produzir uma idéia mobilizadora”

Coragem!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Quando eu não estiver mais aqui, quem vai cuidar deles?


31 de Dezembro. Faltavam poucas horas para a virada do ano quando Walter iniciou uma discussão sobre a responsabilidade de ser pai e ter dependentes:

“Quando eu não estiver mais aqui, quem vai cuidar deles?”

Walter gerou muito polêmica com esta frase.

O que começou com uma preocupação sua, pessoal, virou uma discussão sobre o futuro e a continuidade da existência da humanidade...

“A maior herança que um pai pode deixar para seu filho é uma boa educação”.

Concordo. Nos dias atuais, boa educação é condição sine qua non para uma vida digna.

“Educar custa muito caro, muito caro”.

“A maioria dos pais não faz, e nunca pensou em fazer, um planejamento financeiro para prover educação de seus filhos. Na verdade, não planejam nada. Vão levando suas vidas... Simplesmente existem. Se movimentam como uma samambaia ao sabor dos ventos, inconsequentes e ignorantes bem intencionados como o Esteves sem metafífica, da Tabacaria de Fernando Pessoa.

“A maioria dos pais são ignorantes para entender que seu filho não é seu bichinho de estimação ou seu presente dos céus, e que seu filho não é ‘seu’... Filho é uma responsabilidade para com a espécie humana que nem todos têm a condição de assumir, apesar de ter direito...”

É verdade, esta responsabilidade vai ficar cada vez maior...

“A população da Terra está crescendo tanto que, um dia, mais cedo do que você imagina, este direito será questionado e ´regulamentado´... miseráveis, drogados não...”

Tá parecendo Gattaca...

“Luiz, não seja hipócrita. Final de ano. Este é o melhor momento para rever seus pressupostos...”

“Até quando você acha que a humanidade continuará existindo se não reconhecer que os recursos são limitados?”

“Preocupado com que vestir? Por que? Olhai para os lírios do campo...”

“Preocupado com o que comer? Por que? Olhai para as aves do céu...”

“Crecer e multiplicar... Até quando?”