segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Crianças pobres tornam-se adultos pobres?

A igualdade de oportunidades entre gerações é igual para pobres e ricos?

Esta “igualdade” varia entre os países?

Para responder a estas perguntas, Miles Corak, em 2006, publicou no Institute for the Study of Labor (IZA) (Alemanha), um artigo de 67 páginas intitulado: “Do Poor Children Become Poor Adults? Lessons from a Cross Country Comparison of Generational Earnings Mobility”.

Nos Estados Unidos, 50% das crianças nascidas de família de baixa renda tornam-se adultos de baixa renda.

No Brasil, segundo este estudo, a mobilidade é ainda menor: 55% das crianças de famílias pobres tendem a permanecer pobres!

No Peru, quase 65%...

Se olharmos a Noruega e a Dinamarca, em somente 15% dos casos, a riqueza ou pobreza dos pais afeta a condição futura dos filhos.

A igualdade de oportunidades entre gerações varia muito entre os países.

A pesquisa constatou que quanto maior a desigualdade social no país (medido pelo coeficiente de Gini) maior a chance das crianças pobres permanecerem na pobreza.

A pesquisa também mostrou que esta diferença de oportunidade entre os países se deve, em grande parte, à Qualidade da Educação fornecida a sua população (principalmente, a do ensino fundamental).

O problema não está no MONTANTE gasto pelo Estado com Educação, mas na estrutura do sistema e no desenvolvimento das capacidades cognitivas das crianças que lhes permitam aproveitar as oportunidades disponíveis. O Estado é responsável ! Educação de Qualidade é vital para a redução da desigualdade social e econômica.

E a família? Qual sua responsabilidade neste fenômeno?

Quais fatores levam crianças nascidas em famílias ricas tornarem-se adultos ricos e crianças nascidas em famílias pobres continuarem pobres?

Crianças pequenas recebem, de seu ambiente, estímulos que influenciam o seu desenvolvimento neural e isto definirá os limites das suas capacidades. As crianças criadas em famílias da faixa sócio-econômica mais alta são mais susceptíveis de serem expostas a um ambiente estimulante e colocadas num caminho mais vantajoso na vida com respeito à saúde, ao desenvolvimento cognitivo e às habilidades sociais.

Se o cérebro não recebe a estimulação ambiental necessária em certos períodos críticos, a janela de oportunidade se fecha e o desenvolvimento deixa de ocorrer.

A mensagem que tiro deste paper pode ser resumida em:

A ignorância perpetua a pobreza.

Quanto maior a desigualdade social num País, maiores as chances das crianças pobres tornarem-se adultos pobres.

A educação infantil é crucial para quebrar o círculo vicioso: pai pobre, filho pobre.

Quanto mais estimulante o ambiente familiar, maiores as chances da criança desenvolver-se e aproveitar as oportunidades para seu crescimento sócio-econômico.