sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Boas organizações são criações de seus participantes

Foram 13 dias caminhando.

Partimos de Pieterburen até chegarmos a Vorden. Fizemos 232 Km da trilha “Pieterpad”, que cruza a Holanda de Norte a Sul.

Todos as noites dormíamos em casas de famílias que destinam um ou dois quartos para quem faz esta trilha (tipo Bread & Breakfast para caminhantes). São acomodações cadastradas que você encontra no Guia de 163 páginas publicado pela Nivon. (infelizmente disponível somente em Holandês).

Na Holanda existem 40 Trilhas oficiais de Longa Distância (Lange Afstande Wandelpad, abreviação: LAW), sinalizadas, com guias ilustrados onde você encontra mapa por trecho, informações de cada região, endereço de acomodação etc.

Uma das maravilhas do primeiro mundo...

Caminhar na Holanda é uma maravilha: O país é plano, praticamente 30% fica abaixo do nível do mar. As trilhas são bem sinalizadas, mas você pode se perder se não ficar atento, principalmente nos pontos onde diferentes trilhas se cruzam. É muito seguro, as pessoas são atenciosas, a paisagem é linda, mesmo quando você cruza cidades. O ponto alto é a acomodação. Você dormirá, na maioria das vezes, em casas de aposentados cujos filhos se casaram e um ou dois quartos ficaram disponíveis. Eles adaptam a casa para receber “peregrinos”. O café da manhã é sempre muito bom e mais uma oportunidade de interação.

Em Hellendorn ficamos hospedados na casa de um casal supersimpático. Ele, nos “velhos” tempos era motoqueiro e adorava viajar. Eu disse que tinha um triciclo. Foi o começo de um longo papo que resultou num telefonema para o filho, que morava numa cidade vizinha, trazer sua moto para eu dar uma volta...

Em Schoonloo, quando cruzávamos uma fazenda, vi um avião da segunda guerra estacionado em frente de um casarão. Parei para conversar com o dono. Além de café com bolo, ganhei o direito de entrar no cockpit do avião tirar uma foto...

Numa outra cidade, fomos convidados a subir no telhado da casa para apreciar a vista da cidade...

Renda per capita, por si só, não é um bom indicador da qualidade de vida. Desenvolvimento de um povo e qualidade de vida de sua população incluem valores não mensuráveis como respeito e confiança no ser humano, cultura, amor ao trabalho, dignidade nas relações.

Em uma das casas que ficamos hospedados, ouvi um ditado que teve um impacto muito grande na minha maneira de ver as Instituições:

“Deus criou o mundo, nós, os Holandeses, criamos a Holanda”.

Ele tem toda razão.

Boas empresas (como ‘bons’ países) não acontecem por acaso.

São criações de seus participantes.

Parabéns a todas instituições cujos participantes, intencionalmente, trabalham para criar um ambiente melhor. Este é o caminho.

Participar. Sentir-se responsável.

Algumas fotos da nossa jornada: http://www.youtube.com/watch?v=ZIuSggOWnMg