Entre casas de tijolos e ruas mal pavimentadas,
Um bairro sufoca sob o peso do medo.
Olhos baixos, vozes sussurradas,
Os conformistas se escondem nas sombras.
Crianças brincam à beira do abismo,
Inocência roubada por balas perdidas.
Mães choram ao vivo e em cores na TV,
Sonhos despedaçados como vidro no asfalto.
Os adaptados dançam com o diabo,
Moral flexível, consciência adormecida.
Sobrevivem na zona cinzenta,
Onde vítima e bandido se confundem.
A fé, último refúgio dos desesperados,
Igrejas lotadas de almas perdidas.
Orações silenciosas pedem salvação,
Mas os céus parecem surdos ao clamor.
Um dia, o inferno se abre,
Fogo e sangue inundam as ruas.
Corpos se amontoam na praça central,
Inocência e culpa, lado a lado na morte.
A nação desperta, por um instante,
Chocada com a barbárie escancarada.
Palavras vazias ecoam nos palácios,
Enquanto mães choram seus mortos.
Mas amanhã, quem lembrará?
Quem lutará pela mudança real?
A essência do ser humano se perdeu,
Na selva de concreto e ganância.
Humanidade! Para onde caminhas?
Teus valores se esvaem como água entre os dedos.
No horizonte, vejo apenas trevas,
E espectadores silenciosos…
Montanari
01/11/2025




