segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Natal e meu avô Caetano



Tenho excelentes recordações de meu avô.
A mais recorrente é a nossa imagem caminhando num imenso pomar de mexerica polkan...
A mais relevante é a que me ocorre nesta época do ano...
No dia 24 de dezembro, logo cedo, após me levantar, antes do café da manhã, fazíamos um juramento. Mão esquerda no peito, mão direita levantada, como se estivéssemos num tribunal de filme americano, olhar solene como convém a dois sonhadores: “Eu, Luiz Carlos Montanari, juro não usar a palavra “eu” até amanhã na hora do almoço. Se assim o fizer, serei regiamente recompensado. Amém.”
Na verdade, o juramento era mais elaborado. Não podíamos usar o verbo na primeira pessoa. Para falar que estava com fome, eu tinha que dizer: “seu neto Luiz está com fome”.
Meu avô chamava este jogo de “pensar no outro”.
Ele dizia: “hoje é um bom dia pra gente aprender a olhar de fora para dentro”... Na época, eu não entendia o que ele estava dizendo.
     -       “E a recompensa, vô?”
-       “Quando você ganhar o jogo, vai descobrir qual é...” 
Muitos anos se passaram para que eu entendesse que “não somos o centro do Universo”. O Natal do meu avô, ateu, era cheio de simbolismo e culto à vida.
Muito antes das Casas Bahia, ele me ensinou que “Natal é todo dia”.
 Feliz Natal.