sexta-feira, 5 de março de 2010

Cocô de cachorro, banheiro público e o IDH. Insensatez?


Tive um sonho.

Sonhei que o país era dirigido por "brasileiros de coração", não por oportunistas, vivaldinos e bandidos de plantão.

O presidente, os governadores, os senadores, os deputados, os prefeitos, os vereadores eram todos pessoas bem intencionadas e tinham somente um objetivo em mente: "Transformar o Brasil no melhor lugar da Terra para se viver". Alinhamento total. Sem conflitos políticos no entendimento da missão deles de "servidores" do povo brasileiro.

O principal indicador de performance do país era o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. "Qualidade de Vida é o que importa". Toda criança, todo funcionário público, todo cidadão, se indagados, dariam a mesma resposta: "Estamos trabalhando para que o Brasil passe do 75o lugar no ranking mundial do IDH para o 1o lugar. Em apenas 20 anos!"

Todas as metas ligadas a Educação, Longevidade e Renda per Capita eram conhecidas e acompanhadas por toda a população. Todo cidadão sabia que tinha que fazer sua parte. Aqueles que não estavam alinhados eram rejeitados pela comunidade. Político oportunista ou incompetente era banido pelo próprio partido. A tolerância com a corrupção, com a criminalidade e com a cultura da mediocridade chegara ao fim.

O País do "jeitinho", O país da "Lei de Gerson", o país do "carnaval, do futebol e das mulheres de bunda fora", o país do "enriquecimento ilícito", o país das "igrejas caça-níqueis", o país do "me engana que eu gosto" estava fadado a dar lugar ao país que é "o paraíso na Terra".

Durante o sonho, comparações com outros países foi inevitável. O sonho virou um pesadelo.

Na Suíça encontrei praças públicas que tinham, a disposição das pessoas que passeavam com seus cachorros, sacos plásticos pendurados. O cachorro fazia cocô, o saco estava logo ali. Não há desculpas para não recolhê-lo.

No Canadá eu vi, num banheiro público, de rua, um cidadão enxugando a pia depois de lavar as mãos. A cultura dominante era: "Deixe como você encontrou, limpo! Outros irão usar este serviço".

Em vários países da Europa, encontrei, em todos os pontos de ônibus, o horário de chegada e saída, que era respeitado!

Na maior parte da Holanda, as casas não tinham muros, os jardins eram bem cuidados e a população não vivia com medo de ser assaltada a noite nos semáforos .

Na Suécia, o ciclo básico era de 9 anos, como o nosso, a diferença era que lá as crianças aprendiam e falavam inglês de verdade.

Na Universidade de Chicago, entrei numa sala enorme, vazia e que só tinha quadros na parede. Olhando mais de perto me dei conta que eram fotos de 73 professores, pesquisadores que por lá passaram e que tinham ganho o prêmio Nobel. (Isto só até o ano 2000). E no Brasil, nenhum prêmio Nobel, sala estava vazia, sem quadros na parede!!!

No Japão, assisti um documentário que relatava a ocorrência de 1 crime por semana. No Brasil 1 crime a cada 20 minutos... Lá 90% dos homicídios são solucionados, aqui menos de 5%... O comentarista disse com um sorriso nos lábios: "O país da impunidade tem como meta ser o 1o no ranking do IDH em 20 anos. Impossível... em 50 anos não estarão nem entre os 10 primeiros..."

Na Inglaterra, um menino de 14 anos comete um crime e vai para a cadeia como se fosse um adulto. Por aqui, um adolescente de 17 anos mata a vontade... Logo será liberado com a ficha limpa.

Acordei assustado e muito triste.

Por que razão não conseguimos acreditar que podemos mudar nossa realidade?

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